Gilles Deleuze fala-nos da possibilidade de uma dupla leitura na obra de Spinoza, por Marcos Bazmandegan

Gilles Deleuze fala-nos da possibilidade de uma dupla leitura na obra de Spinoza. A primeira é a leitura sistemática, que procura a ideia de conjunto do seu pensamento. A outra, a leitura afetiva, que sem procurar uma ideia de conjunto, detém-se num ou noutro detalhe da sua vida e do seu pensamento.

Elas são complementares. Esta possibilidade, particularmente a afetiva, faz com que Spinoza seja um filósofo tão apreciado entre os não-filósofos, fazendo dele um filósofo peculiar. Iremos encontrar muitos admiradores de Spinoza no mundo da literatura, da música, da arte, etc. Spinozistas não-filósofos, que admiram a sua vida e pensamento, aplicam-no, na medida da sua compreensão, à vida e ao trabalho que fazem.

No mundo da filosofia, o caminho da leitura sistemática é o mais preconizado. Contudo, o exíguo tempo que implicitamente nos é estabelecido para cada pensador da longa História da Filosofia, faz com que, de Spinoza, apenas umas luzes muito gerais, confusas e intrigantes sejam apresentadas. Spinoza leva tempo, disponibilidade, dedicação. Por isso, no mais das vezes, a leitura sistemática só é possível em paralelo com outros estudos ou em dedicação completa no fim dos mesmos. O spinozista filósofo geralmente fez esse caminho. 

De qualquer das maneiras, filósofo ou não, o spinozista não é, primordialmente, uma enciclopédia sobre Spinoza, mas alguém que fez do seu pensamento a sua filosofia prática. 

Retirado do Facebook | Mural de Marcos Bazmandegan

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