Palestrina: Tu es Petrus, Frederico Lourenço

No mesmo ano em que, em Lisboa, era publicada a primeira edição de «Os Lusíadas» (1572), era publicada em Roma a colectânea musical de outro Luís, o maior génio musical que alguma vez pisou o chão do Vaticano: Giovanni Pier Luigi da Palestrina (que por sinal nasceu, ao que parece, no mesmo ano em que nasceu Luís de Camões: 1525).

Nesta coletânea, veio a lume uma obra coral intitulada «Tu es Petrus». Descobri-a quando eu era ainda adolescente; e lembro-me de ir à antiga Valentim de Carvalho (antes do incêndio do Chiado) encomendar a partitura desta obra, de tal forma eu a amava e queria ver as notas musicais no papel.

A música desta peça – na sua absoluta simplicidade e na sua simples absoluteza – parece ter a marca de Deus, tal como o «Benedictus» da Missa Solemnis de Beethoven ou outras grandes obras da música sacra. Parece ser uma mensagem de Deus à humanidade.

Em Junho de 2010, quando eu tinha chegado ao fundo do abismo de um luto avassalador e já não aguentava mais viver, houve um fim-de-semana crítico em que eu estava sozinho em Coimbra, sem nada a que recorrer. E lembrei-me de «Tu es Petrus» de Palestrina; e fui vasculhar na confusão de CDs desorganizados em minha casa para ver se eu tinha essa obra. Tinha. Ouvi-a dezenas de vezes seguidas. E salvou-me.

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