O Futuro Existe, mas é necessário moldá-lo, por Carlos Matos Gomes

Esta seria uma boa altura para separar as águas entre os que propõem um futuro e os que propõem um passado. Para distinguirmos o que, embrulhado em assuntos de mercearia e mexericos, faz parecer que todos são iguais. Os democratas deviam falar do futuro e deixar os neonazis – que é do que se trata quando os enxaguamos como populistas – a falar do regresso ao passado. 

A propósito do que dizem os profetas no advento da época de peditório para recolha das boas vontades do povo. Comecemos por separar os profetas em duas classes, a dos que acreditam que o presente é um futuro que existe, porque vai existir e é racional preparamo-nos para ele, pensando e agindo; e a dos que amaldiçoam e denigrem o presente, propagandeando que o futuro é uma corrupção do passado e propondo que não raciocinemos, que acreditemos.

É vital para o futuro que os distingamos no que é essencial.

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Esperarei por ti | por Maria Isabel Fidalgo

Esperarei por ti até que a voz se cale

e a noite tenha a graça divina das estrelas.

São poemas com vida as esperas

se o canto desbrava o cacimbo 

e a transparência da harmonia

é um percurso afinado  de cigarras

a embelezar o que resta de mundo.

Canta e eleva o destino da música

esse farol de deleite desnudado 

onde Deus pode ressuscitar sem que haja morte.

Retrato/Pintura de Maria Isabel Fidalgo, de Autor desconhecido

O Neandertal em Nós | Revelando o último mistério de nossa origem

Dizia-se que ele era o ‘Primeiro Europeu’, nosso irmão místico da era do gelo. Ninguém sabe exatamente por que ele desapareceu há 30.000 anos. Foi em 1856 que os primeiros ossos deste homem pré-histórico foram descobertos na Alemanha. Desde aquela época, o Neandertal está cercado de mistério. Quanto dele ainda existe dentro de nós? Por mais de 13 anos, cientistas do Instituto Max-Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig têm trabalhado na decifração do genoma Neandertal. Direção: Tamara Spitzing, Jörg Müllner

Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades | Álvaro de Campos

E a mão de mistério que abafa o bulício 

E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe

Para uma sensação exacta e precisa e activa da Vida!

Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios

E que misterioso o fundo unânime das ruas.

Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde., ó Mestre.

Ó do ” Sentimento de um Ocidental” !

Que inquietação profunda, que desejo de outras coisas.

Que nem são países, nem momentos, nem vidas.

Que desejo talvez de outros modos de estados de alma

Humedece interiormente o instante lento e longínquo !

Um horror sonâmbulo entre luzes que se acendem.

Um pavor terno e liquido, encostado às esquinas

Como um mendigo de sensações impossíveis 

Que não sabe quem lhas possa dar…

Álvaro de Campos | (Desenho de Júlio Pomar)