Opinião, “O partido da guerra à beira de um ataque de nervos”, por Major-General Carlos Branco, in DN, 9 Junho 2025

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Fortunato

No rescaldo dos recentes ataques ucranianos às bases aéreas russas, várias personalidades próximas de Trump vieram a terreiro manifestar a sua opinião sobre o perigoso momento em que se encontra a humanidade como, por exemplo, o ex-mentor de Trump Stephen Bannon e o ex-conselheiro de segurança nacional Mike Flynn, refletindo ambos pensamentos muito próximos.

Numa recente mensagem colocada no “X”, Flynn alerta para a atuação de quem se encontra por detrás dos acontecimentos em curso e que empurram os EUA para uma confrontação militar de larga escala, com a Rússia. Dos vários aspetos abordados na referida mensagem, um merece particular atenção.

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Entre a “estratégia integrada” de Montenegro e as seis lições de Marcelo, in DN, 6 Junho 2025

Luís Montenegro tomou posse e o PR exaltou a vontade popular que o escolheu, sublinhando que, avaliado “o desempenho” durante 11 meses, os portugueses “não acharam que se justificasse” uma punição.

https://www.dn.pt/pol%C3%ADtica/entre-a-estrat%C3%A9gia-integrada-de-montenegro-e-as-seis-li%C3%A7%C3%B5es-de-marcelo

In “A Televisão”

Decorreu esta quinta-feira, dia 5, no Palácio Nacional da Ajuda, a tomada de posse do XXV Governo Constitucional.

“A estabilidade política é uma tarefa de todos”

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, no seu discurso da tomada de posse, referiu que é uma “enorme honra” assumir o “compromisso de continuar a servir Portugal”.

“A estabilidade política é uma tarefa de todos”, defendeu o chefe do Governo.

“Vamos ao trabalho, pelo nosso futuro, pelo futuro das famílias portuguesas. Vamos ao trabalho pela vida e pela dignidade, por cada português. Vamos ao trabalho por Portugal”, referiu.

Rui Rio anunciado mandatário nacional de Gouveia e Melo volta a falar em reforma da Justiça, in DN, 31 Maio 2025

Candidato presidencial fez o anúncio surpresa num jantar esta noite de sábado. Ex-líder do PSD ainda fez críticas indiretas a Marcelo. | Ricardo Simões FerreiraDN/Lusa

O antigo presidente da Câmara do Porto e do PSD Rui Rio é o mandatário nacional da candidatura de Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República.

O anúncio foi feito pelo próprio candidato este sábado à noite num jantar que está a decorrer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. O nome de Rui Rio foi declarado por Henrique Gouveia e Melo e o ex-líder do PSD entrado na sala de seguida, sob aplausos.

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Gouveia e Melo: “Mais do que nunca, precisamos de um Presidente da República diferente”, 29 Maio 2025, in DN

Antigo chefe do Estado-Maior da Armada e coordenador da taskforce para a vacinação contra a covid-19 apresentou a sua candidatura presidencial na Gare Marítima de Alcântara. Leonardo Ralha

Henrique Gouveia e Melo defendeu, na apresentação da sua candidatura ao Palácio de Belém, que “agora, mais do que nunca, precisamos de um Presidente da República diferente”. Num discurso sem direito a perguntas, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, o almirante que já foi chefe do Estado-Maior da Armada e coordenador da vacinação contra a covid-19 enumerou características como ser “capaz de unir, motivar e dar sentido à esperança”, mas também “estável, confiável e atento, acima de disputas partidárias e fiel ao povo que o elegeu”.

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Lobby lusófono no Conclave?, por Leonídio Paulo Ferreira, in DN, 23-04-2025

Portugal desempenhou um papel de grande importância na História do catolicismo, basta pensar que o país hoje com maior número de católicos é o Brasil e que aquele percentualmente mais católico é Timor-Leste. Some-se a isto, se ainda houver dúvidas, que metade dos 30 milhões de cristãos da Índia são católicos e muitos têm nomes de família como Fernandes, Dias, Pinto, D’Silva ou D’Souza ou sublinhe-se o uso do português na liturgia dos “cristãos ocultos” japoneses. A par dos espanhóis, foram os portugueses os grandes responsáveis pela expansão global da influência dos papas, e isto num momento em que na Europa Ocidental o seu tradicional domínio era desafiado pelas teses de Lutero.

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Paul Krugman: “Será que viriam turistas, trabalhadores remotos, investidores, se Portugal fosse fascista?”, in DN, 21 Abr 2025

Economista recorda “o país atrasado” que conheceu na década de 70, “a economia retrógrada, sem infraestruturas, pobre”. Hoje diz estar “muito contente” por se ter alcançado a liberdade e democracia.

“Será que os turistas viriam, os trabalhadores remotos viriam, investimento estrangeiro viria se Portugal fosse fascista?”, questionou Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008, e orador principal da conferência do Banco de Portugal (BdP) que decorre esta segunda-feira, no Museu do Dinheiro, em Lisboa, na semana em que se celebra o Dia da Liberdade, 25 de abril.

Krugman, norte-americano e nascido em Nova Iorque, em 1953, conheceu Portugal em 1976 (tinha 23 anos) como estudante de pós-graduação do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

O balanço que faz deste meio século desde que se fundou a Liberdade é que, “apesar das preocupações que ainda existem”, dos “desafios”, das “ameaças” e da “grande imprevisibilidade do mundo atual, a começar pelo meu País”, Portugal “é uma história realmente feliz, tornou-se uma democracia bem sucedida”.

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Santuário destaca marcas profundas que Francisco deixou em Fátima, in DN, 21 Abr 2025

O Santuário de Fátima, onde o Papa, que hoje morreu, esteve por duas vezes, uma das quais para canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta, destacou a devoção de Francisco à Virgem e as marcas profundas que deixou na Cova da Iria.

“Fátima chora o falecimento do Santo Padre. Francisco sempre foi um devoto expresso de Nossa Senhora e, na Cova da Iria, deixou marcas profundas”, referiu o santuário numa nota publicada no seu sítio na Internet, através da qual também se salienta que “estabeleceu com a Cova da Iria uma ligação muito estreita”.

https://www.dn.pt/internacional/morreu-o-papa-francisco

“Gama, Albuquerque e Magalhães tinham grandes capacidades de chefia, tenacidade, coragem e resiliência”, in DN, 29-03-2025

Historiador José Manuel Garcia vai dar segunda-feira uma conferência na Vidigueira sobre o descobridor do caminho marítimo para a Índia. Iniciativa é da Câmara Municipal e do Ministério da Cultura.

Vasco da Gama é associado a Sines, mas também à Vidigueira. Qual o papel destas duas terras alentejanas na vida do grande navegador português?

Sines e Vidigueira tiveram a maior relevância na vida de Vasco da Gama. Sines porque foi a sua terra natal, pois nasceu no castelo provavelmente em 1466. Foi essa mesma vila que em 1499 ele pediu ao rei como recompensa do feito extraordinário de ter descoberto o caminho marítimo para a Índia. D. Manuel I prometeu doar-lhe Sines em 24 de dezembro de 1499, mas infelizmente ele não pode ficar com a vila porque D. Jorge, governador da Ordem de Santiago, se opôs a tal doação.

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Os desencontros da paz na Ucrânia, por Major-General Carlos Branco, in DN, 22-03-2025

Teve lugar, no dia 11 de março, em Jeddah, na Arábia Saudita, um encontro entre delegações norte-americanas e ucranianas para discutirem a paz na Ucrânia, marcando, assim, o início de um processo diplomático, que se espera conduza à paz. A conclusão mais relevante que saiu desse encontro foi o anúncio de um cessar-fogo temporário, de trinta dias, que passou a dominar as atenções de quem segue o tema. 

Convém, antes de mais, sublinhar que os objetivos definidos pelas partes envolvidas no conflito se encontram muito distantes. São, por enquanto, irreconciliáveis. É importante perceber onde residem as dificuldades nesse caminho de aproximação dos litigantes, antes de se discutir a utilidade do cessar-fogo e os problemas que lhe estão associados. 

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Sobre os tempos políticos de incerteza, por José Luís Carneiro, in DN, 26-03-2025

1 À luz dos dados vindos a público, nomeadamente neste jornal, e que serão apresentados no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), Portugal terá condições para continuar a estar entre os países mais pacíficos do mundo.

A criminalidade geral participada terá descido 4,6% relativamente a 2023 e a violenta e grave terá tido subido 2,6%. Uma das menores subidas dos últimos dez anos. E terá diminuído o número de homicídios. Ora, olhando para os números da mesma tipologia de crimes, em 2024 houve menos 62.542 crimes gerais participados do que em 2004 e menos 7482 crimes na criminalidade grave. Importa sempre lembrar que os fluxos humanos em direção ao nosso país têm vindo a aumentar muito significativamente: 19,4 milhões de hóspedes estrangeiros. A que acrescem os fluxos de estudantes internacionais, investidores e cidadãos migrantes. Mais vida nas nossas vilas e cidades.

É devida, pois, uma palavra às forças e aos serviços que contribuem para estes resultados, em tempos de especial exigência.

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João Duque: “Vejo dois blocos enormes a crescer e a apertar a Europa no meio. É um rolo compressor”, in DN, 22 Mar 2025

O mundo mudou em poucas semanas e trouxe sérios desafios. E o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), João Duque, põe o dedo numa das feridas: o país terá de decidir qual vai ser a sua contribuição para o rearmamento da Europa.

A crise política, que resultou na convocação de eleições antecipadas, desencadeou logo, na primeira hora, alarme no setor empresarial. É negativa para a economia, disseram os empresários. Por que é que as empresas portuguesas estão tão dependentes dos ciclos políticos? Há países europeus que vivem com relativa facilidade estas incertezas.

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Advogado do Porto regista marca “Movimento Gouveia e Melo Presidente” em nome do almirante, in DN, 12-03-2025

“Movimento Gouveia e Melo Presidente” é a marca que já foi registada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A notícia foi avançada pela CNN Portugal e confirmada pelo DN, sendo que foi apresentada por a 27 de fevereiro de 2025 por Hugo Telinhos Braga, um advogado do Porto, que coloca como titular da marca o próprio almirante Henrique Gouveia e Melo.

Se dúvidas existissem, este é mais um sinal que o ex-chefe do Estado-Maior da Armada vai mesmo avançar para as eleições Presidenciais que vão realizar-se em janeiro de 2026. Até ao momento, Gouveia e Melo ainda não assumiu a candidatura e prometeu para breve um esclarecimento sobre o assunto.

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Isaltino Morais. “O mercado da habitação vai estar muito pior daqui a cinco anos”, in DN, 06-03-2025

O autarca de Oeiras considera que o poder político não quer resolver o problema da habitação em Portugal. E sublinhou que a nova lei dos solos contém uma “veia neoliberal” que só pensa nos privados.

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, considerou hoje que a nova lei dos solos contém uma “veia neoliberal” do PSD que “pensa que os promotores privados podem resolver o problema da habitação em Portugal”.

O autarca de Oeiras, que falava no decorrer da Conferência Habinov 3.0, organizada pela Nova SBE, disse que “tal como a lei ficou não vai ter impacto absolutamente nenhum”.

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A Europa e a decadência, por Jaime Nogueira Pinto, in DN, 08-03-2025

Por vezes a resposta à realidade desagradável é ignorá-la; outras vezes é passar a tratá-la ao modo de Cruzada contra o Mal, o mal absoluto, contra o qual vale tudo; e nessa narrativa alternativa, concentrar tudo o que possa contraditar a realidade, usando argumentos laterais, colaterais, formais, por importantes que sejam, mas fugindo ao cerne da questão.

É este o juízo que me parece mais próprio, vendo o alheado agitar, esbracejar e passarinhar dos líderes europeus para longe do centro da intriga (o almejado fim do conflito Rússia-Ucrânia), perante a nova Administração americana e o seu dilúvio diplomático e executivo.

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A Rússia pode mesmo invadir-nos?, por Pedro Tadeu, in DN, 08-03-2025

A Rússia talvez venha, politicamente, a vencer a guerra com a Ucrânia mas, na verdade, não a conseguiu vencer militarmente, tal como, aliás, em sentido inverso, a NATO com o seu apoio às tropas do presidente Volodymyr Zelensky também não conseguiu vencer, ao fim de três anos, a Rússia.

Passado este tempo andar a dizer ao povo que a Europa (União Europeia e Reino Unido) precisa urgentemente de se rearmar para fazer frente a uma ameaça russa só não é uma falácia ridícula porque a sua aceitação generalizada, como parece estar a acontecer, a transforma numa iminente tragédia coletiva.

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Aprender com as artes, por Guilherme d’Oliveira Martins, in DN, 04-03-2025

Dedico esta crónica a Maria Luísa Guerra, minha Mestra, sempre.

António Carlos Cortez acaba de publicar uma antologia intitulada Artes e Educação, na qual diversos autores portugueses escrevem sobre a importância da dimensão criadora na Educação. Estamos no coração da aprendizagem, e a referência às Artes não se reporta a um aspeto marginal na vida da Escola e da educação, mas à procura de uma formação capaz de promover a cidadania ativa, responsável e competente. Carlos Fiolhais recorda Rómulo de Carvalho, professor, cientista e poeta, quando afirmava que o artista e o cientista “desempenham na sociedade o mesmo papel de construtores, de descobridores, de definidores: um do mundo de dentro, outro, do mundo de fora. (…). E que ambos esses mundos exigem a permanente busca, a orientada investigação que em nossos dias, é considerada apenas apanágio da ciência”.

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“O capitalismo entrou há muitos anos naquilo a que chamo ecocriminalidade”, Steven Braekeveldt, entrevistado por Leonídio Paulo Ferreira, in DN, 01-03-2025

Steven Braekeveldt foi oito anos CEO do Grupo Ageas Portugal. Reformado, vive de novo na Bélgica natal e tem-se dedicado à escrita. Numa vinda a Portugal conversou com o DN sobre o estado do mundo.

É belga, cidadão de um dos países fundadores da UE. Como vê o modelo social europeu hoje?

Deveria ser um objetivo dos europeus defendê-lo, mas não é. Podemos facilmente ver que o sistema, não só na Europa, mas em todo o mundo, está a deixar de funcionar. Se olharmos para a Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, foi excelente o que se fez. Estávamos a construir um sistema de segurança social para termos pensões, assistência médica, educação. Avançamos para 2025 e o que se vê? Olhemos para Portugal. O serviço nacional de saúde está a quebrar. Como acontece na maioria dos países da Europa, a educação é para poucos felizardos. E a qualidade está a cair. E não há um país que tenha dinheiro para pagar as pensões no futuro.

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Opinião | A Europa tem de acreditar em si própria | Victor Ângelo, in DN, 14-02-2025

Precisei de repetir mil vezes, ao longo de décadas, que a legitimidade e a autoridade obtidas em resultado de uma vitória eleitoral têm limites. A democracia, por mais limpas que sejam as eleições e por maior que seja a percentagem de votos obtida pelos vencedores, deve ser exercida dentro de um quadro de valores éticos e de um sistema institucional claramente definido pela Constituição do país. Vencer é assumir a responsabilidade de proteger a dignidade de todos os cidadãos, promover a equidade e o progresso, respeitar o estado de direito e a lei fundamental, e representar com credibilidade o país no domínio da cooperação externa. O dirigente que não veja o seu papel sob esse prisma, que tente vender a ideia de que a vitória lhe permite fazer tudo e mais alguma coisa, colocando-se acima da lei, comporta-se desde logo como um ditador. Se estiver à frente de uma grande potência, é igualmente uma ameaça francamente preocupante para a estabilidade e a paz entre as nações.

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É altura de gerir o Turismo como merece, antes que seja tarde demais, por João Rodrigues Pena, in DN, 04-02-2025

Com o fim da pandemia em 2022, o turismo voltou de forma explosiva, dirigido em particular para certos destinos. O conceito de overtourism já existia, mas é nessa altura, com o crescimento vertiginoso dos afluxos e da oferta de alojamento que realmente ganha expressão.

Definido pela OMT como “o impacto do turismo num destino, ou em partes dele, que influencia excessivamente a perceção da qualidade de vida dos cidadãos e/ou a qualidade das experiências dos visitantes de uma forma negativa”, o overtourism é hoje um fenómeno absolutamente consensual, cujos efeitos nefastos são visíveis e combatidos em cidades como Barcelona, Veneza, Dubrovnik ou Amesterdão, ou em pequenos territórios como Santorini, Islândia, Bali ou Koh Samui.

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Trump, o clarificador, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 17-01-2024

As palavras de Trump sobre uma eventual expansão dos EUA, por compra ou imposição, para o Canadá, Gronelândia e Panamá, causaram sobressalto na UE. A maioria dos analistas europeus de geopolítica assemelha-se àqueles estudantes de Medicina que não suportam a visão de sangue…

Não há impérios benignos. Trump não rompe com a vontade de hegemonia norte-americana, antes lhe pretende determinar um novo e não menos arriscado caminho. Assume o saldo desastroso de quase três décadas de deriva intervencionista de Washington, sob o mito de um “mundo regido por regras” (impostas pelos EUA, sem a elas se sujeitarem). Um caminho que colocou os EUA num distante segundo lugar como potência industrial, provocando um imenso caudal de guerras e sofrimentos que nos trouxeram à beira da III Guerra Mundial.

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Perguntas sobre o Natal. 1 | Anselmo Borges, in DN, 03-01-2025

Já estamos no ano de 2025 em todas as partes do mundo – desejo a todos um 2025 com saúde, paz, boas realizações… -, mas quantos tomaram consciência de que a data se refere ao nascimento de Jesus?

Precisamente por causa do Natal, muitas pessoas vêm ao meu encontro com perguntas, e nesta e na próxima crónica tentarei dar respostas ainda que breves, por vezes até com algumas repetições.

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2025: Ano da Clarificação, José Luís Carneiro, in DN, 01-01-2025


Entramos hoje no ano de 2025. Na equipa do DN, saúdo todos os jornalistas enquanto esteios vitais da nossa vida democrática. Por força de muitos dos acontecimentos vivenciados nos últimos anos, 2025 pode ser decisivo na definição da futura ordem internacional, quer no plano político, quer no plano económico. E no plano interno, também haverá clarificação política.

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Com a esperança certa, um Ano Novo melhor, por João Oliveira, 28-12-2024, in DN

Quero despedir-me do ano velho e apontar a perspectiva de um Ano Novo melhor. Mas quero fazê-lo com o sentido real da esperança que brota das circunstâncias em que transformamos a realidade que vivemos.

Escolho despedir-me de 2024 e encarar 2025 com a referência do 50.º aniversário da revolução do 25 de Abril e com a experiência das suas profundas transformações sociais, económicas, culturais e políticas.

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Entre vontade de viver e vã glória, por Viriato Soromenho Marques, in DN, 14-12-2024

Para quem contemple a vertigem bélica que percorre o mundo, com toda a sua pletórica e nua crueldade, milhares de milhões de vidas arriscam-se na tensão entre duas formas de vontade, identificadas desde a aurora da modernidade: a “vontade de conquistar” (Maquiavel) e a “vontade de viver” (Hobbes). As armas nucleares criaram um clube de países com um poder de destruição inédito na história. A partir do momento em que deixa de existir o monopólio dessa arma, esse poder deve ser obrigatoriamente acompanhado de maior responsabilidade, pois um confronto entre potências nucleares, levado aos limites, implicaria o absurdo de uma guerra só com derrotados: uma destruição mútua assegurada” (MAD) dos contendores, e possivelmente da maioria da espécie humana.

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Soares e o novo rapto da Europa, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 08-12-2024

Imagino muitas vezes o que Mário Soares pensaria sobre este tempo que nos é dado viver, aparentemente contrário a toda a esperança. Um século depois do seu nascimento, reaprendemos como todas as vidas são incompletas, pois finita é a condição humana, mesmo quando o sonho é grandioso.

Tive oportunidade de testemunhar, o modo como o seu caráter se manteve intacto, apesar da metamorfose do mundo decorrer na direção oposta ao que ele, como socialista e estadista, sempre desejou. Soares possuía as três qualidades fundamentais que Max Weber identificava na vocação política: “paixão, sentido da responsabilidade e capacidade de avaliação”. Mas a dominante era a primeira, a paixão, essa força singular de, mesmo mergulhado em perigosa incerteza, soltar aquele “no entanto!”, começando logo a antecipar uma possibilidade de mudança positiva, em sinais, para os outros, quase invisíveis.

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O negócio da guerra a criar excêntricos todos os dias, por João Oliveira, in DN, 07-12-2024

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, sugeriu o uso de uma fracção dos gastos na Saúde e nas Pensões para o orçamento da Defesa.

Isto não é uma gaffe. O  que foi sugerido foi mesmo o sacrifício das verbas destinadas à Saúde ou às Pensões para aumentar os montantes destinados às despesas militares. E ainda acrescentou que os governos terão de dar explicações se não fizerem tal opção.

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A lição de Eça sobre a América, por Viriato Soromenho-Marques, 09-11-2024, in DN

Em 1866 fundeava no Tejo o couraçado de duas torres blindadas USS Miantonomah, comandado pelo almirante John Colt Beaumont. A sua missão era a de levar uma mensagem de saudações do presidente Andrew Johnson ao czar Alexandre II. No ano seguinte, os EUA comprariam à Rússia o vasto território do Alasca pela módica quantia de 7,2 milhões de dólares.

Este acontecimento inspirou ao jovem Eça de Queiroz a escrita de um breve artigo, tendo o nome do navio como título, publicado na Gazeta de Portugal, em 2 de dezembro desse ano. São de Eça algumas das mais profundas meditações sobre a América efetuadas em língua portuguesa. Elas foram, para mim, uma espécie de boia salva-vidas na corrente impetuosa de disparates que submergiram os canais televisivos na noite eleitoral da esmagadora vitória de Trump nas eleições norte-americanas.

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A convergência em alternativa ao ódio, por João Oliveira, in DN, 03-11-2024

O discurso que procura virar portugueses contra imigrantes, incitando ao ódio e ao conflito social entre quem partilha, no dia a dia, dificuldades semelhantes, não é um discurso inocente. É o discurso de quem procura impedir a convergência que pode ser construída a partir de soluções comuns para problemas também eles comuns.

Vias seguras e legais para as migrações. Rejeição das discriminações e combate à instrumentalização das migrações pelos grandes interesses económicos. Investimento em condições adequadas de integração social. Respeito pelos direitos sociais e laborais como direitos universais.

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O futuro seria uma boa ideia, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 03-11-2024

O desfecho das eleições nos EUA não irá alterar a colisão das nações do Atlântico Norte com a dureza do destino esculpido pelos seus próprios erros. Em 30 anos, Washington protagonizou todos os pesadelos que as suas maiores figuras históricas consideravam fundamental evitar. Contra os autores de O Federalista (1788) – um dos 10 livros obrigatórios de filosofia política do Ocidente -, a categoria republicana da representação parlamentar, que deveria ser preenchida por um escol, eleito na base da honra e do intelecto, está hoje entregue a gente que faz do Congresso um lugar onde as leis são compradas e vendidas (John Rawls dixit).

Contra F. D. Roosevelt (presidente entre 1933 e 1945), voz infatigável a favor da justiça económica e social como escudo contra o risco de fascismo (que ele temia em caso de regresso à concentração capitalista anterior ao crash de 1929), hoje, nos EUA campeia uma plutocracia obscena que tudo controla, desde a comunicação social ao sistema político, incluindo as eleições (veja-se como Kamala e Trump se encostam ao apoio dos bilionários).

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De que tem medo a Europa?, por Bernardo Ivo Cruz, in DN, 28-10-2024

Na semana passada teve lugar uma conferência na Universidade de Coimbra, onde membros dos Governos dos 10 países que aderiram à União Europeia em 2004 celebraram as últimas duas décadas. E as histórias e as memórias destes últimos 20 anos na Europa Central e de Leste são muito semelhantes ao nosso próprio processo de adesão onde, ultrapassando as suas diferenças, o PS de Mário Soares, o PPD de Sá Carneiro e o CDS de Freitas do Amaral, trabalharam juntos para garantir que Portugal estaria alicerçado nas tradições democráticas e de economia social de mercado da Europa Ocidental.

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O Homem: questão para si mesmo. 11 – Máquinas com consciência?, por Anselmo Borges, in DN, 19-10-2024

O que diz alguém, quando diz “eu”? Afirma-se a si mesmo como sujeito, autor das suas acções conscientes, centro pessoal responsável por elas, alguém referido a si mesmo, na abertura e em contraposição a tudo.

Mas há observações perturbadoras. Por exemplo, pode acontecer que alguém adulto, ao olhar para si em miúdo, se veja de fora, apontando como que para um outro: aquele era eu, sou eu?

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A Paz não pode ser uma língua morta, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 19-10-24

A atribuição do Prémio Nobel da Paz à organização japonesa Nihon Hidankyo revela, por entre o “som e a fúria” que varre o mundo, um Comité Nobel ainda capaz de visar o essencial. Os derradeiros sobreviventes japoneses de Hiroxima e Nagasáqui foram escolhidos, não como tributo retrospetivo, mas por serem os únicos seres humanos que já viveram o inferno para onde toda a Humanidade será empurrada se continuarmos por este caminho abissal.

Há qualquer coisa de justificadamente desesperado neste prémio. Ela consiste numa tentativa de revelar ao auditório mundial, pelas consequências, aquilo que ele não parece conseguir apreender pelo conhecimento das causas. E esse auditório não é a massa dos milhares de milhões de seres humanos para quem a luta diária para sobreviver e cuidar dos filhos já é suficientemente épica. Estou a referir-me aos milhares de decisores – por esse Ocidente fora, sobretudo na velha Europa – sentados, distraidamente, nas cadeiras do poder.

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OLIVENÇA | Nuno Melo acusa líder do PS de negar legitimidade de Portugal, in DN, 14-9-24, por Artur Cassiano, foto de Nuno Veiga/Lusa

Ministro da Defesa alega que opinião manifestada foi repetida “como presidente do CDS” e lembra que PS, em 2012, pediu ao MNE que fosse travada “megaprodução” que festejava a anexação de Olivença.

O que diz a história diplomática? Que “em 20 de novembro de 1815  foi  assinado o Tratado de Paz entre a Áustria, Grã-Bretanha, Prússia e Rússia com a França, em que se estipulou que Portugal receberia dois milhões de francos como indemnização pela guerra sustentada contra a França. Pelo artigo 105 do acto final, ficou consagrado o direito da Coroa Portuguesa ao território de Olivença e outros territórios cedidos à Espanha pelo Tratado de Badajoz. Apesar da resistência inicial a Espanha acabaria por ratificar o tratado  em 7 de maio de 1817”. 

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Brasil e Portugal: uma parceria que o passado uniu e o presente reuniu, por Raimundo Carreiro Silva, in DN, 03-09-2024

Há 202 anos, no dia 7 de setembro de 1822, o Brasil nascia como nação independente pelas mãos de ninguém menos que Dom Pedro, herdeiro do trono de Portugal. O príncipe português chegara ao Brasil em 1808, juntamente com a família real, transferida ao Rio de Janeiro na esteira das Guerras Napoleónicas na Europa. Em 1821, com o retorno de D. João VI a Lisboa, coube a Dom Pedro, já na qualidade de príncipe-regente, a missão de administrar o Brasil.

O que se deu na sequência, no entanto, seguiu roteiro distinto: precipitaram-se os acontecimentos e D. Pedro proclamou a Independência, tornando-se imperador do Brasil, com o nome de D. Pedro I.

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Portugal no espelho do terramoto, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 31-08-2024

Todos os sismos em Portugal evocam o Terramoto de 1755. A reconstrução de Lisboa expõe a ação excecional daquele que seria imortalizado como Marquês de Pombal. A recente discussão sobre a ausência de legislação e fiscalização adequadas para prevenir o pior, quando se repetir um megassismo em Lisboa, ajuda a perceber o motivo por que uma tão grande parte da elite nacional recusa, alergicamente, estudar o legado da ação política de Pombal.

É impossível resumir o que fez Sebastião José pelo país nos 22 anos como Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino, o equivalente atual ao cargo de primeiro-ministro (1755-1777). Já nem menciono o percurso anterior como diplomata e Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra (1738-1755). Mas a sua liderança na reconstrução de Lisboa manifesta o seu estilo singular de governação, grandioso na luz, excessivo na sombra.

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A história fantástica de Lamine Yamal, o herdeiro de Pelé batizado por Messi, por Carlos Nogueira, in DN

Filho de pai marroquino e mãe nascida na Guiné Equatorial, Yamal é a nova pérola do futebol mundial. Passou dos iniciados para os juniores, num salto nunca antes visto no Barcelona.

24 462 dias separam dois recordes. A 19 de julho de 1958, Edson Arantes do Nascimento, que o mundo conheceu como Pelé, tornou-se no mais jovem de sempre a marcar por uma seleção na fase final de uma grande competição com apenas 17 anos e 244 dias. A 9 de julho de 2024, a marca foi batida por Lamine Yamal com apenas 16 anos e 262 dias. Foram precisos 66 anos entre o início da lenda brasileira, com o golo ao País de Gales nos quartos de final do Mundial da Suécia, e o feito da estrela emergente do futebol, que na terça-feira marcou pela Espanha à França nas meias-finais do Euro 2024.

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”Um desejo coletivo de morte para o mundo”, por Viriato Soromenho-Marques, in DN, 6/7/24

O título deste artigo foi retirado do mais importante discurso de John F. Kennedy (JFK), proferido em 10 de junho de 1963. Nele, o presidente dos EUA enunciou um conjunto de medidas conducentes ao desanuviamento das relações entre Washington e Moscovo, de modo a evitar a III Guerra Mundial. Em outubro de 1962, os dois Estados estiveram à beira de um confronto nuclear direto, numa situação limite que ficou conhecida como a Crise dos Mísseis de Cuba.

Durante duas semanas, o planeta baloiçou no precipício do holocausto nuclear. Não surpreende que JFK, depois de ter superado essa crise existencial, tenha procurado extrair lições do acontecido, visando prevenir a repetição de uma situação semelhante.

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Uma perspetiva pessoal sobre a nossa perigosa amnésia | Viriato Soromenho-Marques, in DN

Os leitores que têm a gentileza de visitar as minhas crónicas sabem que nestes mais de dois anos de guerra na Ucrânia, envolvendo quatro potências nucleares, tenho alertado, com veemente urgência, para o risco crescente de sermos engolidos num abismo da destruição bélica. Os motivos para isso parecem-me residir na mistura de soberba e amnésia por parte do Ocidente, isto é, dos EUA e da multidão de Estados europeus que se apresentaram ao seu serviço. Soberba, por terem pensado que a Rússia poderia ser tratada como uma potência de segunda categoria. Amnésia, porque na sua conduta, dão sinais de terem esquecido as lições que impediram a Guerra Fria de ter conduzido à III Guerra Mundial.

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Cristina Campos: “A fidelidade está sobrevalorizada” | por Cristina Campos | in DN

Finalista do prémio Planeta 2022, o romance “Histórias de Mulheres Casadas” põe em cena quatro mulheres comuns, que, em determinado momento das suas vidas, querem algo mais do que um casamento morno e confortável. Entrevistámos a autora, a espanhola Cristina Campos.

Não têm a altivez trágica de Anna Karenina ou a sede hedonista de Emma Bovary mas, nem por isso, as protagonistas do romance de Cristina Campos, Histórias de Mulheres Casadas, estão imunes à herança de culpa que a sociedade faz pender sobre o desejo feminino. Ou sobre a falta dele, se o leito é conjugal.

Finalista do Prémio Planeta 2022, este livro reúne quatro mulheres da Barcelona de hoje, unidas pelo facto de todas amarem os respetivos maridos, sem que isso as impeça de pensar sobre o que realmente querem ou mesmo de se sentirem atraídas por outras pessoas. Por vezes, um olhar ou um toque são quanto basta para abrir uma clareira de possibilidades: “E se eu ousasse?” Mas, com ela, vem também um poço de recalcamento e culpabilização.

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“As pessoas vêem Israel como um Estado ocupante e não como um país democrático”, Nabil Abuznaid, embaixador da Palestina em Portugal | in DN

Em entrevista por email, Nabil Abuznaid, embaixador da Palestina em Portugal, espera uma mudança do Hamas para que este possa vir a aderir à Autoridade Palestiniana.

Que balanço faz dos três meses decorridos desde os atentados terroristas de 7 de outubro?
Após três meses da mais sangrenta guerra e destruição, não houve solução. Até as esperanças de paz diminuíram. Isto diz-nos que a paz entre a Palestina e Israel não pode ser alcançada através de guerras e que não há solução militar para este conflito. A única via é a das negociações pacíficas entre ambas as partes, e a única forma de Israel poder viver em segurança é se os palestinianos puderem viver em paz e com dignidade num Estado próprio chamado Estado da Palestina.

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