O Homem que fez tudo

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Com a Ditadura Militar, instaurada na sequência do golpe de 28 de Maio de 1926, Carlos Botelho Moniz assume a liderança da Câmara de Setúbal, cargo que desempenhará até 1930.

Alinhado politicamente com o novo regime e contando com o apoio dos comandos militares locais, Botelho Moniz, que conhece a realidade sociológica da cidade – com uma matriz fortemente operária de cariz ideológico libertário -, decide seguir uma estratégia de não afrontamento com as associações de classe. Para o efeito não hesita em tomar medidas populistas, em contraciclo com os afetos ideológicos da Ditadura Militar.

Junto do novo poder, ainda não totalmente consolidado, insinua-se como instrumento de pacificação da antiga “Barcelona portuguesa”, conseguindo apoios e ajuda financeira para os seus projetos. Apresenta-se como líder de um grupo de cidadãos que à margem da política conseguiu aquilo que aos políticos nunca foi possível. O discurso protofascista contra a incompetência dos “políticos” face à capacidade realizadora dos técnicos era bem evidente.

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