Notícias do JornalMaio, por Raquel Varela, 24-10-2025

Caros, trago notícias do JornalMaio, em 48 horas quase 5 mil subscritores, mais de 400 emails de trabalhadores de todas as áreas, jornalistas, escritores, técnicos a querer ser sócios, oferecer ajuda, é um bálsamo saber que há outro país, assim. Sem esta força não há jornal, vivemos do apoio de sindicatos e sócios. Também irá agora o novo número subir. Hoje mesmo irá para o ar o meu programa semanal com convidados em formato vídeo. E penso que o que traremos nesse programa é único sobre o que realmente significa para 5 milhões de trabalhadores a proposta de novo código de trabalho. Mas isso exigiu um dia inteiro de estúdio a várias pessoas.

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O Ministério não pode definir disciplinas, por Raquel Varela, 26 julho 2025

O Ministério não pode definir disciplinas. Nem nenhum governo. O Currículo deve ser nacional (não flexível) igual para todos (não diferente, consoante se vai para o ensino profissional, para gestão, filosofia, se se é trabalhador, progressista do Principe Real ou da Opus Dei e/ou do partido fascista Chega). Currículo é um assunto seríssimo, não é a família que manda nele nem o Ministério. É um assunto de ciências, artes, filosofia, e cultura que tem que ser definido por professores que elegem, com mandato revogável, associações científicas, por escola, região, até ter um grupo reconhecido, que o vai definir.

Currículos não mudam todos os anos, aliás a ciência é lenta (a paranóia da “inovação” esconde que os clássicos são o centro da aprendizagem). As metodologias activas a par das aprendizagens essenciais são o fim da linha, que faz do professor um entertainer. E da escola um depósito.

As adaptações curriculares devem ser raras e sempre por razões científicas, não ao serviço deste ou daquele Governo.

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O Governo é isto, por Raquel Varela, 18-7-2025

A política do Governo é expulsar a antiga classe média de trabalhadores, hoje proletariado, para os bairros sociais, e tirar dos bairros sociais, onde estão cerca de meio milhão de pessoas a viver, os trabalhadores migrantes da construção civil e limpezas, logística. Esta política é apoiada pelas leis aprovadas pelo PS, PSD, IL, e partido fascista Chega.
Não há nenhuma proposta do Governo, nem de nenhuma autarquia, para a habitação, nem para o SNS, vamos ter em breve milhares de pessoas a viver em barracas e um aumento crescente da mortalidade.

Todas as leis – não palavras – do Governo (e da UE, diga-se) são para construir casas de milhões, e garantir um mercado de doentes aos grupos CUF, LUZ, Lusíadas. Vejamos: a colocação, no mercado mundial, de solos e habitações de Portugal faz com que haja milhões de potenciais compradores para estas casas, sejam fundos imobiliários (e isto é outro nome para Bancos), seja na forma de poupança temporária de classe média do norte da Europa, que tem uma segunda casa aqui para apanhar sol, seja na forma de hotéis (exportação). O alojamento local tem o seu papel, mas não é o principal. O centro é que o país está literalmente à venda a quem tem muito mais. São estrangeiros (imigrantes ricos) com dinheiro e accionistas bancários com milhões.

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Flores, e não Cruzes – Padre José Martins Junior, por Raquel Varela, 13-6-2025

Muitos falarão do Padre que esteve junto dos pobres contra a hierarquia da Igreja, não é pouco, mas não é único. Recordarão o seu compromisso com a cultura, ensino da literatura, da poesia e da música. Referirão a sua dimensão política, há outros casos, maiores. Ele foi tudo isso mas foi mais.

Morreu o Padre Martins. Perdi um do grandes amigos de sempre. Estou abalada, triste e até incrédula, ainda. Portugal perde hoje – não tenho dúvidas – a figura central que condensa a revolução dos cravos. É um dos poucos portugueses que alcançou dimensão universal e que ficará na história, quando o tempo se encarregar de deitar fora a panóplia de vazios que inundam o espaço mediático.

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“A Revolução dos Cravos foi a mais profunda revolução social da Europa do pós-guerra até aos dias de hoje”, por Raquel Varela, 25-4-2025

A Revolução dos Cravos foi a mais profunda revolução social da Europa do pós-guerra até aos dias de hoje. O incrível tornou-se quotidiano. Portugal foi então, a par do Vietname, o centro do mundo. Naqueles 19 meses, de tantas lutas políticas – e sim a luta política é feita de embates, acalorados, dissensos frontais, programas abertamente distintos -, o traço claro deste novo país foi a participação de milhões de pessoas na vida política, social e cultural do país. Nunca tanta gente na história de Portugal decidiu tanto e nunca a política foi tão democrática. 

Podemos elencar aqui o fim da guerra colonial, o fim da ditadura, da censura, das prisões políticas, do partido único, centenas de fábricas ocupadas em autogestãos, as cooperativas, as nacionalizações de bancos, as greves de solidariedade, o ensino unificado, o serviço nacional de saúde, a segurança social… De repente havia um país.

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