“SEM MEDO NÃO PODE HAVER FÉ!”, in O Nome da Rosa de Umberto Eco

“SEM MEDO NÃO PODE HAVER FÉ!”

Quando o abade cego pergunta ao investigador William de Baskerville: ′′Que almejam verdadeiramente?”

Baskerville responde: ′′ Eu quero o livro grego, aquele que, segundo vocês, nunca foi escrito. Um livro que só trata de comédia, que odeiam tanto quanto risos. 

Provavelmente é o único exemplar conservado de um livro de poesia de Aristóteles. Existem muitos livros que tratam de comédia. Por que esse livro é precisamente tão perigoso?”

O abade responde: ′′ Porque é de Aristóteles e vai fazer rir “.

Baskerville replica: ′′ O que há de perturbador no fato de os homens poderem rir?”

O abade: ′′O riso mata o medo, e SEM MEDO NÃO PODE HAVER FÉ. Aquele que não teme o demónio não precisa de Deus”.

Um incrível trecho de “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco!

EDUARDO LOURENÇO | A literatura não tem uma função. É um efeito do que somos de mais misterioso.

“A literatura não tem uma função. É um efeito do que somos de mais misterioso, de mais enigmático e ao mesmo tempo de mais ambicioso. Penso que, de todas as artes, a que revela o que a Humanidade é de mais profundo e absoluto é a música. A literatura é uma música um tom abaixo. Não se explica, não é da ordem do conceito como a filosofia. É natural que os homens reservem à literatura a sua maior atenção. A literatura é o nosso discurso fantasmático, absoluto. Todas as culturas se definem pela relação com o seu próprio imaginário. A encarnação dele é a literatura.”

— EDUARDO LOURENÇO (São Pedro de Rio Seco, Almeida, 23 de Maio de 1923 – Lisboa, 1 de Dezembro de 2020), pensador, professor e ensaísta, em entrevista ao Público, de 31 de Julho de 2017, na íntegra em bit.ly/2SoqVKY, se for assinante.