A tese dos dois Estados  |  Um com chuva e outro sem chuva | por Carlos Matos Gomes

A proposta da ONU, aceite pela comunidade internacional, da coexistência de dois estados na Palestina, após a saída da Inglaterra do vespeiro ali criado após a II Guerra, com a conjugação de interesses do movimento sionista mundial, dos Estados Unidos e da União Soviética, um estado judeu e um estado com o remanescente de palestinianos, foi, desde o início, um logro do género de introduzir uma espécie infestante num dado território — eucaliptos, por exemplo — atribuir uma leira de terra como reserva indígena (carvalhos, ou sobreiros) — e esperar que ambas as culturas convivam em boa paz, que os infestantes respeitem os limites dos autóctones e estes se sintam muito agradados com a invasão. A comparação serve também para os peixes achigãs, vindos do Canadá e lançados nas barragens, que devoraram as espécies indígenas.

É com este conto para pobres de espirito que desde há sete décadas tem sido justificada violência de Israel, eles estão a defender o seu estado: invadindo. O tal estado democrático, o que em termos de interesses estratégicos, de violência e desrespeito pelos direitos dos outros nada vale. Curiosamente, têm sido os ditos estados democráticos — um regime particular desenvolvido na Europa e nas circunstâncias específicas que são conhecidas — que mais invasões têm efetuado nos dois últimos séculos.

Continuar a ler