Na calçada de Copacabana, Rio de Janeiro

Retirado do Facebook | Mural de “Carioca sem Filtro”

Não sei ao certo se essa foto foi tirada nos anos 60 ou já no comecinho dos 70. Mas também… será que faz tanta diferença assim? Porque o que ela carrega não é apenas um registro de tempo — é um jeito de viver que parece cada vez mais distante. A calçada de Copacabana, com suas ondas em preto e branco, ainda está lá. Mas as pessoas… ah, as pessoas já não andam assim.

A moça que caminha no primeiro plano não está fazendo pose. Ela só está vivendo. Não tem preenchimento labial, nem lente nos dentes, nem celular na mão. O cabelo está preso com simplicidade, a bolsa balança leve, o short de cintura alta abraça a silhueta sem exageros. Não tem nada gritando por atenção — e, talvez por isso mesmo, tudo nela se destaca. A beleza não está na tentativa. Está na naturalidade.

Essa época tinha um quê de encanto silencioso. As mulheres eram femininas sem precisar forçar, os homens se encantavam com gestos pequenos, e ninguém vivia preso à validação de curtidas ou comentários. Tinha vaidade, claro, mas era um outro tipo de vaidade — mais elegante, mais singela. As pessoas se arrumavam pra si, e talvez também pra alguém, mas não pra um público anônimo. Não era sobre mostrar o que não se tem. Era sobre carregar com dignidade o que se é.

Copacabana, naquela época, parecia combinar mais com o ser humano. O mar era o mesmo, o calçadão também. Mas existia algo no ar, nos olhares, nas roupas, no ritmo da vida… que hoje virou quase relíquia. E, mesmo que a cidade tenha mudado, mesmo que a estética seja outra, essa imagem segue provocando a mesma coisa em quem sente saudade de um tempo que talvez nem tenha vivido — mas que reconhece, com o coração, que era mais bonito.

Porque ali, naquela sombra suave projetada no chão, ainda ecoa um mundo onde menos era mais.

Onde andar de cabeça erguida — com graça, com leveza, com feminilidade — era o suficiente pra ser inesquecível.

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