António Costa desmente Marcelo e deixa dois recados a Belém

Dois dias depois de o Presidente da República ter dito que António Costa lhe pediu para que se encontrasse com a Procuradora-geral da República, o primeiro-ministro demissionário veio agora desmentir Marcelo Rebelo de Sousa. E aproveitou para lançar uma farpa para Belém: “Em oito anos, nunca transmiti publicamente ou comentei publicamente aquilo que são as minhas conversas com o Presidente da República”. Aos jornalistas, durante a Comissão Nacional do PS, António Costa criticou ainda a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa em marcar eleições legislativas, acusando o Presidente da República de falta de “bom senso”.

“O Chega não existe para governar, o Chega existe para contestar, para perturbar” (António Costa)

TROPEÇAR NA PRÓPRIA ESPADA | Viriato Soromenho Marques | in DN 18-11-23

Se no futuro alguém escrever a História de 2023, é provável que os atuais acontecimentos portugueses nem mereçam uma nota miudinha de rodapé. Pelo contrário, merece toda a atenção o apuro em que se encontram os EUA, o aliado central de Portugal e maior superpotência militar mundial.

Como sempre acontece com todas as grandes potências em declínio, ocorrem dois fenómenos simultâneos: a) existe uma crença e aposta na força militar, como se este instrumento fosse também um fim em si próprio; b) a incompreensão da supremacia da política sobre a coação das armas, acaba por desperdiçar os próprios sucessos militares, levando ao fracasso dos objetivos estratégicos visados.

Um exemplo contemporâneo da ilusão sobre as virtualidades do poderio militar, concebido como separado de uma política prudente e realista, foi a conduta alemã na II Guerra Mundial. Quanto mais sucessos as forças armadas germânicas obtinham (consideradas as tecnicamente mais competentes da II GM), mais Hitler delas exigia.

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Eles não têm perdão! | por Carlos Matos Gomes

O eles são os israelitas. Como já foram os nazis. Os israelitas, os seus chefes, tropas e indivíduos não têm perdão pelo genocídio que estão a cometer. Não é uma questão de julgamento moral, é uma conclusão racional. E não é minha, é de uma filósofa judia: Hanna Arendt.

Em «A condição humana» Arendt tece várias considerações na caraterização do perdão. Ela sustenta que o perdão, assim como a promessa, só possui realidade num contexto de pluralidade, uma vez que se baseiam em experiências que ninguém pode ter consigo mesmo e necessitam de outros. Ninguém se pode perdoar a si mesmo. Para Arendt, a descoberta do papel do perdão tal como o entendemos nas sociedades ocidentais deve-se a Jesus de Nazaré, e ela atribui mais importância ao facto dessa descoberta ter sido feita no âmbito da vida em comum das comunidades do que ao contexto religioso. A relevância atribuída por Jesus Cristo radicaria, segundo Arendt, na experiência política da vida comunitária e resultaria da necessidade e não da moral. Perdoar está associado ao facto de que na vida em comum a ofensa, ao contrário do crime e do mal voluntário, é uma ocorrência quotidiana, e para a vida social ser possível, para que a vida possa continuar e para se restabelecer a teia de relações, é necessário o perdão, desobrigando os homens daquilo que fizeram, desde que com a disposição para mudar de comportamento e recomeçar com uma nova atitude.

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EDITORIAL | Verdad y justicia en Portugal | El País

18-11-2023 | La acusación de la fiscalía que hizo dimitir a António Costa y cuya gravedad rebajó el juez debe aclararse cuanto antes.

El 7 de noviembre una operación judicial contra la corrupción provocó la caída del Gobierno socialista portugués, sustentado por una mayoría absoluta elegida hace menos de dos años. La Fiscalía —que en Portugal tiene una autonomía y unas competencias mayores que en España— ordenó 42 registros, detuvo a cinco personas e informó de que el Tribunal Supremo investigaría al primer ministro, António Costa, para esclarecer su papel en la aprobación de dos explotaciones de litio y un gigantesco centro de datos en Sines, la mayor zona portuaria del país, promovido por una empresa que había contratado como consultor a uno de sus mejores amigos. El primer ministro dimitió de inmediato y, días después, pidió perdón por haber nombrado jefe de gabinete a Vítor Escária, uno de los detenidos, que guardaba 75.800 euros en sobres en su despacho. El presidente de la República decidió convocar elecciones anticipadas el 10 de marzo.

La estabilidad política asociada desde 2015 a la figura de António Costa se hizo añicos.

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