EUA: ENTRE MANIPULAÇÃO E IMPARCIALIDADE HOMÉRICA, por Viriato Soromenho-Marques

Uma das mais dolorosas aprendizagens durante estes mais de três anos de guerra na Ucrânia tem sido a de confrontar-me com o trágico declínio da honorabilidade académica e do brio intelectual, tanto nas instituições universitárias como nos meios de comunicação social. 

É com tristeza que tenho acompanhado o modo como professores, investigadores e jornalistas têm violado o imperativo de “imparcialidade homérica”, expressão cunhada por Hannah Arendt para definir uma virtude específica da tradição espiritual do Ocidente: a capacidade de analisar com objetividade a realidade, a natureza das situações, e os motivos dos agentes coletivos e individuais, mesmo no quadro de conflitos violentos. 

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Banco de Portugal: guerra tarifária tem “impacto negativo relevante na economia portuguesa”, in DN, 20-03-2025

Num cenário de incerteza “máxima” e grandes incógnitas para os investidores, guerra comercial global combinada com degradação da previsibilidade pode tirar 1,1% ao PIB português em três anos.

“O indicador global de incerteza das políticas económicas atingiu valores próximos dos máximos históricos no início de 2025, o que por si só poderá limitar o crescimento da atividade mundial” e o investimento privado, mas para já o crescimento da economia portuguesa ressente-se apenas de forma muito ligeira, abrandando de 2,3% este ano para 2,1% no próximo, prevê o Banco de Portugal (BdP), no novo boletim económico, divulgado esta quinta-feira.

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Onze Contos Malditos, de Hélio Brasil, por Adelto Gonçalves

A voz dos excluídos. Em seu derradeiro livro, Helio Brasil reconstrói, com uma linguagem dura, sem adornos, o mundo violento da periferia carioca.

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    Depois de lançar o romance A Pele do Soldado (Rio de Janeiro, Editora Mauad X), em 2022, Hélio Brasil volta a mostrar que continua em plena forma como ficcionista, ao publicar Onze Contos Malditos (Rio de Janeiro, Editora Lacre, 2024), obra em que, “na flor da idade, com seus noventa anos”, reúne textos “nada suaves, mas realistas, trágicos e, às vezes, chocantes”, como observa, com acerto, o escritor e advogado Gilberto Moog no texto de apresentação. 
    Este lead já estava pronto quando veio a notícia infausta: o autor faleceu dia 14 de março de 2025, sexta-feira, no Rio de Janeiro, aos 94 anos, deixando vasta obra que inclui livros de contos, novelas, romances e memórias, especialmente sobre o bairro carioca de São Cristóvão, onde, praticamente, sempre morou.  

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