Até sempre, Portugal | Vítor Burity da Silva

Portugal é um país que me marcou profundamente. Desde a primeira vez que o visitei, fiquei encantado com a sua beleza, diversidade, cultura e história. Portugal é um país que tem de tudo: praias, montanhas, rios, cidades, aldeias, castelos, monumentos, gastronomia, vinhos, música, arte e literatura. Portugal é um país que sabe acolher os visitantes com simpatia, hospitalidade e generosidade. Portugal é um país que me fez sentir em casa.

Mas agora chegou a hora de me despedir. Depois de vários anos a viver e a trabalhar neste país maravilhoso, tenho de regressar ao meu país de origem. Não foi uma decisão fácil, mas foi necessária por motivos pessoais e profissionais. Sinto uma mistura de emoções: tristeza por deixar um lugar que me deu tantas alegrias e aprendizagens, gratidão por todas as pessoas que conheci e que me ajudaram, saudade por tudo o que vivi e que vou recordar para sempre, esperança por um futuro melhor para mim e para Portugal.

Não sei se algum dia voltarei a Portugal. Talvez como turista, talvez como residente, talvez como amigo. Mas sei que Portugal ficará para sempre no meu coração. Portugal é mais do que um país, é uma parte de mim. Por isso, não digo adeus, mas até sempre. Até sempre, Portugal.

Retirado do Facebook | Mural de Vítor Burity da Silva

A casa da mãe | Daniela Matos Leite

 A casa da mãe tinha toda a luz do mundo e era cálida quando a hora assim pedia. Quente no inverno e fresca no verão, assim era a casa. Entrada a primavera, revivia. Renascia. Chegávamos como se nunca tivéssemos partido. Qual vara de condão, o tempo parava a respiração. Na casa da mãe não havia dor ou morte, só trevos entrelaçados, alguns de quatro folhas, de mãos dadas com a música suspensa no ar coalhado de pássaros. Na casa da mãe havia euforia. Mãos e pés de danças nas tranças da cozinha e sestas e lanches à tardinha. Na casa não havia noite. Havia a luz, pássaros que bicavam ninhos nos beirais e não partiam. A grande casa continua a habitar o coração, mas a ausência esvaziou-a de mistério. 

Hoje está cheia de silêncio. Escura. Fechada. 

Sou essa casa.

Daniela Matos Leite, 

Palavras de Luz e Sombra, Poética Edições