Bento de Spinoza e Albert Einstein, em Nova Iorque, com a estátua da Liberdade ao fundo, por Marcos Bazmandegan

Esta imagem foi produzida por IA e foi-me cedida por Jorio Eduardo Maia. Ela representa uma conversa contemporânea entre Bento de Spinoza e Albert Einstein, em Nova Iorque, com a estátua da Liberdade ao fundo.

Ao lado, o símbolo do infinito e do tempo a servir de legenda para uma possível conversa sobre a temporalidade e o eterno.

Poderia ficar horas a olhar para esta imagem e a imaginar não só as conversas, mas também a analisar as atitudes de um para o outro. Primeiramente, admiração mútua. Depois, uma amizade fácil entre os que procuram a verdade e se guiam pela razão. Mas também um sem fim de afinidades de ordem pessoal, ambos descendentes de judeus, que em determinado momento das suas vidas se afastaram das práticas e crenças religiosas, sem com isso negar a sua pertença à civilização judaica. Depois a América, terra da liberdade e do livre pensamento, lugar natural e destino certo de ambos pensadores ávidos de liberdade individual. A estátua da Liberdade preside o encontro, ali podem falar e trocar ideias que muito poucos podem compreender profundamente.

Einstein procura as leis que regem a Natureza e a unidade que subjaz a tudo. Spinoza também, através do pensamento e da vontade de sistema. Spinoza é o homem da visão e do insight, Einstein escuta-o com respeito e admiração calada, há qualquer coisa de divino e de revelado no discurso dele. Spinoza enche Einstein de perguntas, sobre as suas teorias e descobertas, sobre os últimos dados da ciência e o que acha ele de tudo isso.

À volta, a cidade corre, frenética, a vida de todos os dias. No rio, num pequeno barco, alguns turistas fotografam a estátua, e tudo o mais acontece, sem que estes tomem conta do ocorrido. As suas mentes consideram todas as questões sub species eternitatis.

Spinoza vence Einstein em educação e gentileza, a ponto de Einstein por vezes se sentir mestre. Ambos estão de fato e gravata, mas poderiam estar de túnicas e turbantes que ia dar no mesmo. Quem sabe se Einstein está a falar dos resultados da física quântica e do seu desconcerto.

Imagino um Einstein aclamado e um Spinoza desconhecido. O sol começa a pôr-se e sente-se o frio do rio. Ambos voltam para suas casas, talvez nunca mais se encontrem. Einstein para um grande hotel da cidade, junto à catedral de São Patrício, e Spinoza para uma pequena pensão de classe média no bairro do Bronx, onde outros judeus habitam como na velha Amsterdão do séc. XVII.

Marcos Bazmandegan, 06-10-2023 | Retirado do Facebook

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