Gouveia e Melo considera que protestos de rua dos militares “são inadmissíveis” | in SIC Notícias

Para o almirante, “as manifestações de rua [de militares], ou outro género de manifestações, criam instabilidade” e “não devem ser feitas nem permitidas, porque os militares são o último refúgio da estabilidade do país”.

Em entrevista à Renascença, o almirante Gouveia e Melo, falou sobre a possibilidade de eventuais protestos de rua por parte dos militares, caso o Governo aumente os subsídios de risco da PSP e da GNR e se esqueça das Forças Armadas.

Nestas declarações, Gouveia e Melo deixou ainda claro que se opõe a esse tipo de ações e considera que estas são “contra o próprio regime democrático”.

Sobre a justiça, ou não, da reivindicação dos militares, independente da existência de protestos, Gouveia e Melo frisou que “as reivindicações que os militares tenham, ou deixem de ter, são tratadas através do nível hierárquico, nos fóruns apropriados que a democracia tem”.

Confrontado com a pergunta se será este um sinal de radicalização, ou de populismo, no interior das Forças Armadas, o almirante preferiu não responder.

“Isso eu já não quero comentar”, referiu Gouveia e Melo acrescentando “o que quero lhe dizer é que as Forças Armadas são o último esteio da Nação. Como tal, não devem fazer nenhuma ação que comprometa não só a democracia como a estabilidade do país. E, portanto, nós – militares – não devemos ir para a rua…não faz parte da nossa missão, da nossa ética e da forma como nos devemos comportar em democracia”.

«Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975»: Irene Flunser Pimentel analisa autonomia do campo político português no período entre os dois “25”

«Devido a um acidente e a doença, António de Oliveira Salazar foi substituído, na presidência do Conselho de Ministros, por Marcello Caetano, por decisão do presidente da República, almirante Américo Tomás, em 27 de setembro de 1968. Após convocar uma reunião do Conselho de Estado, o presidente anunciou que, “atormentado” por “sentimentos afetivos de gratidão”, decidira exonerar Salazar e nomear Marcello Caetano. Salazar manteve no papel todos os poderes e honras, com direito de permanecer na própria casa oficial do presidente do Conselho, constando que ninguém se atreveu a dizer-lhe que já não dirigia o país.»

Assim principia, em setembro de 1968, e a poucos anos do golpe de Estado que nos abriria as portas para a democracia e possibilitaria a criação do Estado social, a liberdade de associação, pensamento, ação e mobilidade social, Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos – documento de leitura obrigatória em que Irene Flunser Pimentel revisita as principais instituições de poder erguidas quer entre os militares, quer entre os principais partidos políticos portugueses, durante o processo que se desenvolveu entre os anos finais da ditadura e o 25 de Novembro de 1975.

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