“Educar à Maneira Dinamarquesa”, de Jessica Joelle Alexander

A empatia é ensinada nas escolas da Dinamarca desde o início da década de 1990. É uma disciplina obrigatória, na qual todos são incentivados a partilhar, a colocarem-se no lugar do outro. Ali aprende-se a lidar com as emoções, a enfrentar a vida em sociedade de modo positivo e a construir com segurança o caminho para a felicidade. Autora do livro “Educar à Maneira Dinamarquesa”, publicado recentemente em Portugal, Jessica Joelle Alexander partilha com a SIC Notícias os temas centrais deste “guia prático para educar crianças confiantes e autónomas, à semelhança das pessoas mais felizes do mundo”.

https://sicnoticias.pt/pais/educacao/2025-11-09-a-licao-dinamarquesa-educar-com-empatia-para-criar-criancas-felizes-244ba67a

THE ISLANDER, ativos russos congelados, in Helder C. Vieira/Facebook e POLITICO

Se Bruxelas se apropriar dos ativos russos congelados, não será apenas um crime, mas o golpe final na ordem financeira do pós-guerra. O pretexto legal é risível. A cobertura moral desapareceu. O que resta é roubo — puro e simples, político, irreversível, disfarçado de papel timbrado da Comissão Europeia.

De Wever, o primeiro-ministro belga, recebeu o detonador. Se ele aprovar a apropriação dos ativos, a Euroclear se tornará um cenário de crime. E a Europa, outrora um continente construído sobre tratados e confiança, se tornará a guardiã de capital mais perigosa do mundo. O Fundo para a Ucrânia, criado para financiar Kiev até 2027, já está se esgotando. Dos € 50 bilhões prometidos inicialmente, restam apenas € 18 bilhões.

Continuar a ler

SENADO DOS EUA ANULOU TARIFAS DE TRUMP, por João Gomes

O Senado norte-americano aprovou, por 51 votos contra 47, uma resolução para anular as tarifas generalizadas impostas por Trump a mais de uma centena de países. A decisão – apoiada inclusive por quatro senadores republicanos – representa um claro desafio ao atual presidente e à sua política económica fortemente protecionista.

Embora a medida ainda precise de aprovação na Câmara dos Representantes e possa ser vetada por Trump, o voto no Senado envia um sinal político poderoso: há crescente resistência dentro dos EUA à guerra comercial global e ao aumento de custos para consumidores e indústrias.

Continuar a ler

MAMDANI MENOS – MAMDANI MAIS, por João Gomes/Facebook

Há vitórias que valem mais do que o cargo conquistado. A eleição de Zohran Mamdani como primeiro muçulmano a liderar Nova Iorque é uma dessas. Não é apenas a escolha de um prefeito – é um símbolo político e cultural que ecoa muito além das fronteiras da cidade.

Num país que, durante décadas, olhou com desconfiança para a comunidade islâmica, sobretudo após o “esquema” do 11 de Setembro, ver um homem com raízes em Uganda e na Índia, filho de imigrantes, ocupar o cargo máximo da cidade mais emblemática dos Estados Unidos é um marco histórico e moral. Nova Iorque, tantas vezes espelho das contradições americanas, mostra agora o seu rosto mais cosmopolita e maduro.

Continuar a ler

LUTERO – 508.º aniversário das Teses de Lutero – 31 de outubro de 1517, por Carlos Esperança

Há 508 anos, Martinho Lutero enviou as famosas 95 Teses anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, Arcebispo de Mainz, tornando-se este monge agostiniano na principal referência da Reforma Protestante.

Ter posto em causa dogmas da Igreja católica e, sobretudo, a autoridade do Papa, foi a heresia que fez mais pelo progresso e pela emancipação do pensamento do que todas as verdades aceites até aí.

Continuar a ler

NOTAS SOLTAS, Carlos Esperança

Guerra nuclear – Há quem prefira a morte dos que odeia à vida dos que ama. E só uma insurreição mundial impedirá a competição nuclear! Normalizados os ensaios da Coreia do Norte, o regresso da Rússia e dos EUA, está a encontrar abúlica a opinião pública.

Palestina – Há, nas democracias que resistem, quem rejeite os dois Estados e sustente a guerra, que só terminará com a eliminação de Israel ou o genocídio dos Palestinos. Não há ali bons e maus, só maus. E quem recusa o direito internacional e a ONU.

EUA –Trump, enquanto aguarda o Nobel da Paz/2026, apoia Netanyahu na invasão de Gaza, vai afundando barcos e tripulantes da Venezuela, por suspeita de transportarem droga, prepara a invasão militar do País e lança o caos nas relações internacionais.

Continuar a ler

“Encantar a Vida”, in Facebook

No início de 1946, um navio trazendo crianças libertadas dos campos de concentração atracou na Suécia. Naquele porto cinzento, envolto por um frio que parecia vir de outro mundo, voluntários esperavam com cobertores, leite quente e sorrisos contidos. O ar estava impregnado de uma esperança cautelosa — um respiro tímido após anos em que respirar fora um ato de resistência.

Entre aquelas crianças, havia um menino que não falava havia meses. Os olhos, fundos e desconfiados, guardavam memórias que nenhuma infância deveria conter. Seu pequeno corpo era uma fortaleza de silêncio — o silêncio dos que viram o indizível.

Uma enfermeira ajoelhou-se diante dele. Nas mãos, trazia um urso de pelúcia simples, gasto, sem brilho — e, ainda assim, um gesto de ternura num mundo que parecera esquecer o que era ser humano.

O menino o observou sem mover um músculo. O tempo pareceu se suspender sobre o cais. Então, devagar, como quem ensaia a própria existência, ele sussurrou uma única palavra:

— Danke.

A enfermeira sentiu as lágrimas correrem livres enquanto o envolvia em um cobertor quente. Aquela palavra — tão pequena, tão frágil — carregava o peso do renascimento. Era o eco da vida que insistia em voltar, da alma humana despertando das cinzas.

Ao redor, o porto parecia vibrar em silêncio. O som suave das ondas misturava-se ao primeiro sussurro de um novo tempo. Uma voz infantil havia retornado ao mundo — e com ela, a promessa de que, mesmo diante do abismo, o espírito humano permanece invicto.

À procura da estrela perdida, por Cristina Branco

Há um tom sépia na memória do universo, como se cada átomo que nos compõe tivesse sido revelado numa fotografia antiga, manchada pela luz das supernovas. Os cientistas recordam-nos: somos feitos de poeira de estrelas. Mas essa verdade, tão austera no laboratório, torna-se súbita ternura quando lembramos que também nos apaixonamos por partículas da mesma estrela, reencontradas, por acaso, num olhar ou num gesto.

O corpo é a partitura, o cabelo o fio ténue onde ressoam memórias cósmicas. Cada átomo da queratina, forjado em sóis desaparecidos, traz consigo um passado mais vasto que o tempo humano.

E, ainda assim, é no encontro íntimo que essa herança ganha cor: quando duas pessoas se tocam, não são apenas corpos, mas fragmentos de galáxias que, finalmente, se reconhecem.

«les étoiles se cachent dans nos silences»,

Continuar a ler

UM “URSO” BEM ARMADO, por João Gomes in Facebook.

Há, ainda hoje, quem no espaço público ocidental insista em pintar a Rússia como um “tigre de papel”: um país enfraquecido, isolado, condenado a ruir sob o peso das sanções. Essa narrativa, porém, colide cada vez mais com os factos. O lançamento do míssil hipersónico Zircon, agora filmado junto à costa da Síria, é mais do que um teste: é uma demonstração deliberada de capacidade e de vontade.

Continuar a ler

Pronto, passei-me. Esgotou-se-me a paciência, Paulo Querido, 30-9-25

O PS, se acaso conseguisse travar aquele acordo da imigração (o que é no mínimo extremamente duvidoso, porque o PSD não quer ter nada a ver com o PS, está há anos, para não dizer décadas, a bramir contra o socialismo, na sua guinada à direita), estaria a colocar mais um prego no seu caixão.

O PS precisa de mais rua. O PS precisa de renovar o seu tecido dirigente. Se não o fizer, está a colocar mais um prego no seu caixão.

Continuar a ler

Late Jacob Rothschild, born in 1936, was the son of Victor Rothschild, 3rd Baron Rothschild.

Late Jacob Rothschild, born in 1936, was the son of Victor Rothschild, 3rd Baron Rothschild. Educated at Eton and Christ Church, Oxford, he joined the family bank, N M Rothschild & Sons, in the 1960s. However, internal disputes about the firm’s direction led him to part ways in 1980, marking a significant break with tradition. Rather than following the conventional Rothschild path, Jacob sought independence, establishing his own investment ventures. This decision highlighted his determination to forge a unique identity while remaining tied to the family’s financial heritage. His departure from the family bank is remembered as a bold move that redefined his legacy within the storied Rothschild dynasty.❤⚜️

TRADUÇÃO

Continuar a ler

Mulher nua, mulher vestida, September 8, 2025, Manuel S. Fonseca

É mesmo ali, na Argélia e Marrocos. Há uma mulher nua outra decentissimamente vestida. A mulher nua está livre, em plena rua, a mulher vestida despejada na prisão.

A mulher nua vive em Sétif, cidade argelina de predominância cabila (berbere). A mulher nua é uma estátua erguida numa fonte de Sétif. De seios lindos, coxas expostas, ousada e inocente nesse requebro com que se senta: os habitantes de Sétif orgulham-se dela.

Mas às notórias forças vivas do islamismo repugna toda a iconografia. Por isso, Aïn el-Fouara (Fonte Que Jorra), como se chama essa mulher de mármore, é atacada com regularidade e ferocidade: a martelo, a explosivos, a cinzel. Os islamistas apostam em apagar da face da terra todos os ídolos e, há um mês, a picareta de um fundamentalista destruiu-lhe o belo rosto, quebrou-lhe um ombro e torturou-lhe os seios. Uma orquestrada campanha nas redes sociais e mesquitas, quer despedaçar essa mulher – um estudioso islâmico propôs cobri-la (uma burka?) – mas os orgulhosos cabilas de Sétif teimam em defender a mulher cuja nudez se derrete em água fresca.

Continuar a ler

Centeno na despedida. “Não há vergonha em ser europeu”, in Observador, 29/9/2025

Que bom seria para Portugal ser o próximo Presidente da República! (vcs)

Não devemos ter vergonha de ser europeus, pelo contrário“, defendeu Mário Centeno, num discurso que deverá ser o último como governador do Banco de Portugal. Num evento que comemora os 10 anos do Mecanismo Único de Resolução, em Lisboa, o (ainda) governador afirmou, perante uma audiência internacional, que “a Europa tem sido, nos últimos anos, o maior pilar de estabilidade em todo o mundo“, acrescentando que nem perante a maior crise económica do século (a crise pandémica) nem perante o surto inflacionista “alguma vez a estabilidade financeira esteve em causa“.

Mário Centeno focou-se em temas europeus, neste discurso em inglês, mas lembrou que Portugal foi, talvez, o país que mais sentiu na pele, até agora, a importância de ter um mecanismo de resolução comum. Numa referência implícita às resoluções do Banco Espírito Santo (BES) – que ocorreu ainda antes da entrada em vigor, de forma plena, do mecanismo europeu de resolução bancária – e, também, do Banif, Centeno lembrou que Portugal foi um dos países onde o “sistema foi testado” e “mostrou capacidade” para reagir.

Continuar a ler

AO QUE NÓS CHEGÁMOS, José Pacheco Pereira, Público, 27/09/2025 

“O exemplo de Isaltino mostra como é possível confrontar com sucesso esse mundo de mentira, violência, e aquilo a que se chama na ópera braggadocio.

Nestas eleições, como em geral em toda a actividade política, não há qualquer movimento ascendente em política que não seja o populismo dominado pela questão central do combate à imigração. A sua expressão política é o Chega, que domina toda a vida política, o discurso político, a agenda mediática, os debates, e as campanhas eleitorais em grande parte do país. Apesar de ser um partido bastante minoritário — teve menos de um quarto dos votos nas eleições legislativas de 2025, o que nem sempre é lembrado —, tudo o que “mexe” em Portugal acontece à volta do Chega.

Continuar a ler

Chega: sexo, mentiras e Deus, (Paulo Pena, in Público, e Estátua de Sal, 28/09/2025)

A mobilização da extrema-direita nos EUA, no Brasil e em Portugal é enigmática. Dois filmes e o livro Por Dentro do Chega revelam como a religião e as redes sociais são aproveitados.

Numa pequena cidade dos EUA, um contabilista obeso morreu subitamente no seu cubículo de trabalho. No seu funeral estavam apenas a mulher e os filhos, que mal o conheciam. O homem vivia em frente ao computador e falava pouco. Nessa mesma noite, longe da família enlutada, houve outro funeral. “Ajax”, a personagem que o contabilista protagonizava num jogo de computador, foi homenageada por milhares de pessoas, no mundo inteiro, que nunca viram o contabilista solitário, não sabiam quem era ou onde morava. Esse funeral foi épico, com amigos, aliados, inimigos e adversários, que celebravam os feitos heróicos de Ajax naquele jogo. Afinal, qual era a “vida” realmente importante do homem que morreu? Na realidade ou no jogo?

Esta história é contada por Steve Bannon, o antigo conselheiro de Donald Trump, que dirigiu a sua campanha vitoriosa em 2016, no filme American Dharma, de Errol Morris (2018). Bannon argumenta que o “destino” (dharma) da vida de milhões de pessoas está vazio — e pronto a ser preenchido por quem o saiba compreender.

Continuar a ler

Donos da Impresa negoceiam “participação relevante” com o grupo MFE, da família Berlusconi, in Expresso

Acionistas maioritários da Impresa estão a negociar com a italiana MFE a sua entrada no capital da empresa que detém a SIC e o Expresso

A Impresa, dona do Expresso e da SIC, poderá vir a contar com um novo investidor na sua estrutura acionista: a Impresa revelou em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que o seu acionista maioritário, controlado pela família Balsemão, está em negociações exclusivas com o grupo MFE – Media for Europe, da família Berlusconi.

Continuar a ler

Kronos e Kairos, Maria Helena Manaia

Para designar o tempo, a antiguidade grega distinguia duas palavras: Kronos, o tempo sequencial tal como hoje o entendemos, que pode ser medido, repartido em horas, dias, meses, anos; e Kairos, definido como um momento indeterminado, existencial, em que algo de especial  acontece.

Segundo a mitologia, Kronos seria um ser de três cabeças que teria dado  origem ao universo, ordenado em terra, mar e céu; e Kairos estaria intimimamente ligado a Atena (sabedoria) e Eros (amor), ao tempo psicológico, à beleza cristalizada de cada momento, ao ser sem devir.

Continuar a ler

Recomendação/sugestão do Admin: visitem periodicamente estes 24 links (vcs)

Os textos colocados de outros autores NÃO REFLECTEM necessariamente as opiniões do Coordenador.

Todas as imagens, poemas e textos colocados neste site são retiradas da internet. Se tem direitos autorais sobre qualquer um deles e não pretende vê-los aqui publicados, envie-nos um email para  viplano@hotmail.com e imediatamente será retirado.

Vítor Coelho da Silva, Proprietário/Administrador

“Hoje, um menino de 7 anos me disse que eu não servia para nada.”, por Maria Helena, Profª

Retirado do Facebook | Mural de José Rafael Trindade Reis

“Hoje, um menino de 7 anos me disse que eu não servia para nada.”

Assim começou meu último dia como professora primária em uma escola pública.

Sem ironia. Sem raiva. Apenas uma voz indiferente, como se estivesse comentando sobre o tempo.

— Você não sabe fazer TikToks. Minha mãe diz que pessoas velhas como você já deveriam se aposentar.

Eu sorri. Aprendi a não levar para o lado pessoal.

Mas mesmo assim… algo dentro de mim quebrou um pouco mais.

Meu nome é professora Helena.

Continuar a ler

O PARTIDO DA GUERRA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS, por Major-General Carlos Branco

No rescaldo dos recentes ataques ucranianos às bases aéreas russas, várias personalidades próximas de Trump vieram a terreiro manifestar a sua opinião sobre o perigoso momento em que se encontra a humanidade como, por exemplo, o ex-mentor de Trump Stephen Bannon e o ex-conselheiro de segurança nacional Mike Flynn, refletindo ambos pensamentos muito próximos.

Numa recente mensagem colocada no “X”, Flynn alerta para a atuação de quem se encontra por detrás dos acontecimentos em curso e que empurram os EUA para uma confrontação militar de larga escala, com a Rússia. Dos vários aspetos abordados na referida mensagem, um merece particular atenção.

Continuar a ler

Primeiro-Ministro Britânico, Winston Churchill

Retirado do Facebook | Mural de José Rafael Trindade Reis

Era um homem difícil. Fumava charutos na cama e queimava o pijama e os lençóis.

Às vezes bebia — até demais.

A sua vida foi feita de altos e baixos. Lutava, errava, quebrava-se e voltava a erguer-se.

Mas uma coisa nunca mudou — amava a sua esposa infinitamente. Ninguém mais — nem literalmente, nem em sentido figurado. Na maior parte do tempo, só ouvia a si mesmo.

Continuar a ler

Inimigos em Xangai e aqui tão perto, 02/09/2025, por Henrique Burnay, in Jornal Expresso

A ordem internacional das últimas décadas tinha, na nossa perspectiva europeia e ocidental, três grandes virtudes: assentava em regras, instituições e valores (todos frequentemente desrespeitados, mas considerados o padrão); promovia o crescimento económico global; e era dominada por nós, os ocidentais, e pelo capitalismo democrático, o nosso modelo económico e político. A próxima, não sabemos qual será, mas todos os sinais apontam para outra, dominada por outros valores e por outros actores.

O encontro desta semana de alguns líderes do mundo não (e em alguns casos mesmo anti) Ocidental é um momento com simbolismo que foi facilmente sentido. Como no passado aconteceu a outros, vemos líderes globais reunirem-se sem nos incluírem nem nos terem em conta. E partilharem interesses opostos aos nossos.

 

Continuar a ler

The Economics of Stagflation, Part III, by Paul Krugman, 31-08-2025

Stagflation policy dilemmas and why Fed independence is critical

Item: On Aug. 28 Chris Waller, a member of the Federal Reserve’s Board of Governors — and rumored to be in the running for the Fed’s next chair — gave a speech warning about economic weakness:

Returning to the labor market, risks are continuing to build. In my July 17 speech, I said that private-sector job creation was nearing stall speed, and the data received since then have put an exclamation point on this statement.

Clearly, it’s time to cut interest rates, to get ahead of the looming slowdown!

Item: On the same day, the Wall Street Journal reported strong indications that inflation is about to accelerate:

Continuar a ler

Spinoza Revela que sucede después de Morir. Tienes que verlo para creerlo

06/08/2025 | PENSAR O MORIR | Filósofo del siglo XVII y espíritu indomable del pensamiento libre, Baruch Spinoza se atrevió a contemplar a Dios sin miedo, abrazar la razón sin máscaras y vivir la libertad sin pedir permiso. En Pensar o Morir, nos sumergimos en su legado con una mirada fresca, vinculando sus ideas con los desafíos espirituales, éticos y existenciales que aún nos atraviesan.

POSTAL DO DIA | A única filha de José Saramago, por Luís Osório

1. Chama-se Violante e escreveu um extraordinário livro sobre o seu pai.

Imagino o que lhe deve ter custado dar esse passo, mas ainda bem que o fez.

“De Memória nos Fazemos” é um livro que só ela poderia ter escrito – um livro que apenas uma filha pode escrever sobre o seu pai.

Sobre os livros.

Sobre os ensinamentos.

Sobre os silêncios.

Sobre os ralhetes.

Sobre as dúvidas e o questionamento.

Sobre a relação com a sua mãe, a pintora Ilda Reis com quem Saramago esteve casado quase trinta anos.

Neste espantoso livro senti-me próximo de uma ideia de verdade. E próximo de José Saramago, um homem que era simplesmente isso e não uma obra, uma estante ou uma biblioteca.

Continuar a ler

“Vós sois muitos, eles poucos”, Poema de Shelley, by Raquel Varela

Sou filha de dois engenheiros florestais. Percorri o país com os meus pais e o meu irmão, dormindo nas antigas casas dos serviços florestais, num tempo em que se comia numa tasca, barato, onde se sentavam engenheiros e guardas florestais, lado a lado. Não era prova de bondade cristã. Éramos um país menos desigual entre o campo e a cidade. Também mais respeitoso do trabalho manual – sobretudo depois da revolução.

Também havia mais autonomia no trabalho – fui levada pelos meus pais para o trabalho, e era cuidada, pelas empregadas de limpeza (eram fixas, não acordavam às 4 da manhã para limpar sem as vermos), pelos guardas florestais nos trabalhos de campo e, claro, pelos colegas dos meus pais. Tolerantes, com duas crianças que eram crianças a ser crianças, eu e o meu irmão, fazedores de muitas asneiras, graças a Deus, costuma dizer-se.

Continuar a ler

🟢 Incêndios em Portugal: é urgente agir, PAN | Pessoas-Animais-Natureza

A cada verão, as chamas voltam a devastar o país. Vidas humanas, biodiversidade, casas, florestas e memória coletiva são perdidas — e o Governo continua sem uma resposta eficaz à altura da crise que enfrentamos.

O PAN voltou a agir, apresentando na Assembleia da República um conjunto de propostas concretas e urgentes para enfrentar este problema estrutural.

🔥 O que exigimos:

🔸 Avaliação independente da resposta aos incêndios e monitorização permanente das ocorrências.
🔸 Reforço de recursos, apoio e valorização aos Bombeiros, que continuam a ser a primeira linha de combate.
🔸 Prevenção e reconversão florestal, com foco em espécies autóctones e gestão sustentável do território.
🔸 Combate firme ao incendiarismo, tratado como uma ameaça à segurança pública e saúde pública.
🔸 Uma estratégia integrada, transversal e científica, que coloque a proteção do país e da vida no centro das prioridades políticas.

📖 Lê o artigo completo aqui:
👉 pan.com.pt/incendios-em-portugal-pan-apresenta-solucoes-urgentes-para-combater-os-fogos-e-proteger-o-pais


🌍 Os incêndios não são inevitáveis — são o resultado de más decisões políticas.

É tempo de agir com coragem e visão.
O PAN continuará a lutar por um país mais protegido, resiliente e preparado, onde a floresta é cuidada, as populações são defendidas e os bombeiros são respeitados.

A tua causa. O teu partido.

🌿

Reforma do governo municipal, por Vital Moreira, 22-07-2025

 1. Aplauso para esta proposta da Associação das Assembleias Municipais, que vem defender a reforma do sistema de governo municipal, no sentido de o equiparar ao sistema de governo das freguesias. As principais alterações seriam as seguintes

– deixaria de haver eleição direta da câmara municipal (CM);

– a CM seria automaticamente presidida pelo primeiro nome da lista vencedora das eleições para assembleia municipal (AM);

– a equipa de vereadores seria eleita pela AM, sob proposta do presidente da CM.

Com esta proposta, as assembleias municipais subscritoras retomam a ideia de aproveitar a faculdade aberta pela revisão constitucional de 1997, que veio permitir duas alterações de fundo no sistema de governo municipal: (i) o afastamento da eleição direta da CM e (ii) a distinção, dentro das AM, entre os poderes dos deputados municipais diretamente eleitos e os presidentes de junta de freguesia que também as integram.

O que é estranho é que tenham passado quase trinta anos sem que essa possibilidade de reforma de um sistema de governo municipal incongruente e disfuncional tenha sido concretizada.

Continuar a ler

TAP. Futuro é “assunto muito sério” e deve ser discutido no parlamento, defendem Livre, PCP e BE, in LUSA e RTP, 15-08-2025

O Livre defendeu hoje que o futuro da TAP é um “assunto muito sério” que deve ser discutido no parlamento, depois de ter requerido a apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que procede à privatização.

“Os decretos-lei normalmente não passam pela Assembleia da República mas entendemos que este deve passar. A privatização da TAP ou a não privatização da TAP é um assunto muito sério para que não seja discutido em Assembleia da República”, sublinhou a líder parlamentar do partido Livre, Isabel Mendes Lopes, em declarações enviadas à agência Lusa.

Livre, PCP e BE requereram hoje a apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que procede à privatização da TAP, considerando que o processo é “intrinsecamente desastroso” e deve merecer “clara rejeição”.

Continuar a ler

«OS LUSÍADAS» A RÉGUA E ESQUADRO, por Manuel S. Fonseca

Esta foi a crónica que, da ocidental praia lusitana, publiquei 5.ª feira na minha coluna «A Vida Como Ela Não É». Na próxima 5.ª prometo uma orgia.

Convido Luís Montenegro a usar Camões como modelo de organização e planeamento para o governo de Portugal.

Se eu estou maluco? Bom, se têm a ideia de que a criação artística é o resultado de lírica inspiração, o maluco não sou eu. Ora olhem para Camões e para a sua maravilhosa epopeia: Os Lusíadas. O poema começa com a invocação às Musas. Mas o que são as Musas: serão umas vinte Angelina Jolies ou Scarlett Johanssons a soprar doçuras ao ouvido de Camões? Se assim fosse, fazer arte era a coisa mais fácil do mundo. Não te deixes enganar Montenegro!

Os Lusíadas tratam da nossa primeira viagem marítima à Índia. Há tempestades, deuses e deusas, luxúria e traição, batalhas heróicas. Agora, vejam bem o trabalhinho de formiga que sustenta esse poético fogo de artifício. O poema tem dez Cantos: e sim, já sei, o Canto nono, o penúltimo, repleto de erótica euforia e mil ninfas, é o que todos queremos ler primeiro.

Esqueçam as ninfas nuas e vamos à intrincada estrutura: cada Canto tem um número diferente de estrofes: são 1102 no total. As estrofes são escritas em oitavas (oito versos) com rimas decassílabas. A rima é cruzada nos seis primeiros versos de cada estrofe (AB AB AB), e emparelhada nos dois últimos (CC). Cada verso contém dez sílabas métricas, e a ênfase rítmica – a acentuação – está quase sempre na sexta e na décima sílaba, no que se chama decassílabo heróico.

Os Lusíadas contêm um total de 8.816 versos estruturados nesta forma rigorosa e rígida. Queridas Ninfas, doces Musas, peço perdão, mas sei que, como Ninfas e Musas, não estão nem aí para esse trabalho chato e inclemente. O pobre Luís fez tudo sozinho: organizou 8.816 versos desse modo inflexível.

Se isso não é organização, chamamos-lhe o quê? Camões pensou e planeou uma obra-prima ao cagagésimo de pormenor. Cada acção imprevisível de Os Lusíadas, cada mudança de humor de Vénus, a deusa que protegia aqueles portugueses lunáticos, foi pensada a régua e esquadro pelo Luís de um só olho. Terão os dois olhos do novo Luís essa arte e engenho?

Miséria no século XXI?, by Jeffrey Sachs, 24 April 2008

A época atual é a primeira da história na qual é possível acabar com a pobreza extrema. Com o progresso material sem precedentes do mundo rico, alavancado pela ciência, pela tecnologia e pelos mercados globais, há a possibilidade de evitar a morte de milhões de pessoas que estão presas à armadilha da pobreza. Tais questões são o assunto do livro O fim da pobreza (São Paulo, Companhia das Letras, 2005), do economista americano Jeffrey Sachs, autor de importantes estudos sobre desenvolvimento econômico.

Continuar a ler

Grande Angular – A vitória do trivial, por António Barreto, in Público, 9-8-2025

O quadro é simples. O governo tenta governar como se tivesse a maioria parlamentar e uma legislatura de quatro anos à sua frente. Como há leis e orçamentos, além de decretos que podem ser chamados ao parlamento, o governo também tem ideia assente: aprova leis ora com o Chega, ora com o PS. E se mais houvesse e mais fossem necessários, faria o mesmo. O importante é fazer “como se”. Como se tivesse maioria. Como se os partidos da oposição precisassem mais do governo do que este deles. Como se o apoio do Presidente estivesse garantido. O governo olha em frente. Não discute nem negoceia. Faz. Quem quiser ir com ele, vai. Quem não quiser, paciência.

Continuar a ler

PAN | Dia Mundial da Amamentação. Uma sociedade verdadeiramente justa começa por proteger quem cuida. 5-7-2025

PAN rejeita retrocessos e propõe medidas para proteger a parentalidade

No Dia Mundial da Amamentação, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) reforçou a importância de proteger os direitos das famílias e da parentalidade com uma nova iniciativa na Assembleia da República. Em resposta às recentes alterações na legislação laboral propostas pelo Governo, o PAN apresenta propostas que visam garantir mais apoio às mães, pais e bebés nos primeiros anos de vida.

A proposta do PAN inclui a implementação de uma licença parental inicial igualitária de seis meses, promovendo a igualdade de direitos entre mães e pais. Além disso, o partido sugere o aumento do período de dispensa para amamentação e aleitamento, defendendo que os bebés devem ter mais tempo com os seus pais e mães durante os momentos mais importantes do seu desenvolvimento.

Inês de Sousa Real, líder do PAN, afirma que “é profundamente preocupante e um retrocesso inaceitável nos direitos laborais e de parentalidade que o Governo queira limitar a idade da criança para o exercício do direito à amamentação”.

Continuar a ler

The Emperor’s New Trade Deal, by Paul Krugman, 7/8/2025

Tariffs are bad. A deluded president is worse

On Tuesday Donald Trump went on CNBC to explain why the European Union is facing a tariff of “only” 15 percent. But what he said was simply delusional — and the delusion should be even more concerning than the tariffs.

The Europeans, Trump asserted, had agreed to cough up $600 billion, which he described as a “gift,” not a loan. And he emphasized that this is “$600 billion to invest in anything I want. Anything. I can do anything I want with it.”

So Trump apparently believes that the European Union has agreed to provide him with a personal $600 billion slush fund.

Continuar a ler

OBRIGADO, JL e JCV!, Minha última crónica no JL, por Carlos Fiolhais, in Rerum Natura, 6/8/2025

Sou leitor fiel do JL- Jornal de Letras, Artes e Ideias desde o primeiro número, que já saiu há 44 anos. Recebi esse número por correio aéreo, pois estava a fazer o doutoramento na Alemanha. Lembro-me das extraordinárias capas dos primeiros números, da autoria de João Abel Manta (guardo esses números na minha biblioteca, embora já não tenha a colecção completa, dado o prodigioso volume do papel que foi impresso).

E lembro-me do extraordinário leque de colaboradores, para além do artista gráfico. Se durante tantos anos foi publicado este jornal, único em Portugal, com a qualidade que é reconhecida por todos, isso deve-.se, sem qualquer dúvida, ao seu director desde o primeiro número, o jornalista e escritor José Carlos Vasconcelos (JCV), à frente de uma pequena, mas muito competente equipa. A ele devo também ter participado na escrita desta publicação, de início com crónicas ocasionais (lembro-me, em particular, de uma em 1996, não sei se foi a primeira, sobre António Gedeão, a quem chamei «o alquimista»). Mas, a partir de certa altura, e por um convite irrecusável do JCV, feito por via telefónica, passei a escrever regularmente na secção do jornal dedicada às ideias.

Continuar a ler

Na calçada de Copacabana, Rio de Janeiro

Retirado do Facebook | Mural de “Carioca sem Filtro”

Não sei ao certo se essa foto foi tirada nos anos 60 ou já no comecinho dos 70. Mas também… será que faz tanta diferença assim? Porque o que ela carrega não é apenas um registro de tempo — é um jeito de viver que parece cada vez mais distante. A calçada de Copacabana, com suas ondas em preto e branco, ainda está lá. Mas as pessoas… ah, as pessoas já não andam assim.

A moça que caminha no primeiro plano não está fazendo pose. Ela só está vivendo. Não tem preenchimento labial, nem lente nos dentes, nem celular na mão. O cabelo está preso com simplicidade, a bolsa balança leve, o short de cintura alta abraça a silhueta sem exageros. Não tem nada gritando por atenção — e, talvez por isso mesmo, tudo nela se destaca. A beleza não está na tentativa. Está na naturalidade.

Continuar a ler

A Rapariga Alta | Manuel S. Fonseca

Publicada há uma semana no Weekend (Jornal de Negócios) aqui está uma crónica que é uma sentida homenagem a raparigas altas.

A Rapariga Alta

Não se deixem enganar. No mais recatado, sóbrio e sereno dos seres humanos pode esconder-se um vulcão fremente, labaredas e lava incandescente.
Vejam o poeta T. S. Eliot. Epítome da modernidade, era um verde vale de conservadorismo, quase timidez, vestido com a elegância de um fatinho de quatro peças, como o descrevia Virginia Wolf: chapéu redondo, abotoadíssimos casaco, colete e calças.


O erotismo era um cavalo alado que jamais pensaria visitá-lo. Eliot casara virgem e tão mal, com Vivienne Haigh-Wood, que não só a noite de núpcias, conta a lenda, foi dormida num cadeirão do convés do barco da lua de mel, como depois, em 1928, convertido ao anglicanismo, essa forma pela qual os ingleses nacionalizaram o catolicismo, o poeta fez voto de castidade.
Vivienne não escondeu sequer a infidelidade ao poeta de «Waste Land». Bertrand Russell era visita da casa e, no que filosoficamente entendia como uma contribuição para a terapia do casal, proporcionava penetrantes favores à dama com que Eliot não tinha, lá por baixo, a mínima química.

Continuar a ler

Henrique Neto | Imigração e Economia

O tema da imigração, em grande crescimento entre nós, tem sido ultimamente muito debatido e com boas razões no que toca ao seu crescimento sem controlo, mas de forma menos inteligente e até algo primária naquilo que se relaciona com a economia. Nomeadamente através da ideia muito defendida de que as empresas precisam de mais trabalhadores o que, infelizmente, é afirmado sem levar em conta os desafios do nosso modelo económico. Por exemplo, se basearmos a nossa economia numa esmagadora maioria de pequenas empresas comerciais, como restaurantes, cafés e pastelarias, ou no turismo, em salários baixos e baixa produtividade, os imigrantes são uma necessidade. Mas se pensarmos que o futuro da economia estará no progresso tecnológico, na automação e robotização industrial e na verdadeira reforma da administração ´pública, então os novos imigrantes, com menos formação do que a média dos portugueses, servem apenas para perpetuar os níveis de pobreza que já temos.

Continuar a ler

Fucking music | Manuel S. Fonseca

Esta é mesmo uma crónica musical, está claro. Publiquei-a no CM, na minha coluna «A Vida Como Ela Não É». E antes fosse: a vida, claro; e a música também. Divirtam-se

O que pode um borra-botas como eu aconselhar a quem sofre a responsabilidade de mandar? A um Montenegro que leva uma nação perplexa e meio-doida pela mão, a um JL Carneiro que tem os estilhaços de um velho pote chamado PS para colar?

Na minha insensatez só posso aconselhar paixão. A mesma grande paixão que motivou David O. Selznick, o imenso produtor desse filme grandioso chamado «E Tudo o Vento Levou».

Já depois de ter filmado «E Tudo o Vento Levou», Selzick apaixonou-se por uma actriz, Jennifer Jones. Tenham Montenegro e Carneiro a mesma paixão por este pobre país! Selznick inventou um filme de cow-boys para a sua amada, um filme de tiros, bandidagem está claro, mas acima de tudo um filme de amor e morte e do que, naquele tempo era uma sensualidade escaldante. E se Jennifer transbordava volúpia e aquecimento global!

Continuar a ler

Os indigentes | Carlos Branco, Major-General

Retirado do Facebook | Mural de Mena Barbosa Batista Moraes

A Europa é chefiada por indigentes e Trump perdeu-lhes o respeito, se é que alguma vez o teve. Além de despedaçar a Europa, Trump mostra o seu desprezo pelo projeto europeu que poderia vir a desafiar o poder norte-americano.

Carlos Branco, Major-General

Hoje, 00:09

Há uns tempos escrevi um texto sobre as vulnerabilidades estratégicas da União Europeia (UE) e como elas condicionam a sua autonomia. Parece que os dirigentes europeus ainda não as interiorizaram. Para que a UE possa sobreviver e tenha margem de manobra política, faz sentido que os seus dirigentes em Bruxelas identifiquem essas vulnerabilidades e o impacto que possam provocar no seu relacionamento com as grandes potências ou blocos comerciais.

Continuar a ler

Crónica | Luís Galego

Retirado do Facebook | Mural de Rosário Mendes

Há dias em que, confesso, me sinto profundamente tocado pela súbita e quase mística veneração que alguns compatriotas demonstram pela língua portuguesa e pela nossa mui excelsa cultura nacional. Comove-me, de verdade. É um amor novo, mas já maduro, como um vinho comprado ontem e aberto ontem, mas servido com a solenidade de um Porto de 1875. Enternece-me, e uso aqui o verbo no seu sentido mais trágico-cómico, esta ideia tão difundida entre as mentes mais vigilantes da lusofonia de que qualquer estrangeiro que deseje respirar o ar da nossa Pátria, com “P” maiúsculo e a voz embargada por uma lágrima de chouriço, deve, no mínimo, dominar com fluência o uso das mesóclises, reconhecer intuitivamente um pretérito mais-que-perfeito, citar com desenvoltura exemplos de “Os Lusíadas” e ter lido a gramática de Lindley Cintra como quem medita sobre um texto sagrado. Deve, claro está, também distinguir, à primeira audição, uma guitarra de Coimbra de uma de Lisboa, sob pena de exílio linguístico.

O contrário, dizem-me olhos nos olhos, com a gravidade de quem lê os rótulos do vinho como se fossem o “Livro do Desassossego”, seria um atentado à identidade nacional. Um crime contra o património. Um ultraje ao bacalhau com grão e à memória do infante D. Henrique.

A exigência é, convenhamos, de uma coerência comovente. Afinal, como todos sabemos, porque aprendemos isto ainda no útero materno, entre os murmúrios da avó e os ecos da RTP Memória, os nossos gloriosos emigrantes, quando se lançaram mundo fora, faziam-no sempre munidos de um grau de mestrado em Antropologia Comparada na algibeira, uma tese sobre Direito Suíço debaixo do braço e uma fluência no alemão que deixaria Goethe com vontade de aprender Mirandês.

Continuar a ler

O Professor, por Alexandra Cordeiro

Retirado do Facebook | Mural de Alexandra Cordeiro

Disse-o com clareza: “A minha independência não pode ser posta em causa por ninguém.”

Não gritou.

Não gesticulou.

Não invocou alianças nem se escondeu atrás de retóricas partidárias.

Limitou-se a responder.

Com serenidade, com dados, com memória — e com uma firmeza rara entre os que já foram ministros, já ouviram elogios demais e críticas suficientes para endurecerem ou cederem.

Centeno não cedeu.

Há, na maneira como Mário Centeno fala, um certo desuso.

Um tom de quem acredita, ainda, que se pode governar com números, explicar com paciência, resistir sem espetáculo.

Continuar a ler

Novo Conselho Estratégico do PS, por Cipriano Justo, 24-07-2025

De acordo com os considerandos, o novo Conselho Estratégico do PS visa dotar este partido de “pensamento a longo prazo, abertura à sociedade e capacidade de antecipação estratégica”.

Nesse sentido, as temáticas sobre as quais se irá debruçar são “Transição Demográfica”; “Revolução Digital e Inteligência Artificial (IA)”; “Sustentabilidade e Clima”; “Energia e Recursos Naturais”; “Soberania Alimentar”; “Geopolítica, Segurança e Defesa”; e “Democracia, Cultura e Cidadania”.

Caberá, então, a este laboratório de ideias, geralmente conhecido por “think tank”, produzir pensamento prospectivo, antecipatório do que irá acontecer no médio e longo prazo.

Continuar a ler

The Economics of Immigration and Deportation, by Paul Krugman, Jul 20, 2025

The Trump administration is going after immigrants, and not just those in the country illegally. Trump is seeking to expel immigrants who have been in the United States for decades. His Justice Department says that it is prioritizing “denaturalization,” stripping immigrant citizens of their citizenship. ICE is clearly engaged in racial profiling, as legal residents and citizens have been arrested and detained in ICE raids based on their “physical appearance.”

Continuar a ler

Trump, Putin e Xi Jinping podem-se encontrar na China no início de Setembro, por Julya Nikolaevna, in Facebook.

Pequim anunciou planos para marcar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial com um desfile na Praça Tiananmen em 3 de Setembro e Putin já aceitou o convite para visitá-la.

A China e os Estados Unidos eram aliados próximos durante a guerra, e já há apelos na China para aproveitar a oportunidade para organizar uma reunião entre Xi, Trump e Putin em Pequim. 

A Agência Japonesa Kyodo escreve que a decisão de convidar Trump pela liderança chinesa já foi tomada.

“Por que não marcar a visita de Trump para o desfile de 3 de Setembro?”, disse Jin Qanzhong, um dos comentaristas de direita mais famosos da China, em entrevista ao site de notícias de Xangai Guancha. 

Continuar a ler

Quando alguém está investir em teu país é bom?, Sim, mas… depende do investimento… , por Julya Nikolaeva/facebook, 17 Julho 2025

Quando alguém está investir em teu país é bom? – Sim, mas… depende do investimento… 

Se for em construção ou em algumas indústrias que geram empregos, então certamente é bom, mas se for um Investimento estrangeiro,(mal controlado) em imóveis, então  obtém um aumento de 121% nos preços das casas nos últimos 10 anos. É o que aconteceu no caso de Lisboa. 

Com um salário médio de 1800 euros (!!! não o salário mínimo, mas a média é no melhor caso) o preço para alugar um T0 em Lisboa começa a partir de 1350 euros de acordo com 2024. O problema imobiliário não é o único problema. 

Portugal está cada vez mais inacessível aos portugueses. 

Como é que isso aconteceu? 

Continuar a ler

O 18º. PACOTE DE SANÇÕES DA UE … mais um passo para o abismo?, por João Gomes.

A União Europeia acaba de aprovar o seu 18.º pacote de sanções contra a Rússia, apresentado como “um dos mais duros até agora”. Contudo, longe de representar um avanço para a resolução do conflito, esta nova medida levanta sérias dúvidas quanto à sua eficácia, intenção real e consequências globais – não apenas para a Rússia, mas para o próprio bloco europeu e para o futuro das relações internacionais.

A ausência de diplomacia e o esquecimento de Minsk

Desde o início do conflito em 2022, a UE tem adotado uma linha rígida e exclusivamente punitiva, alheando-se de qualquer papel diplomático autónomo ou de mediação real. Ignora-se, nas narrativas institucionais e mediáticas, que o conflito não começou em 2022, mas tem raízes claras no fracasso do cumprimento dos Acordos de Minsk – assinados com o objetivo de dar autonomia às regiões do Donbass dentro de uma Ucrânia unificada.

A própria ex-chanceler alemã Angela Merkel reconheceu que os acordos serviram para “dar tempo à Ucrânia” para se fortalecer militarmente – uma afirmação que descredibiliza por completo a sua natureza diplomática e lança sérias questões sobre a boa-fé das partes envolvidas.

A NATO, a geoestratégia e o cerco à Rússia

Continuar a ler

Julya Nikolaevna | Xi Jinping passou décadas a preparar-se para a Guerra Fria com os Estados Unidos. A estratégia do líder chinês é baseada em sua compreensão do fracasso soviético.

No conflito entre os EUA e a China, o presidente Trump lidera uma ofensiva econômica. Mas o líder chinês Xi Jinping está em uma guerra fria.

Xi Jinping entra em negociações comerciais com uma estratégia de larga escala que vem preparar há anos. Ela é inspirada por sua compreensão dos erros da União Soviética durante a Primeira Guerra Fria. Xi está bem ciente da contínua superioridade econômica e militar dos EUA e procura evitar o confronto direto, enquanto mantém a posição da China em uma competição abrangente e prolongada.

Continuar a ler

Não é a mesma coisa: Pede-se mais ao Presidente, por Vital Moreira

1. Deixa muito a desejar a posição pública do PR sobre as propostas governamentais de subversão das leis da nacionalidade.

Na verdade, embora pré-anunciando que vai recorrer à fiscalização preventiva da constitucionalidade – o que, a meu ver, será imperioso, dadas as flagrantes inconstitucionalidades em que algumas daquelas soluções incorrem, a começar pela discriminação entre nacionais em matéria de punição penal (como apontei AQUI) -, o Presidente não exprimiu, porém, nenhuma outra reserva crítica sobre a reforma, em desvio à sua tradicional loquacidade em situações semelhantes, deixando entender, portanto, que não vai utilizar o veto político, apesar de ela ser manifestamente inspirada pelo Chega e de pôr em causa uma longa evolução, em geral consensual entre o PS e o PSD, sobre o regime da nacionalidade, no sentido humanista do alargamento do seu acesso pelos imigrantes e sua descendência, a maior parte deles com origem em países de língua portuguesa ou noutros países europeus.

Ora, a necessária correção das inconstitucionalidades não absolve o pecado político capital desta reversão da lei da nacionalidade, que o Presidente da República não devia coonestar, abdicando do veto político, que neste caso (ao contrário de outros…) é plenamente justificável.

2. Sucede, aliás, que a lei da nacionalidade não é uma lei qualquer, não sendo por acaso que ela integra a seleta categoria constitucional das “lei orgânicas”, sujeitas a um regime mais exigente, quer quanto ao procedimento e à maioria parlamentar exigida para a sua aprovação, quer quanto ao regime do eventual veto político, pois a AR só pode superá-lo por maioria de 2/3.

Sendo, no fundo, uma lei paraconstitucional – por definir um dos três elementos clássicos da noção de Estado (território, população e soberania), que foi indevidamente deixado omisso na CRP de 1976 -, a revisão da lei da nacionalidade sob inspiração do Chega e implementada pelo Governo, à margem do PS (que obviamente a não pode aprovar), traduz-se efetivamente na entrada do partido nacionalista na (re)definição de aspetos básicos do regime político.

Não é possível ignorar o significado político-constitucional profundo desta operação, sem pré-aviso,  de “cheguização” política e doutrinária do PSD, enterrando o «não-é-não» da campanha eleitoral e apadrinhando a entrada da extrema-direita nacionalista e populista no “arco cosntitucional” material nacional. Também por isso, para testar a consistência da nova supermaioria de direita sob a égide do Chega e sublinhar a gravidade da conversão política do PSD, justificava-se o veto político.

Tribu Himba de Namibie | Cultures et Traditions Universelles | Mural no Facebook, 6 Juin 2025

Dans la tribu Himba de Namibie, en Afrique du Australe , la date de naissance d’un enfant est fixée, non pas au moment de son arrivée dans le monde, ni à sa conception, mais bien plus tôt : à partir du jour où l’enfant est pensé dans l’esprit.

Quand une femme décide d’avoir un enfant, elle s’installe et se repose sous un arbre, et écoute jusqu’à ce qu’elle entende la chanson du bébé qui veut naître. Et après avoir entendu cet enfant chanter, retournez vers l’homme qui sera le père de l’enfant pour lui apprendre cette chanson. Et puis, quand ils font l’amour pour concevoir physiquement le bébé, ils chantent la chanson du bébé, pour l’inviter. ⠀

Quand la mère est enceinte, elle apprend à ce bébé le chant aux sages-femmes et aux anciens du village. Alors, quand le bébé naît, les vieilles dames et les gens autour de lui chantent sa chanson pour l’accueillir.

Comme l’enfant grandit, les autres villageois apprennent sa chanson. Donc si le bébé tombe, ou se blesse, trouvez toujours quelqu’un pour le relever et lui chanter sa chanson. De même, si l’enfant fait quelque chose de merveilleux, ou passe avec succès par des rites de passage, les villageois chantent sa chanson pour l’honorer. ⠀

Dans la tribu, il y a une autre opportunité où les villageois chantent pour l’enfant. Si, à un moment quelconque de sa vie, la personne commet un crime ou un acte social aberrant, l’individu est appelé au centre du village et les gens de la communauté forment un cercle autour de lui. Puis ils chantent sa chanson. ⠀

La tribu reconnaît que corriger un comportement antisocial ne passe pas par une punition, mais par l’amour et se souvenir de qui vous êtes vraiment. Lorsque vous reconnaissez votre chanson, vous ne voulez pas ou n’avez pas à faire quelque chose qui puisse blesser l’autre. ⠀

Et quand, en vieillissant, ce garçon est allongé dans son lit, prêt à mourir, tous les villageois connaissent sa chanson, et chantent sa chanson une dernière fois.

Quando Deus estava preparando o mundo, se reuniu em uma tarde com todas as árvores.

Retirado do Facebook | Mural de “Casa Rosa”

Quando Deus estava preparando o mundo, se reuniu em uma tarde com todas as árvores. Ele pediu para que cada árvore escolhesse que época gostaria de florescer e embelezar a terra.

Foi aquela alegria.

Outono, Verão, Primavera, diziam..

Porém Deus observou que nem uma escolhia a estação do inverno.

Então Deus parou a reunião e perguntou:

Por que ninguém escolhe a época do inverno?

Continuar a ler

A ESPINGARDA DE HEMINGWAY, por Manuel S. Fonseca, in Facebook

Mas que coisa é essa, intrigante, confusa, perplexa, de ser-se escritor?! Como se eu pudesse saber…

A vocação está na ponta de uma espingarda. Pelo menos para Ernest Hemingway. Mario Vargas Llosa cujo espírito paira agora por aí como uma erótica máquina lírica, descobriu que queria ser escritor – essa pulsão que se diz rasgar as entranhas –, ao ler «Madame Bovary», romance de um senhor francês, dado a crises nervosas, chamado Flaubert. O polaco Joseph Conrad alistou-se na então gloriosa Marinha britânica e aprendeu inglês, língua que foi sua musa inspiradora. 

Mas que rumor é esse que faz os escritores estarem de bem connosco e de mal consigo? Poetas e romancistas serão inspirados por um demónio ou eleitos de Deus? E existirá essa chusma de musas, que imagino de maminhas veladas por tules a roçarem-se pelas meninges dos escritores? No caso das escritoras, serão faunos de infantis pilinhas divertidamente erectas e que quando dedilhadas fazem dó, ré, mi?

Continuar a ler

COMO TRAVAR O CHEGA? O CASO DE ISALTINO MORAIS, por Bárbara Reis in Público, 7 Junho 2025

Retirado do Facebook | Mural de Paulo Marques

Bárbara Reis, Público, 7/06/2025 | “Oeiras é dos municípios mais ricos do país e tem 11% de estrangeiros, muitos vindos de países pobres e 25% mais do que em 2022. Porque é que o discurso anti-imigrante do Chega não vingou?

Rui Pena Pires, sociólogo, investigador do Observatório da Emigração e membro da comissão permanente do PS, disse há dias, numa entrevista ao meu colega Manuel Carvalho, que “o caso de Oeiras devia ser estudado com um bocadinho mais de cuidado”.

No caso, “o caso de Oeiras” refere-se ao que o município fez em relação aos imigrantes e à votação que o Chega teve nas eleições legislativas de Maio.

Continuar a ler

Links, coluna da esquerda, de Visita Diária. Sugestão a todos os nossos Visitantes (vcs)

Os textos colocados de outros autores NÃO REFLECTEM necessariamente as opiniões do Coordenador.

Todas as imagens, poemas e textos colocados neste site são retiradas da internet. Se tem direitos autorais sobre qualquer um deles e não pretende vê-los aqui publicados, envie-nos um email para  viplano@hotmail.com e imediatamente será retirado.

Vítor Coelho da Silva, Proprietário/Administrador

0 – A VISITA DIÁRIA

A sexualidade das nossas avós, in “Ancestralidades”, mural do Facebook

Há dias falava com o primo que indagava sobre a sexualidade das nossas avós. 

Encaro a questão com normalidade. 

No caso da avó Luísa ouvia dizer que brincava com as bonecas de trapo às vésperas de casar.

E para quem nos acompanha desde o início sabe que a noite de núpcias quase deu para o torto.

O jovem casal, Álvaro e Luísa casaram contra a vontade da família do noivo, por uma questão de classe social. A avó teve que ser emancipada para poder contrair matrimónio. Como nos primeiros tempos por razões económica terem que viver em casa dos pais da noiva. A casa era pequena e ali moravam muitas pessoas. 

Continuar a ler

UM TEXTO QUE NÃO SENDO SOBRE EDUCAÇÃO ESCOLAR PÚBLICA TEM TUDO A VER COM ELA, por Helena Damião, in “The Rerum Natura”

Diário de Notícias publicou ontem um artigo de opinião com o título Liberalismo: a política como projeto pessoalassinado por José Mendes, professor universitário. A sua análise incide no pensamento social prevalecente, que delineia a política e, digo eu, o funcionamento das instituições públicas, incluindo a escola. Reproduzo, abaixo, extractos do artigo, omitindo a identidade dos sujeitos a que alude, pois poderia referir-se a muitos outros, aqueles que são apresentados como modelos aos alunos logo que chegam à escola para lhes criar essa aptidão empreendedora com vantagens para si, para o seu bem-estar.

Nos Estados Unidos (…) foi aclamado como um símbolo da nova ordem empreendedora. Um “visionário” que acreditava que o Estado era, na melhor das hipóteses, um estorvo, e que o mercado se bastava a si mesmo (…). Em Portugal (…) terá percebido que o seu projeto pessoal de vir a ser ministro não se iria concretizar. Sai de cena como quem fecha a loja, porque o lucro não compensou o esforço (…).

Continuar a ler

“O discurso neoliberal e o discurso acatado e consolidado no âmbito da esfera educacional”, By Helena Damião – Maio 29, 2025

O artigo abaixo identificado, que se encontra aqui, já não é propriamente recente. Na voragem da publicação académica, textos com mais de cinco anos estão, por princípio, “fora de prazo”, podem ser referidos, mas só em circunstâncias excepcionais.

A verdade é que este artigo, publicado em 2016, mantêm-se actual, esclarecendo, em poucas páginas, os passos que já demos e estamos a dar no sentido de ajustar os sistemas educativos públicos à “teoria do capital humano”. Essa teoria que vingou em todos os continentes, que se entranhou em todas as instituições e dita todas as políticas ou, pelo menos, assim parece, constituiu-se no modo prevalecente de pensar a vida. 

Cabe aos educadores, professores e formadores fazer o que Karl Popper sugeriu: discuti-la e conjecturar as suas consequências para os educandos, para o mundo…

Continuar a ler

A França e a Armadilha Liberal, por Alberto Carvalho, 20 Maio 2025

Liberté, Égalité, Fraternité: o lema inscrito nas fachadas dos edifícios públicos franceses tornou-se, com o tempo, uma espécie de nostalgia institucional. 

A pátria dos direitos do homem e do cidadão viu-se, nas últimas décadas, prisioneira de uma trajectória política que, em nome da liberdade económica, foi desmontando os alicerces sociais que sustentavam o modelo republicano. 

A França, que outrora oferecera ao mundo a promessa de um Estado forte ao serviço da justiça social, tornou-se, ironicamente, refém do mesmo liberalismo que dizia querer domesticar.

Continuar a ler

A EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS, por Manuel S. Fonseca, publicado no Jornal de Negócios

Retirado do Facebook | Mural de Manuel S. Fonseca

Dou a palavra a uma ou duas perguntas do meu neto. Que, diga-se, muito ajudaram a educar o avô.

Foi o cometa Halley que agarrou em Mark Twain e o tirou de um qualquer buraco negro para o fazer nascer na terra. O Halley o trouxe, o Halley o levou: 75 anos depois, estava Halley o mais próximo que lhe é dado estar do Sol, pimbas, puxou Twain pelo fundilho das calças em direcção ao infinito, como se fosse Huckleberry a arrebatar o escravo Jim, no célebre romance de amor em fuga dos dois. Ou talvez Halley tivesse puxado Twain pelas ceroulas, que em geral é de roupa interior e íntima que se parte para a eternidade.

Continuar a ler

Social-Democracia | SUÉCIA | sua monarquia constitucional e seu modelo de bem-estar social são reconhecidos em todo o mundo.

Retirado do Facebook | Mural “Contato Imediato”

SUÉCIA , localizada no norte da Europa, é um país conhecido por seu alto nível de vida, sua forte economia e seu impressionante entorno natural. Desde suas antigas raízes vikings até se tornar uma das nações mais avançadas do mundo, a Suécia combina história, modernidade e sustentabilidade de uma maneira única.

• População: ~10,5 milhões • Idiomas oficiais: Sueco • Área territorial: ~450.295 km² • Capital: Estocolmo • Moeda: Coroa sueca (SEK) 

Dados curiosos:

 História e legado viking: A Suécia tem uma rica história que inclui a era viking, o Império Sueco e seu papel na União de Kalmar. Hoje em dia, sua monarquia constitucional e seu modelo de bem-estar social são reconhecidos em todo o mundo.

Continuar a ler

CDU quer mais Estado e 1% do PIB para a habitação. História de Jornal Económico com Lusa, 3 Maio 2025.

O secretário-geral do PCP defendeu este sábado mais investimento na habitação, atingindo 1% do PIB nacional, e o reforço do Estado, questionando como estariam setores como a Saúde ou Educação se também fossem deixados nas mãos do mercado.

“Como estaria a Saúde se o Estado detivesse 2% da gestão? Em que estado estaria a Educação? A Segurança Social? Chegamos ao que chegamos porque o Estado tem apenas 2% do mercado da habitação”, diagnosticou Paulo Raimundo.

Continuar a ler

Paulo Macedo lidera candidatura à presidência da EPIS, in Jornal Económico

Paulo Macedo, atual presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, é candidato à presidência da direção da Associação EPIS – Empresários pela Inclusão Social, para o triénio 2025-2027, em substituição de Leonor Beleza, que conclui dois mandatos consecutivos, o limite previsto pelos estatutos da associação, de acordo com comunicado divulgado esta quarta-feira.

“A candidatura de Paulo Macedo tem como objetivo consolidar o legado da EPIS e impulsionar um novo ciclo de crescimento. Em 2024, os diversos programas da Associação EPIS em escolas de todo o país superaram os 76 mil beneficiários em termos de alunos, familiares, professores e assistentes operacionais”, pode ler-se na informação veiculada ao media.

Continuar a ler

No apagão, renascemos, por Raquel Varela, in Facebook

Ontem, quando tudo se apagou, as crianças invadiram o jardim em frente da minha casa. Passavam pela minha porta, de bicicleta, de skate, tagalerando, com bolas à frente dos pés, a rolar. Adultos, de todas as idades, caminhavam em direcção ao jardim e à praia. Todos os bancos de madeira tinham pessoas a olhar-se nos olhos, conversando. Vários, mais de uma dúzia, tinham livros na mão. Havia casais deitados na relva, uma mãe amamentava. Eram 4 da tarde e finalmente toda a gente tinha saído do trabalho a horas normais.

E estavam desligados desse vício, dessa compulsão de alimentar as bigtechs com dados (dando likes, vendo vídeos). Debaixo da minha porta quatro mulheres conversavam e riam, quando fui à janela perguntaram-se “se eu queria descer e conversar também”. A senhora dos gelados vendeu-os a preço de custo, e eu e o meu marido sentámos-nos com os empregados do restaurante, incluindo os cozinheiros do Nepal, a beber uma cerveja. Pela primeira vez perguntei-lhe o nome dos filhos, lá, na fronteira com a China. O barulho dos carros calou-se e um burburinho humano escutava-se na tarde quente em frente ao Tejo.

Continuar a ler

Opinião pessoal (LXVIII) sobre Almeida Santos, por Francisco George, in DN, 23-04-2025

Tal como escrevi em crónicas anteriores, os desenhos de Álvaro Cunhal, aqui publicados, foram oferecidos, por ele mesmo, ao seu conterrâneo António Almeida Santos (1926-2016), no final das reuniões do Governo que os dois integraram em 1974 e 1975.

Mais do que o valor artístico que exibem, é o simbolismo que esses traços representam que justificou a sua divulgação. Foi a filha mais velha de Almeida Santos, cuidadora do património documental deixado por seu pai, que me fez chegar cópias digitalizadas dos originais que cuidadosamente preserva. Ainda bem que assim calhou pelo indiscutível interesse público em proporcionar a sua difusão mais ampla, nestas páginas.

Continuar a ler

Why Trump Will Lose His Trade War, Paul Krugman, Apr 16, 2025

Scenes from the trade war:

  • In response to Donald Trump’s huge tariffs on Chinese exports, China’s government has suspended exports of rare earth minerals and magnets, both critical to many modern industries and the military
  • Trade talks between the United States and the European Union appear to have gone nowhere, with Maros Sefcovic, the EU’s top trade official, reportedly having “struggled to determine America’s aims.”

In other words, the Chinese, unlike the Trump administration, understand what trade and trade wars are about. And the Trumpers, in addition to not knowing what they’re doing, don’t even know what they want.

Continuar a ler

Maria Zakharova, “€1.3 Trillion — That’s How Much the Last Three Years of “Foolishness and Bravery” Have Cost the European Union. Russophobia Comes at a Price.

1,3 biliões de euros — Foi quanto custaram à União Europeia os últimos três anos de “tolice e bravura”. A russofobia tem um preço.

Uma nova análise aprofundada do Vedomosti analisa criteriosamente os cálculos de Bruxelas — e os números não parecem bons.

Antes de 2022, o petróleo russo custava 571 euros por tonelada — 155 euros mais barato do que o dos outros fornecedores. A UE optou por desistir.

De 2021 a 2023, devido às políticas de Bruxelas, as importações de gás da Rússia caíram para menos de metade — de 48 milhões para 22 milhões de toneladas.

Continuar a ler

EL GRAN BURDEL DE LA EUROPA MEDIEVAL , in Facebook, Mural “El Ruedo Ibérico – Historia y Cultura de España”

La ciudad de Valencia llegó a ser la segunda población con más habitantes de la península, unos 75.000 habitantes, sólo superada por la ciudad nazarí de Granada, por lo que este siglo XV es conocido como el Siglo de Oro valenciano. La convivencia de las diferentes culturas, el carácter comercial y abierto de la ciudad, la explosión cultural y humanista de su cultura… hicieron de Valencia una de las ciudades más permisivas de Europa.

Continuar a ler

Os desencontros da paz na Ucrânia, por Major-General Carlos Branco, in DN, 22-03-2025

Teve lugar, no dia 11 de março, em Jeddah, na Arábia Saudita, um encontro entre delegações norte-americanas e ucranianas para discutirem a paz na Ucrânia, marcando, assim, o início de um processo diplomático, que se espera conduza à paz. A conclusão mais relevante que saiu desse encontro foi o anúncio de um cessar-fogo temporário, de trinta dias, que passou a dominar as atenções de quem segue o tema. 

Convém, antes de mais, sublinhar que os objetivos definidos pelas partes envolvidas no conflito se encontram muito distantes. São, por enquanto, irreconciliáveis. É importante perceber onde residem as dificuldades nesse caminho de aproximação dos litigantes, antes de se discutir a utilidade do cessar-fogo e os problemas que lhe estão associados. 

Continuar a ler

EUA: ENTRE MANIPULAÇÃO E IMPARCIALIDADE HOMÉRICA, por Viriato Soromenho-Marques

Uma das mais dolorosas aprendizagens durante estes mais de três anos de guerra na Ucrânia tem sido a de confrontar-me com o trágico declínio da honorabilidade académica e do brio intelectual, tanto nas instituições universitárias como nos meios de comunicação social. 

É com tristeza que tenho acompanhado o modo como professores, investigadores e jornalistas têm violado o imperativo de “imparcialidade homérica”, expressão cunhada por Hannah Arendt para definir uma virtude específica da tradição espiritual do Ocidente: a capacidade de analisar com objetividade a realidade, a natureza das situações, e os motivos dos agentes coletivos e individuais, mesmo no quadro de conflitos violentos. 

Continuar a ler

Cegueira Deliberada, por Carlos Matos Gomes

Está a decorrer uma alteração radical da estratégia americana para a redefinição dos centros de poder mundial que estava em vigor desde os anos 80 do século passado. Esta estratégia foi gizada por Zbigniew Brzezinski, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante a presidência de Jimmy Carter, entre 1977 e 1981 e que ele publicou numa uma obra hoje clássica: «Grand Chessboard — American Primacy and Its Geostrategic Imperatives», que marcou a estratégia americana até à administração Biden.

Esta estratégia assentava no conceito de hegemonia americana, no cerco ofensivo contra a URSS, o inimigo principal e na importância decisiva do que ele designou «Eurásia» e que corresponde grosso modo à Ucrânia. Para o desenvolvimento dessa estratégia os EUA necessitavam da Europa como base de retaguarda ou de ataque.

Continuar a ler

Antes de discutir com alguém, Helen Mirren

Helen Mirren disse uma vez: Antes de discutir com alguém, pergunte a si mesmo, essa pessoa é mesmo mentalmente madura o suficiente para entender o conceito de uma perspetiva diferente. Porque se não, não adianta absolutamente nada.

Nem toda discussão vale a sua energia. Às vezes, não importa quão claramente você se expresse, a outra pessoa não está ouvindo para entender – ela está ouvindo para reagir. Eles estão presos na sua própria perspetiva, não querem considerar outro ponto de vista, e interagir com eles só te esgota.

Continuar a ler

PROLEGÓMENOS A UM TRATADO DE METEOROLOGIA DE CAFÉ, por José Gabriel

Temos de admitir. O IPMA cada vez está mais preciso e rigoroso. Para quem gosta de surpresas, isso não é uma boa notícia. Perde-se aquela emoção de hesitar se se sai com um guarda-chuva ou não.

Qual a roupa adequada à insegurança meteorológica que se adivinha. Depois, conforme as decisões nestes magnos problemas e subsequentes resultados, dispúnhamos de um rol de imprecações para reagir, sendo que os crentes dispõem de um significativo rol de divindades que podem culpar – a começar pelo inevitável S. Pedro, a quem é atribuído, dizem, este pelouro. 

Continuar a ler

O crescimento económico nacional está assente numa total desarticulação territorial, 17-02-2025, in “República dos Pijamas”

Um modelo de modernização fora das áreas metropolitanas, combinado com uma turistificação da Capital, não é sustentável sem políticas direcionadas.

Depois de a economia portuguesa se reerguer da pandemia com taxas de crescimento acima da média europeia, o debate sobre a sua evolução tem sido marcado por pelo menos duas correntes.

Por um lado, os bons números do PIB são contrapostos com o crescimento de setores de baixos salários como o turismo. Como frequentemente argumentado à esquerda e enfatizado nesta newsletter com alguma regularidade, é aqui que reside a crise habitacional que empobrece grande parte dos trabalhadores.

Continuar a ler

Grande Angular – O debate está na praça pública, por António Barreto in “Sorumbático”

Bem ou mal, bem e mal, a questão da imigração está no centro dos debates políticos que vão dominar as próximas eleições, das autárquicas e legislativas, às europeias e presidenciais. Assim como ocupar discussões parlamentares e académicas. Não há por onde fugir e ainda bem. Vão aos poucos desaparecer os que insistem em que “não há problema”, que “é só racismo”, que não passa de uma “moda nacionalista”. Vão-se encolhendo os que garantem que as soluções são simples, tal como “fechar as portas aos imigrantes” ou “abrir as portas aos que querem para cá vir”. Nunca se calarão, mas falarão mais baixo, os que asseguram que os nacionais são virtuosos e os estrangeiros pulhas. Já se percebeu que não faz sentido garantir que os imigrantes sejam todos iguais, legais ou ilegais, estrangeiros ou naturalizados, de primeira ou segunda geração, respeitadores da lei ou criminosos, de cultura e tradição próximas ou absolutamente alheias e distantes das portuguesas. É bom que assim seja. Que se diga tudo. Que haja divergências e acordos. Que se consiga melhorar a legislação e a vida no espaço público. 

Continuar a ler

Contra a corrente (11): “Canhões” em vez de “manteiga”, por Vital Moreira

1. Vai por aí, em toda a Europa, uma onda a favor do aumento substancial da despesa militar, que começou por fixar o objetivo de 2% do PIB, mas que agora já vai em mais de 3%, o que em vários países significaria mais do duplicar o seu atual nível, como seria o caso de Portugal, passando de 3 000 milhões, por ano, para 6 400 milhões de euros

Capitaneada pelo Secretário-geral da Nato, esta onda é vigorosamente instigada pelos países do Leste europeu e acompanhada pelos líderes da UE e do Reino Unido, especialmente depois de Trump ter anunciado o abandono pelos EUA do seu papel de escudo da defesa da Europa ocidental, que assumira, no quadro da Nato, desde o início da “guerra fria” entre o ocidente e a então União Soviética.

Continuar a ler

Para quem acha que, por mau que seja, só há um culpado | Jaime Nogueira Pinto, in Observador, 21-03-2022

Retirado do Facebook | Mural de Rodrigo Sousa e Castro

(…)

Em 1815, no Congresso de Viena, os vencedores da guerra contra o Império napoleónico tiveram o cuidado de não humilhar a França, de fazer de conta que a Revolução e Napoleão eram os únicos culpados dos 25 anos de guerra na Europa, que esses anos de guerra e sofrimento não tinham nada a ver com o povo francês e que a restauração dos Bourbon curava as feridas passadas.

Cem anos depois, os vencedores da Grande Guerra fizeram do Tratado de Versalhes uma paz punitiva para a Alemanha e para o povo alemão, pondo a primeira pedra para o que seria a vertiginosa ascensão de Adolf Hitler.

Em 1945, as políticas seguidas com a Alemanha e o Japão vencidos foram diferentes. A Alemanha ficou dividida, mas como a Guerra Fria começou logo a seguir, soviéticos e ocidentais, depois dos primeiros tempos de brutal ocupação, tiveram o cuidado de tratar bem os “seus” alemães.

Continuar a ler

Meia década de pandemia e dois anos de newsletter: seguindo Adam Tooze na Policrise, in “República dos Pijamas”

Com a newsletter a fazer dois anos, aproveitamos para destacar um historiador económico que nos serve de inspiração. República dos Pijamas, fev 24

Há meia década um vírus impôs-se na nossa realidade. No final de 2019, a China informou a Organização Mundial de Saúde sobre uma série de casos de pneumonia. Em meados de janeiro de 2020, o primeiro caso de COVID-19 foi registado fora da China. Em fevereiro, no que era atribuído “às intensas relações que a China” mantinha com a Itália, a pandemia chegava à Europa. Apesar de os diagnósticos iniciais apontarem, ora para falhas particulares dos sistemas de saúde chinês e italiano ora para reações exageradas face a um vírus que seria controlável, a partir de março, boa parte do mundo entrava em quarentena.

Continuar a ler

A nádega e a fina agulha, por Manuel S. Fonseca, 22-02-2025, in “A Página Negra”

Foi uma fuga hiperbólica. Os diabólicos Rolling Stones tinham sido enganados por um austero contabilista e as finanças inglesas queriam trucidá-los. Tal como eu e o meu amigo Rui, em bolandas com a tropa, nos enfiámos clandestinamente no Lobito, nos idos de 74 e 75, os Stones zarparam Mancha abaixo, fintando Sua Majestade, e desaguaram na sumptuosa vivenda Nellcôte, na aldeiazinha que dá pelo delicioso nome de Villefranche-sur-Mer, em plena Côte d’Azur.

Continuar a ler

Rússia e EUA têm de limpar legado da administração de Joe Biden, in LUSA, 19-02-2025

Moscovo, 19 fev 2025 (Lusa) – O chefe da diplomacia russa defendeu hoje que Moscovo e Washington ainda têm de limpar o legado do ex-presidente Joe Biden, mas admitiu que os dois países “começaram a afastar-se da beira do abismo”.

Um dia depois de se ter reunido na Arábia Saudita com o homólogo norte-americano, Marco Rubio, Serguei Lavrov considerou que os contactos com a administração do Presidente Donald Trump são apenas “os primeiros passos”.

“Para já, precisamos de ‘limpar’ o legado da administração Biden, que fez tudo para destruir (…) a base de uma parceria a longo prazo entre os nossos países”, disse Lavrov, citado pela agência oficial russa TASS.

Continuar a ler

Europa vai aos EUA para acalmar Trump e na mala leva gás, carros e armas, in CNN Portugal

A intenção de Donald Trump de aplicar tarifas e iniciar uma “guerra comercial” contra a Europa deixou alarmados os principais responsáveis da União Europeia, que já está a desenhar um plano para seduzir o presidente americano.

Escreve o Politico que Maros Sefcovic, comissário europeu para o Comércio e Segurança Económica, viajou esta terça-feira para Washington D.C. com um denominado “pacote de cooperação” na bagagem.

Continuar a ler

Eleições presidenciais 2026 (11): O PR como “poder moderador”, por Vital Moreira, 16 de fevereiro de 2025, in Blog “Causa Nossa”.

«No regime político português o Presidente da República desempenha um papel que ultrapassa o do Chefe de Estado que simboliza a comunidade e unidade nacionais. O seu “poder moderador”, como cunhou Benjamin Constant, é ponto fulcral de equilíbrio no sistema. Equilíbrio entre os poderes independentes – executivo, legislativo e judicial; entre Governo e Oposição; entre os que actuam dentro das instituições e os que se sentem marginalizados, e, dentre estes, os motivados a “destruir o sistema”. (…) 

O Presidente não governa, não legisla, não julga; não funda partidos, nem lidera partes para tentar governar o todo; não “refunda”, nem destrói o “sistema”.»

Continuar a ler

Opinião | A Europa tem de acreditar em si própria | Victor Ângelo, in DN, 14-02-2025

Precisei de repetir mil vezes, ao longo de décadas, que a legitimidade e a autoridade obtidas em resultado de uma vitória eleitoral têm limites. A democracia, por mais limpas que sejam as eleições e por maior que seja a percentagem de votos obtida pelos vencedores, deve ser exercida dentro de um quadro de valores éticos e de um sistema institucional claramente definido pela Constituição do país. Vencer é assumir a responsabilidade de proteger a dignidade de todos os cidadãos, promover a equidade e o progresso, respeitar o estado de direito e a lei fundamental, e representar com credibilidade o país no domínio da cooperação externa. O dirigente que não veja o seu papel sob esse prisma, que tente vender a ideia de que a vitória lhe permite fazer tudo e mais alguma coisa, colocando-se acima da lei, comporta-se desde logo como um ditador. Se estiver à frente de uma grande potência, é igualmente uma ameaça francamente preocupante para a estabilidade e a paz entre as nações.

Continuar a ler

O esplendor da oligarquia, por Carlos Matos Gomes, 16-02-2025

O discurso do vice presidente dos Estados Unidos, J..D Vance, na Conferência de Segurança realizada em Munique, na semana de 10 a 15 de Fevereiro é uma extraordinária lição de política. Independentemente do que cada um possa pensar de J.D. Vance, ou de Trump, ou dos EUA, ou da Rússia, o discurso do vice-presidente dos EUA apresenta os fundamentos da prática política dos Estados Unidos desde a sua fundação: o poder assenta na força dos fortes e é essa força que permite apresentar os poderosos como virtuosos. Maquiavel afirmou o mesmo. Os europeus praticaram estes princípios até à Segunda Guerra Mundial, que colocou um fim no colonialismo e na falácia da missão civilizadora do Ocidente.

Continuar a ler

FADOS E GUITARRISTAS, por Francisco Seixas da Costa, in Facebook

No passado sábado, fui ao “Fama de Alfama” ouvir fado, com um grupo de amigos. Foi uma bela noite, com boas vozes e excelente música, numa “casa de fados” muito pouco “típica”: é que lá come-se bastante bem, a preços muito confortáveis. Convenhamos que não é normal! Quase protestei! 

A meio do espetáculo, o guitarrista Micael Gomes, que vim a saber ser conhecido como Mike 11 no “hip-hop”, que a imagem mostra, executou um magnífico improviso, um “blend” de sonoridades, no meio do qual me pareceu detetar algumas notas de Carlos Paredes. Como sou inseguro nas minhas perceções musicais, mas tendo o raro privilégio de estar sentado em frente da pessoa que, em Portugal, mais sabe dessas coisas, o meu amigo Rui Vieira Nery, vi a minha ideia confirmada.

E lembrei-me então do dia em que conheci Carlos Paredes. 

Continuar a ler

É altura de gerir o Turismo como merece, antes que seja tarde demais, por João Rodrigues Pena, in DN, 04-02-2025

Com o fim da pandemia em 2022, o turismo voltou de forma explosiva, dirigido em particular para certos destinos. O conceito de overtourism já existia, mas é nessa altura, com o crescimento vertiginoso dos afluxos e da oferta de alojamento que realmente ganha expressão.

Definido pela OMT como “o impacto do turismo num destino, ou em partes dele, que influencia excessivamente a perceção da qualidade de vida dos cidadãos e/ou a qualidade das experiências dos visitantes de uma forma negativa”, o overtourism é hoje um fenómeno absolutamente consensual, cujos efeitos nefastos são visíveis e combatidos em cidades como Barcelona, Veneza, Dubrovnik ou Amesterdão, ou em pequenos territórios como Santorini, Islândia, Bali ou Koh Samui.

Continuar a ler

Duelo EUA e China em IA, por António Jaime Martins, in Diário de Notícias

O ChatGPT, criado pela norte-americana OpenAI, e o DeepSeek, criado pela startup chinesa em ascensão, devem ser analisados sob dois prismas: desenvolvimento tecnológico e impacto regulatório. A criação do ChatGPT, um modelo de linguagem de grande escala (LLM), implicou elevados recursos computacionais e avultados investimentos. Já o DeepSeek-R1, modelo mais evoluído daquela startup chinesa, promete um desempenho semelhante ao ChatGpt o1 (modelo de raciocínio mais avançado da OpenAI) com menos energia e capital, levantando questões sobre a eficiência e sustentabilidade do modelo de IA norte-americano.

Continuar a ler

Memórias da Gronelândia, por José Pacheco Pereira, in Blog “Entre as Brumas da Memória”

«Há alguns anos, no âmbito de funções que tinha na Assembleia da NATO, tive ocasião de passar algum tempo na Gronelândia. Agora que Trump se lembrou de incluir a grande ilha na sua lista imperial – coisa que em bom rigor não lembrava a ninguém – as memórias dessa viagem regressaram e algumas ajudam-me a ver fisicamente o que ele quer. E como, com excepção de algumas trágicas mortes de pescadores nos confins da pesca do bacalhau que lá estão enterrados, poucos portugueses conhecem a Gronelândia, e nenhuns estiveram em alguns dos sítios que visitei, aqui ficam algumas dessas memórias. Deixo de lado os motivos clássicos da ganância imperial, como sejam as riquezas minerais ou a geopolítica do Ártico, valorizada pela abertura de passagens marítimas que até agora não eram navegáveis, ou as asneiras que ouvi de alguns dos nossos ecologistas preocupados pelas florestas locais, numa terra onde não há praticamente árvores que confundiam com a Sibéria.

Continuar a ler

A recondução de Centeno, por Filipe Alves, Diretor do Diário de Notícias, 31-01-2025

A eventual recondução do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, tem merecido comentários por parte dos líderes dos maiores bancos nacionais. Na quinta-feira, foi a vez de João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, defender a recondução de Centeno para um segundo mandato, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados anuais do banco. Descrevendo o governador como “independente”, o CEO do BPI defendeu que Centeno tem prestígio internacional e que a “sua continuidade seria algo positivo”. Para logo acrescentar, de forma salomónica: “Se não for o professor Mário Centeno, cá estaremos para o receber. Se for, continuaremos no bom caminho.”

Continuar a ler

Memória da literatura goiana | Com 23 ensaios ricos em pesquisas, obra faz um levantamento da produção literária em Goiás em quase três séculos, por Adelto Gonçalves 

                    I
Um panorama do que os literatos produziram no Estado de Goiás em quase três séculos é o que traz o livro Goiás + 300 – Literatura, volume V de um box que reúne mais duas obras – Cronistas e Viajantes, volume IV, e Povos Originários, volume VI. O volume V é formado por 23 capítulos que contam com a participação de 28 autores e foi organizado por Goiandira Ortiz de Camargo, doutora em Literatura Brasileira, pós-doutora em Poesia Brasileira e professora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG), Maria Severina Guimarães, doutora e pós-doutora em Estudos Literários pela UFG e professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e Bento Jayme Fleury Curado, doutor (UFG) e pós-doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), professor da Secretaria de Educação de Goiás e sócio do Instituto Cultural e Educ acional Bernardo Élis para os Povos do Cerrado (Icebe).

Continuar a ler

O Muro de Berlim caiu mas as cicatrizes continuam abertas, in República dos Pijamas, 04/11/2024

Os alemães de Leste não demonstram querer regressar aos tempos da RDA, mas tampouco estão satisfeitos com o “sucesso da reunificação”.

Esta semana, a queda do Muro de Berlin celebra 35 anos, um acontecimento visto como o início do fim da Guerra da Fria. Em menos de dois anos, as duas Alemanhas voltavam a ser um único país. Nessa altura, os alemães de Leste votaram esmagadoramente a favor dos partidos dominantes no Ocidente (CDU e SPD). O PDS, partido herdeiro do regime socialista estabelecido na zona de influência soviética, obteve apenas com 16,4% dos votos (1,9 milhões). Meses depois, na primeira eleição legislativa da Alemanha unificada, o PDS perdeu cerca de 750 mil votos.

https://republicadospijamas.substack.com/p/o-muro-de-berlim-caiu-mas-as-cicatrizes