A OCIDENTE, UMA DESOLADA PAISAGEM, por Viriato Soromenho Marques – DN

Vamos esquecer, por agora, que há uma guerra europeia que se pode tornar mundial. Por amor à disciplina do pensamento crítico, enfrentemos esta dolorosa pergunta: o que é o Ocidente e quais os seus valores atuais?

Comecemos pelos EUA, cuja perspetiva, seguindo as vozes autorizadas da Casa Branca e do Congresso, considera existir um saldo positivo desta guerra. O que está em causa não é, nem nunca foi, a vitória da Ucrânia, mas sim usar esse povo como aríete para enfraquecer a Rússia, de acordo com orientações estratégicas há muito públicas e publicadas.

Trinta anos a encostar a NATO às suas fronteiras, sobretudo na Ucrânia, levariam o Urso a acordar. Mas os EUA estavam em prontidão. As sanções, o ataque à exportação de petróleo e gás natural russos, o impedimento de mais oleodutos (sabotagem do Nordstream II), a fuga de cérebros, o fomento da instabilidade no Cáucaso, tudo isso já estava prescrito num vasto documento que mais parece uma declaração de guerra: James Dobbins et alia, Extending Russia. Competing from Advantageous Ground, Santa Monica, CA, Rand Corporation, 2019, 354 pp..

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