“O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever”, por José Saramago.

Às quatro da manhã, quando a promessa de um novo dia ainda vinha por terras da França, levantava-se da cama e ia para o campo, levando até a erva meia dúzia de porcas cuja fertilidade ele e a mulher se alimentavam.

Viviam desta escassez meus avós maternos, da pequena criação de porcos que depois do desmame eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga era o seu nome, na província do Ribatejo.

Eles se chamavam Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro de casa, eles recolhiam os leitões mais fracos das pocilgas e os levavam para a sua cama.

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