Laurencia Variation: Osipova, Krysanova, Godunova

Here a fascinating comparison of Laurencia Variation performed by Ekaterina Krysanova, Natalia Osipova, Evelina Godunova. Laurencia is a ballet made by Vakhtang Chabukiani to music by Alexander Krein, based on Lope de Vega’s Fuenteovejuna. Chabukiani created a new choreographic language by means of his own particular blend of folk dance and classical ballet. Laurencia was premiered in 1939 in the Kirov Theatre.

Portugueses Vivem em Permanente Representação | Eduardo Lourenço

Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranóia, exibição trágica, não aquela desinibida, que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós.

Os Portugueses não convivem entre si, como uma lenda tenaz o proclama, espiam-se, controlam-se uns aos outros; não dialogam, disputam-se, e a convivência é uma osmose do mesmo ao mesmo, sem enriquecimento mútuo, que nunca um português confessará que aprendeu alguma coisa de um outro, a menos que seja pai ou mãe…

Eduardo Lourenço, in ‘Labirinto da Saudade – Repensar Portugal (1978)’ | Foto de Alfredo Cunha

INVOCAÇÃO À NOITE, de Manuel Maria Barbosa du Bocage (15 de Setembro de 1765 – 21 de Dezembro de 1805) | Tétis, de Giovanni Jacopo Caraglio.

Oh deusa, que proteges dos amantes

O destro furto, o crime deleitoso,

Abafa com teu manto pavoroso

Os importunos astros vigilantes:

Quero adoçar meus lábios anelantes

No seio de Ritália melindroso;

Estorva que os maus olhos do invejoso

Turbem de amor os sôfregos instantes:

Tétis formosa, tal encanto inspire

Ao namorado Sol teu níveo rosto,

Que nunca de teus braços se retire!

Tarda ao menos o carro à Noite oposto,

Até que eu desfaleça, até que expire

Nas ternas ânsias, no inefável gosto.

in “Antologia de Poesia Erótica”, organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral, Dom Quixote, 2017, p. 58.

Tétis, de Giovanni Jacopo Caraglio.

TÓPICOS DA IMPRENSA | 22-12-2023 | VCS

1 – A cópia e o original, por Alexandra Leitão in Jornal Expresso

Os partidos democráticos têm de resistir à tentação de enveredar pelo caminho fácil do discurso agressivo que impossibilita qualquer diálogo construtivo.

Já escrevi várias vezes nas páginas deste jornal sobre o crescimento da extrema-direita racista e xenófoba, sobre as causas e as consequências desse fenómeno e sobre a forma como esses partidos têm alcançado o poder em vários países, pondo em risco a democracia, o respeito pelos direitos fundamentais e pelos direitos das minorias e o próprio Estado de Direito democrático.

Mas essa linha política ganha terreno sobretudo quando os partidos democráticos adotam o mesmo discurso, cedendo ao populismo e à demagogia, e começam a concorrer para a degradação da política, para a desinstitucionalização das relações entre os diferentes partidos e agentes políticos, para a perda da elevação na linguagem e no debate. Enfim, para a descredibilização da política e da democracia.

Este é um artigo do semanário Expresso. Para ler este artigo na íntegra clique aqui