Os canais oficiais dizem que o 25 de Abril representou a libertação da ditadura, mas que só após o 25 de Novembro o «regime democrático» ficou consagrado. Será verdade? Que ideologia se afirmou e que classes comemoram, no 25 de Novembro, a contrarrevolução?
No livro Do 25 de Novembro aos Nossos Dias, a historiadora Raquel Varela e o investigador Adriano Zilhão propõem-nos uma análise histórica da revolução e da contrarrevolução do ponto de vista dos trabalhadores que fizeram a primeira – e sofreram a segunda.
Sou das pessoas que esteve no Largo Primeiro de Maio em Luanda na noite histórica de 11 de Novembro de 1975, quando o Presidente Agostinho Neto proclamou a independência de Angola. Nessa noite única, sentimos que naquela praça, cheia de entusiasmo e alegria, desaguavam os sonhos e as lutas de gerações e gerações de angolanos que tinham lutado contra o regime colonial pela independência.
Nova obra de Aristóteles Drummond reúne artigos publicados em Portugal sobre as relações entre os dois países nos últimos 200 anos
I As relações luso-brasileiras e da comunidade das letras e das artes de Brasil e Portugal constituem a maior parte dos 64 artigos do jornalista e empresário brasileiro Aristóteles Drummond publicados de abril de 2018 a janeiro de 2023 no semanário impresso ODiabo, de Lisboa, agora reunidos em CartasdeLisboa – Umavisãodadireitaesclarecidasobreahistórialuso–brasileira (São Luís-Coimbra, Livraria Resistência Cultural Editora, 2023). Da obra, faz parte também uma entrevista que o autor deu à jornali sta Ana Taborda e que saiu na revista semanalportuguesa Sábado, deLisboa, em9/10/2021.
A leitura de “A Última Lição de José Gil” (1) fez-me reparar num aspecto que normalmente não é considerado. Trata-se da motivação para o estudo da Filosofia. José Gil refere o exemplo de Platão que era um aristocrata e que nessa condição estaria destinado à Política. No entanto terá sido a morte injusta do seu mestre Sócrates que o aproximou da procura de saber o que era a justiça.
No caso do próprio José Gil foi o poder captar a intensidade das coisas e da vida. E intensidade é definida como tudo o que na ordem da existência é um desencadeador, um tradutor que mantém e conserva as forças.
Obra recupera trajetória do historiador Augusto de Lima Júnior e a representação da Inconfidência Mineira em suas obras
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A trajetória de um escritor responsável por uma obra que se tornou referência obrigatória na historiografia de Minas Gerais é o que o leitor vai encontrar em Polêmica, patrimônioearte: aobradeAugustodeLimaJúnior (Belo Horizonte, Fino Traço Editora, 2018), de Camila Kézia Ferreira, professora da rede municipal de ensino de Taubaté-SP e mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com trabalho desenvolvido entre 2014 e 2016.
Quer surpreender e envolver o seu público com um romance brasileiro único? Conheça Maria Firmina e a Ameaça Subterrânea, de Rafael Santos Ribeiro, uma narrativa que combina fantasia, mistério e crítica social na São Luís do século XIX.
Novo livro de Maria Estela Guedes reúne ensaios sobre as obras de Maria Azenha
I Aprofundados estudos sobre livros que fazem parte da extensa obra de Maria Azenha, talvez a mais significativa poeta portuguesa contemporânea, é o que o leitor vai encontrar em Na CasadeMariaAzenha (Lisboa, Edições Esgotadas, 2025), de Maria Estela Guedes, poeta e ensaísta. De início, a autora deixa claro que a maior parte dos poemas de Maria Azenha revela sinais muito fortes de misticismo, de que o seu livro Oúltimo rei de Portugal (Lisboa, Fundação Lusíada, 1992) é um dos mais marcantes exemplos.
Com 25 capítulos ricos em pesquisas, obra reconstitui trajetória das populações indígenas no território do Centro-Oeste
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I Um resgate da história de violência e dizimação das populações que já viviam no atual território brasileiro à chegada dos invasores portugueses, em 1500, é o que o leitor vai encontrar em Goiás+300 – Reflexão e Ressignificação – PovosOriginários, volume VI, editado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), Instituto Cultural e Educacional Bernardo Élis para os Povos do Cerrado (Icebe) e Sociedade Goiana de História da Agricultura (SGHA). Trata-se de obra composta por 25 capítulos escritos p or 38 autores, alguns deles indígenas, que contou com a organização das professoras Poliene Bicalho, doutora em História Social pela Universidade do Brasil (UnB), Marlene Ossami de Moura, doutora em Antropologia pela UniversitéMarcBloch, de Strasbourg, França, e Vanessa Iny-Karajá, pedagoga pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Obra do professor Flávio R. Kothe ressurge em nova e ampliada versão, com alteraçõese adendos
I Até o século XIX, a arte sempre serviu para mostrar como a classe dominante exercia o seu domínio sobre escravos, servos e trabalhadores, incluindo aqui os povos originários que viviam nas terras que seriam colonizadas por invasores europeus. E o herói viveu seu papel em diferentes momentos históricos, mostrando a contradição das forças sociais. É o que expõe o professor Flávio R. Kothe em OHerói (São Paulo, Editora Cajuína, 2022), obra escrita há mais de 40 anos, mas que recebeu nova versão, ampliada, com alterações e adendos, na qual mostra que os heróis clássicos são todos da classe alta, tanto o herói épico como o trágico.
Obra da atriz e doutora em Letras Flávia Resende discute a influência da peça de Sófocles em contextos pós-conflitos
I Decifrar a imagem mítica de quatro Antígonas – duas europeias, duas latino-americanas, todas escritas num contexto de estado de exceção e, obviamente, totalitário – é o que busca a professora e atriz Flávia Almeida Vieira Resende em Antígonas, Apropriaçõespolíticasdoimagináriomítico (Belo Horizonte, Editora da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, 2023), originalmente apresentado como tese de doutoramento na Faculdade de Letras da UFMG, em 2017.
A partir do texto fundador do dramaturgo grego Sófocles (497/496a.C-406/405a.C.), um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo (525/524a.C-456/455a.C) e Eurípedes (ca.480 a.C-406a.C.), a autora procura analisar as formas de organização do imaginário mítico de Antígona (em grego Ἀντιγόνη), figura da mitologia grega, irmã de Ismênia, Polinice e Etéocles, todos filhos do casamento incestuoso de Édipo e Jocasta.
Um basta à deformação de fatos históricos | Obra do professor Flávio R. Kothe faz uma revisão de ideias feitas repassadas a gerações de leitores
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Uma revisão radical de conceitos e preconceitos, além de uma profunda reavaliação de obras tidas como consagradas, é o que o leitor irá encontrar em CânoneImperial (São Paulo, Editora Cajuína, 2025), do professor e tradutor Flávio R. Kothe. Trata-se de uma continuação do livro OCânoneColonial, publicado pela Editora da Universidade de Brasília (UnB), em 1997, que recebeu versão revista e ampliada, em 2020, pela Editora Cajuína. A obra reúne ensaios que analisam e redescobrem textos de autores que foram esquecidos por questões ideológicas e contesta outros que fazem parte de antologias e livros didáticos que teriam sido escolhidos não por sua qualidade artística, mas por conveniência política, por convicção doutrinária ou por imposição do establishment.
“As imensas distâncias até as estrelas e as galáxias significam que todos os corpos que vemos no espaço estão no passado, alguns deles como eram antes que a Terra viesse a existir. Os telescópios são máquinas do tempo.
Há muitas eras, quando uma galáxia primitiva começou a derramar luz na escuridão circundante, nenhuma testemunha poderia ter adivinhado que bilhões de anos depois blocos remotos de rocha e metal, gelo e moléculas orgânicas se juntariam para formar a Terra; nem que surgiria a vida, ou que seres pensantes evoluiriam e captariam um ponto dessa luz galáctica, tentando decifrar o que a enviara em sua trajetória.
Depois que a Terra morrer, daqui a uns 5 bilhões de anos, depois que for calcinada ou tragada pelo Sol, surgirão outros mundos, estrelas e galáxias, e eles nada saberão de um lugar outrora chamado Terra”. Carl Sagan, Pálido Ponto Azul, cap. 2 – Aberrações da Luz.
O mundo natural está a desaparecer aos poucos. As provas estão por toda a parte. Aconteceu durante a minha vida. Eu vi com os meus próprios olhos.
E irá levar à nossa destruição.
Sinopse| «Para a vida prosperar neste planeta, tem de existir uma imensa biodiversidade. Só quando milhares de milhões de organismos conseguem tirar o máximo partido de cada recurso e oportunidade que encontram, e só quando milhões de espécies vivem vidas que se interligam de modo a sustentarem-se umas às outras é que o planeta pode funcionar com eficiência.
Quanto maior for a biodiversidade, mais segura será toda a vida na Terra, incluindo nós próprios. Contudo, o modo como nós, seres humanos, vivemos hoje na Terra está a colocar a biodiversidade em declínio.
O mundo natural está a desaparecer aos poucos. As provas estão por toda a parte. Aconteceu durante a minha vida. Eu vi com os meus próprios olhos. E irá levar à nossa destruição. Contudo, ainda há tempo para desligar o reator. Existe uma boa alternativa. Este livro é a história de como chegámos aqui, do nosso grande erro e de como, se agirmos já, podemos corrigi-lo.»
Em nova obra, “Lá, Seremos Felizes”, Nicodemos Sena reconstitui o drama dos marginalizados através de personagem neopícaro.
I A missão da história e da crítica literária consiste num trabalho permanente de revisão do passado, com vistas a uma avaliação mais correta da sua herança para as gerações futuras, como observa o professor Massaud Moisés (1928-2018) em MachadodeAssis: FicçãoeUtopia (São Paulo, Editora Cultrix, 2007, p. 21). Nesse sentido, o romance Lá, SeremosFelizes (Curitiba, Kotter Editorial, 2025), de Nicodemos Sena, é um exemplo bem-acabado para a reavaliação por que passa a história literária que tem a Amazônia como fulcro, consolidando o nome do seu autor como um dos principais escritores que tomaram aquela região como tema para suas obras, ao lado de Euclides da Cunha (1866-1909), Dalcídio Jurandir (1909-1979), Luiz Bacellar (1928-2012), Aníbal Beça (1946-2009), Márcio Souza (1946-2024), Milton Hatoum e Eliane Brum.
Algumas cartas (ou bilhetes) de natureza familiar e outras trocadas com literatos conhecidos, como os poetas Helena Kolody (1912-2004), José Paulo Paes (1926-1998) e Manoel de Barros (1916-2014), o contista Dalton Trevisan (1925-2024) e o historiador e crítico literário Wilson Martins (1931-2010), constituem o acervo pessoal que compõe o livro Cartinhasreenviadas (Ponta Grossa-PR, Container Edições, 2024), do professor universitário Miguel Sanches Neto, escritor profícuo, dono de vasta obra que abrange mais de 50 títulos. Trata-se de uma “espécie de ossos desemparceirados em um túmulo coletivo”, na definição do autor.
É um material que revela ao leitor lances da vida literária do escritor, desde a época em que deixou a pequena Peabiru, no interior do Paraná, para se tornar um grande escritor, além de cumprir brilhante carreira acadêmica que o levou a reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), cargo que ocupa desde 2018. A obra reúne cartas de uma época em que o papel fazia parte da vida cotidiana, ao contrário destes tempos digitais em que a correspondência dura apenas até o momento em que aparece uma inovação tecnológica que a manda para os ares.
Obra reúne estudos do historiador inglês Kenneth Maxwell sobre a situação política no país desde a sua primeira visita em 1964.
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Uma visão de como estava Portugal nos anos que antecederam o golpe militar que derrubou o regime do Estado Novo, herança do salazarismo, no dia 25 de abril de 1974, abre o livro Perspectives on Portuguese History – The 2024 Lectures by Professor Kenneth Maxwell (Grã Bretanha, Robbin Laird, editor, edição em inglês e português, 2025), que reúne também as últimas conferências do autor realizadas em 2024 em São Paulo, Lisboa e na cidade histórica de São Cristóvão, em Sergipe, a propósito das comemorações dos 50 anos do movimento que derrubou a mais antiga das ditaduras na Europa.
O relato inicial Maxwell o escreveu em seus verdes anos, quando viveu alguns meses em Portugal, em 1964, logo depois de sua chegada à Universidade de Princeton, em Nova Jersey/EUA, e mostra a Lisboa daquele tempo em que a PIDE, a polícia política, exercia um grande poder sobre os corações e mentes dos portugueses sob a liderança do primeiro-ministro António de Oliveira Salazar (1889-1970), à época já um “caudilho envelhecido” e atarantado como o destino do país em meio a guerras que duraram treze anos (1961-1974) na África na tentativa de manter as possessões lusitanas (Guiné-Bissau, Moçambique e Angola) que faziam parte daquilo que ele chamava de “bocados de Portugal espalhados pelo mundo”.
Novo livro do poeta Márcio Catunda constitui um roteiro erudito de visitas a museus, monumentos e cidades históricas da Itália
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Quem já viajou pela Itália ou pretende conhecê-la de perto, visitando seus imorredouros monumentos artísticos, não pode deixar de ler Sinfonia Italiana – Uma história da arte na Itália (Rio de Janeiro, Ventura Editora, 2024), do poeta e diplomata Márcio Catunda. Trata-se de um relato de sete viagens que o autor fez àquele país em que estuda e comenta, de maneira informal e linguagem extremamente poética e elegante, as obras expostas em museus, igrejas e praças de Veneza, Florença, Milão, Bérgamo, Bolonha, Roma e Nápoles, descrevendo monumentos, estátuas e pinturas de todos os períodos da história da Itália.
A Desobediente, já na 7.ª edição, mais do que uma narrativa biográfica, é uma conversa íntima, em vários momentos sussurrada ao ouvido, com uma mulher, poetisa, mãe, ativista política e uma das vozes mais influentes e inquebrantáveis de Portugal.
A cerimónia de entrega do prémio decorreu ontem, dia 5 de junho, pelas 17h, na Feira do Livro de Lisboa, e contou com a presença da autora, que participou numa conversa com Maria João Costa.
Criado em 2022, este prémio tem como objetivo reconhecer a melhor obra original em língua portuguesa, de autor lusófono, publicada no ano anterior. Nesta 3.ª edição, a escolha de A Desobediente, da autoria de Patrícia Reis, coube a mais de quatrocentos livreiros da rede de livrarias Bertrand, que elegeram a obra vencedora de entre os dez finalistas apurados no âmbito do Prémio Livro do Ano Bertrand 2024. O vencedor é reconhecido com um lugar de destaque nas livrarias Bertrand e um prémio pecuniário no valor de dez mil euros.
Para mais informações, consulte a nota de imprensa aqui. Para marcação de entrevistas com o autor, p.f. responda a este e-mail.
Em livro que foge às definições de gênero, Raquel Naveira apresenta, em prosa poética, reflexões sobre a condição humana|Adelto Gonçalves (*)
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Reflexões de uma mulher madura, sensível, amante das Letras e das Artes, à janela, diante de uma noite salpicada de estrelas, compõem UrsaMaior (São Paulo, Scoprtecci Editora, 2025), o mais recente livro da professora universitária, poeta, romancista, contista, cronista, crítica literária e ensaísta sul-mato-grossense Raquel Naveira. Obra de gênero de difícil classificação, para a qual a autora arrisca como definição que seria um “romance em desordem, fragmentário, um amontoado de estudos”, trata-se de uma criação ficcional plasmada em prosa poética, dividida em três capítulos – “Pontos luzentes”, “Astros cintilantes” e “Luminescências” –, que há de encantar até o leitor mais exigente.
O título vem exatamente do olhar feminino para a imensidão do cosmos, durante certa madrugada, em que a autora localizou a constelação da Ursa Maior, que, diante de sua solidão, passa a ser sua interlocutora. Dessa maneira, aos poucos, passa a transmitir ao leitor suas angústias, suas leituras, seus poetas e escritores preferidos, seus gostos e delírios, levando adiante um processo de autoconhecimento.
Composto por textos fragmentados que exploram diferentes aspetos do quotidiano como as amizades, as aspirações, o amor e o trabalho, As Coisas Que Só Vemos Quando Abrandamos apresenta múltiplas reflexões sobre como processar emoções negativas e enfrentar desilusões em cada domínio da vida.
“Só quando abrandamos conseguimos ver com clareza as nossas relações, os nossos pensamentos, a nossa dor. Ao abrandar, deixamos de estar presos a eles. Podemos recuar e apreciá-los tal como são”, escreve Haemin Sunim, autor e um dos mestres budistas mais influentes do nosso tempo.
Sunim acredita ainda que a perceção que temos do mundo é um reflexo daquilo que se passa na nossa mente. Importa, por isso, pensar sobre uma nova forma de estar presente, mais consciente e empática.
Com base na filosofia budista, As Coisas Que Só Vemos Quando Abrandamos relembra-nos de que, muitas vezes, é no silêncio que podemos encontrar as respostas mais importantes e reveladoras.
As Coisas Que Só Vemos Quando Abrandamos chega às livrarias a 5 de junho.
Obra conjunta dos poetas Ademir Demarchi e Paulo de Toledo homenageia tradicional bairro de Santos.
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Um poemário que evoca o tradicional bairro do Campo Grande, em Santos, no Litoral do Estado de São Paulo, é o que o leitor vai encontrar em Poetasbairristas (São Paulo, Editora Primata, 2024), de Ademir Demarchi e Paulo de Toledo, obra premiada pelo 10º Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes, promovido pela Prefeitura de Santos, por intermédio de sua Secretaria de Cultura – Programa de Apoio Cultural Facult 2022. Os poemas partem do fato de os poetas serem vizinhos de duas quadras no Campo Grande, assunto explorado com fina ironia e indisfarçável amor ao singelo bairro.
Esta lista foi elaborada a partir da minha própria formação e dos meus interesses intelectuais, reunindo obras que considero fundamentais para quem busca um contato profundo com as grandes tradições da filosofia, da literatura, da política e da cultura.
Embora não se trate de uma seleção rígida ou definitiva — afinal, cada leitor poderá acrescentar títulos e autores segundo sua vivência e sensibilidade —, ela serve como um guia confiável para uma formação sólida, ampla e duradoura. Organizada em ordem cronológica, contempla textos que atravessam séculos e civilizações, oferecendo uma base rica para o desenvolvimento do pensamento, da imaginação e da vida interior.
Acrescento, por fim, que esta lista, apesar de extensa, não esgota os autores que admiro. Muitos nomes ficaram de fora — e isso não por desmerecimento, mas por limites de espaço e de foco. Se incluísse todos, ultrapassaríamos facilmente a casa das centenas. Ainda assim, o que aqui se apresenta é, creio eu, um conjunto robusto e inspirador, digno de quem deseja se formar com profundidade..
Três grandes cidades reconstruídas Obra recente do historiador inglês Kenneth Maxwell recupera a história da reconstrução por que passaram Londres, Lisboa e Paris. Adelto Gonçalves.
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Examinar os esforços de reconstrução de três grandes cidades europeias foi a ingente tarefa a que se dedicou o historiador inglês Kenneth Maxwell ao escrever TheTaleofThreeCities – TheRebuildingofLondon, Paris, andLisbon (Robbin Laird, editor, SecondLineofDefense, 2025), obra que acaba de ser lançada na Inglaterra e nos Estados Unidos com textos em inglês, português e francês. É o resultado da leitura que o autor fez na abertura de um colóquio internacional sobre Arte e Literatura Luso-Brasileira, realizado na Universidade de Harvard, em setembro de 2024.
“As nossas cabeças são redondas para que as nossas ideias possam mudar de direção”. FRANCIS PICABIA , via Julian Barnes in Livro MUDAR DE IDEIAS. Leitura recomendada (vcs)
Dou a palavra a uma ou duas perguntas do meu neto. Que, diga-se, muito ajudaram a educar o avô.
Foi o cometa Halley que agarrou em Mark Twain e o tirou de um qualquer buraco negro para o fazer nascer na terra. O Halley o trouxe, o Halley o levou: 75 anos depois, estava Halley o mais próximo que lhe é dado estar do Sol, pimbas, puxou Twain pelo fundilho das calças em direcção ao infinito, como se fosse Huckleberry a arrebatar o escravo Jim, no célebre romance de amor em fuga dos dois. Ou talvez Halley tivesse puxado Twain pelas ceroulas, que em geral é de roupa interior e íntima que se parte para a eternidade.
«O tema essencial da vida de Dostoievsky é a desgraça. Com uma ascendência em que se misturavam o melhor e o pior, êxtases de místicos e impulsos de assassinos, mas em que o tom geral era o do desequilíbrio e da doença, nasceu o escritor em Moscovo, em 12 de Outubro de 1821.
O pai era médico dos hospitais e logo de início teve Dostoievsky, como ambiente de vida, as conversas sobre doentes, a atmosfera lenta e mórbida dos pavilhões, as faces desalentadas e tristes dos internados. Em casa, o pai comportava-se como um tirano sombrio, com crises terríveis de mau humor; todo o mundo em volta se conjurava para dar ao pequeno a impressão de que a vida era um fardo trágico, de que a nossa existência se devia passar na resignação ou na revolta, sem lugar para as construções compreensivas e serenas. O colégio, como era natural, não fez mais do que acentuar esta visão da vida e o conflito interior de Dostoievsky entre uma necessidade de expansão em que todas as forças internas lhe pareciam destruir o próprio corpo e uma timidez, um jeito de sofrer, que já o tinham desacostumado de toda a esperança e de toda a alegria.
Temas e Debates partilha que o livro A Invenção da Biologia, de Jason Roberts, venceu o Prémio Pulitzer 2025 na categoria de Biografia. Em Portugal, chegará às livrarias a 12 de junho.
O anúncio dos vencedores foi feito esta segunda-feira, dia 5 de maio. «Uma dupla biografia de Carl Linnaeus e Georges-Louis de Buffon maravilhosamente escrita. Contemporâneos do século XVIII que dedicaram as suas vidas a identificar e descrever os segredos da Natureza e que continuam a influenciar a forma como entendemos o mundo.» Foi assim que a administradora dos Prémios Pulitzer, Marjorie Miller, apresentou o livro como um dos nomeados, antes de o anunciar como o vencedor na categoria de Biografia. A obra tem como título original Every Living Thing: The Great and Deadly Race to Know All Life. A obra chega às livrarias a 12 de junho.
Gonçalo M. Tavares: Uma Mesa de Pingue-pongue e um Pequeno Lago é uma conversa entre José Jorge Letria e o escritor de quem o Nobel português, quando Jerusalém venceu o Prémio José Saramago, disse: «Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos. Dá vontade de lhe bater!»
Neste encontro com José Jorge Letria, o rapaz que gostava de treinar futebol à chuva fala da biblioteca da infância – de filme, com dois pisos e uma escadinha – do humor do pai e das suas frases viradas do avesso; da sua desarrumada leitura e das suas muitas escritas; e da sua comoção perante a resistência do livro ao avanço dos tempos, numa conversa em ainda há tempo para falar de Céline, música tecnicamente frágil, ética, tecnologia e o flagelo da guerra, quando se verifica, com esperança, o magnífico poder dos livros para circular nas condições mais extremas.
Às quatro da manhã, quando a promessa de um novo dia ainda vinha por terras da França, levantava-se da cama e ia para o campo, levando até a erva meia dúzia de porcas cuja fertilidade ele e a mulher se alimentavam.
Viviam desta escassez meus avós maternos, da pequena criação de porcos que depois do desmame eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga era o seu nome, na província do Ribatejo.
Eles se chamavam Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro de casa, eles recolhiam os leitões mais fracos das pocilgas e os levavam para a sua cama.
“O «grande contador da história da Rússia» (Financial Times). Nenhum país está tão dividido sobre o seu passado quanto a Rússia. Nenhum outro tem alterado a sua história tão frequentemente. O que os russos dizem dela, e como a reinventam ao longo do tempo, é um aspeto fundamental da sua memória, cultura e crenças.
De forma a compreender o que o futuro da Rússia reserva – descortinar o que o regime de Putin significa para o seu povo e para o mundo – primeiro temos de compreender as ideias e significados dessa história. Em A História da Rússia Orlando Figes põe em evidência as vibrantes personagens que integram o riquíssimo passado daquele país, e o que elas fizeram que permanece determinante para que a atual maior nação do mundo faça sentido – da coroação de Ivan, o Terrível aos 16 anos numa catedral iluminada à luz das velas, à surpreendente prisão por parte de Catarina a Grande do marido no palácio dele, e ao fim trágico dos Romanov.
Magnificamente escrita e baseada numa vida de estudo e de investigação, A História da Rússia é uma inultrapassável e definitiva obra do atual grande contador da história da Rússia: arrebatadora, profunda, magistral.”
«As constituições são, afinal de contas, as leis mais importantes numa democracia, num país governado pelo e para o povo», escreve C. L. Skach no início do seu livro. Contudo, acrescenta que agora estamos numa altura em que é preciso «fazer com que a democracia funcione de modo diferente» e, segundo a autora, a solução é «um cidadão de cada vez». Em Como Exercer a Cidadania – 6 lições para construirmos um mundo melhor, enumera as seis áreas que considera essenciais para estimular uma boa cidadania: liderança, direitos fundamentais, espaços públicos, segurança alimentar e ambiente, diversidade social e educação.
C. L. Skach conta que a sua «vida adulta como promotora da lei começou provavelmente com a queda do muro de Berlim». Dedicou anos à academia e a ajudar a construir as malhas de leis e regras parlamentaristas que estruturam a ordem das sociedades.
O lançamento do livro terá lugar no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, pelas 17h30 do dia 23 de abril. A sessão contará com a participação de Leonor Beleza e Maria de Lurdes Rodrigues e com a apresentação de Miguel Sousa Tavares e João Caupers.
Pela Reforma da Justiça: o Manifesto dos 50 e o debate público sobre a agenda da reforma pretende dar continuidade ao movimento cívico iniciado pelo Grupo do Manifesto dos 50, no ano em que se assinalaram os 50 anos do 25 de Abril. Vozes de diferentes quadrantes políticos, com experiências profissionais distintas, refletem sobre a transversalidade das preocupações com o atual Sistema de Justiça português, nomeadamente a morosidade, a ineficiência, os custos e o desrespeito pelos direitos, liberdades e garantias.
«O Manifesto quis ainda incentivar os decisores políticos a realizarem, com urgência, uma reforma suficientemente profunda e conduzida com o mais amplo consenso possível, para que estivesse bem alicerçada e fosse duradoura», pode lerse na nota prévia. Deste modo, dezenas de personalidades como Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, David Justino, Eduardo Ferro Rodrigues, Maria Manuel Leitão Marques, Mónica Quintela, Maria de Lurdes Rodrigues, Paulo Mota Pinto, Rui Rio e Vital Moreira unem-se em torno de um objetivo comum, o de promover uma reforma urgente, profunda e consensualizada da justiça portuguesa.
Objetivando buscar a valorização da cultura afro brasileira e mostrar sua importância para as novas gerações será realizado dias 4, 5 e 7 de abril o Festival Afro Jequié na Colégio Quilombola Dr. Milton Santos. O projeto do festival conta com apoio financeiro da Política Nacional Aldir Blanc – PNAB através do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Jequié, tendo como proponente a yalorixá, professora e baiana de acarajé, Jocélia Santos Vaz, Mãe Célia.
Em Anónimos de Abrileste livro conta-se e canta-se a história de mulheres e homens que lutaram pela Liberdade, mas cujo nome pouco dirá à maior parte dos portugueses. A ideia nasceu em homenagem a Celeste Caeiro e como ela, muitas outras figuras abriram caminho à Liberdade – muitas vezes pagando com a própria vida. Os Anónimos de Abril aqui reunidos são os protagonistas das canções a que serviram de inspiração e que podem ser ouvidas por intermédio de um QRCode. Por isso, este livro é também um disco.
No dia 5 de abril, pelas 17h00, temos encontro marcado na rua de Miraflor, com apresentação de Júlio Machado Vaz. Estarão também connosco o jornalista Miguel Carvalho e uma “anónima de Abril”, Branca Carvalho. Rogério Charraz e Joana Alegre interpretarão algumas canções.
O lançamento do livro Quatro Personagens à Procura de Abril, de Luís Reis Torgal, vai ter lugar na Casa Municipal de Cultura, em Coimbra, pelas 18h00 do dia 8 de abril. A sessão vai contar com a presença do autor e com apresentação de Maria Inácia Rezola.
Uma sessão de apresentação terá lugar na Sede da Associação 25 de Abril (em Lisboa), pelas 18h00 do dia 10 de abril. A sessão vai contar com a presença do autor e com apresentação de Maria Inácia Rezola.
Em Quatro Personagens à Procura de Abril, Luís Reis Torgal combinou a proximidade aos quatro protagonistas deste livro com a experiência de ter sido militar enviado para a guerra na Guiné e ainda com a objetividade de historiador. A obra é também uma homenagem à Revolução de 1974 no seu 50.º aniversário.
Antes do adeus à Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira «não deixa nada por dizer»?
Lisboa, 31 de março de 2025 – Ponto Final., da autoria de Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, chega às livrarias pelas mãos da Contraponto no próximo dia 17 de abril.
Dois dias antes, a 15 de abril, o livro tem pré-lançamento marcado na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, pelas 18h30, com apresentação de Paulo Portas. Em Lisboa, a sessão de lançamento está agendada para o dia 21 de abril, pelas 18h30, no El Corte Inglés, com apresentação de Sérgio Sousa Pinto.
Luta do poeta Heberto Padilla contra a opressão do regime cubano permanece viva
Ao revirar papeis e livros, encontrei uma entrevista que fiz em dezembro de 1988 com o poeta cubano Heberto Padilla (1932-2000). Foi uma entrevista feita por troca de correspondência, ainda a uma época em que não se dispunha dos meios digitais. Na carta que me enviou por correio com as respostas para as perguntas que eu lhe havia remetido, Padilla dizia que gostaria muito de conhecer melhor o Brasil, já que só tivera a oportunidade de passar algumas horas no Rio de Janeiro, a caminho de Buenos Aires, onde iria participar de um feira de livros, em 1985.
Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar estas linhas às pessoas: Uma flor !
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor. Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!
A voz dos excluídos. Em seu derradeiro livro, Helio Brasil reconstrói, com uma linguagem dura, sem adornos, o mundo violento da periferia carioca.
I Depois de lançar o romance A Pele do Soldado (Rio de Janeiro, Editora Mauad X), em 2022, Hélio Brasil volta a mostrar que continua em plena forma como ficcionista, ao publicar Onze Contos Malditos (Rio de Janeiro, Editora Lacre, 2024), obra em que, “na flor da idade, com seus noventa anos”, reúne textos “nada suaves, mas realistas, trágicos e, às vezes, chocantes”, como observa, com acerto, o escritor e advogado Gilberto Moog no texto de apresentação. Este lead já estava pronto quando veio a notícia infausta: o autor faleceu dia 14 de março de 2025, sexta-feira, no Rio de Janeiro, aos 94 anos, deixando vasta obra que inclui livros de contos, novelas, romances e memórias, especialmente sobre o bairro carioca de São Cristóvão, onde, praticamente, sempre morou.
O escritor brasileiro Machado de Assis rompe com o idealismo romântico de toda uma geração de escritores (por exemplo José de Alencar) e inagura uma outra escola literária: o realismo.
Mas, além desse mérito, ele também é conhecido como o mestre da ironia, recurso do qual usa e abusa na maioria de suas histórias.
“A Filosofia tem um perigo terrível, que é o de cada homem, por esse pensamento filosófico, acabar de construir uma verdade e achar que é o senhor da Verdade e, portanto, ter quase à mão uma Inquisição pronta a agir.
Quanto à Ciência é a mesma coisa. Quanto à Ciência, também o perigo de pensarmos que o Universo é inteiramente racional, que o Universo é inteiramente matemático, que tudo está dentro de uma determinação de lógica matemática quando, hoje, a própria Física Quântica está a chegar ao ponto de ter de concordar que a Vida tem mais imaginação que a Matemática.
I Depois de escrever vários livros em que reconta a História do Brasil, com base em documentos manuscritos de arquivos portugueses e brasileiros, o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti acaba de publicar Borbulhar da Memória (Edições Júlio e Maria, 2024), em que trata de reconstituir a história de sua própria família, gente oriunda do agreste e do sertão de Alagoas, entre Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema, que se transferiu para Maceió em 1947, quando o autor tinha apenas três anos, e, finalmente, para o Rio de Janeiro, em 1962.
Para melhor recuperar os anos perdidos, o autor ainda agrega ao livro depoimentos de quatro de seus irmãos, que enriquecem o trabalho.
Pediu o título emprestado a Séneca e conquistou o Prémio José Saramago no final de 2024. Morramos ao menos no porto, o segundo livro de Francisco Mota Saraiva, chega às livrarias a 20 de março com carimbo da Quetzal Editores. Trata-se de um romance que abala os fundamentos da narrativa clássica, um fogo que alastra até consumir todas as suas personagens e que revela o seu autor como uma voz poderosa na literatura portuguesa.
Intenso e comovente, o novo Prémio José Saramago é um romance que trata da perda, da melancolia e da recordação, num registo fragmentado que desafia o leitor. Morramos ao menos no porto acompanha a ligação de Silvina e António, um retrato de um casamento de vinte e cinco anos contado em diferentes dimensões. Um livro sobre amor, finitude e memória, que dá voz aos mortos que murmuram debaixo do chão de casa.
«Este livro conta a história de uma cientista portuguesa com uma projeção única a nível internacional», escreve o autor no arranque do livro Elvira Fortunato – Uma vida de paixão pela ciência. Durante mais de três décadas como jornalista do Expresso, Virgílio Azevedo acompanhou o mundo da ciência, o que lhe permitiu seguir de perto, ao longo de quase vinte anos, uma das maiores figuras do panorama nacional nesta área: Elvira Fortunato.
Sinopse|“Política Explicada aos Mais Novos” é um guia acessível e inspirador que torna os conceitos de política e democracia simples e interessantes para os jovens.
Criado com a ajuda de inteligência artificial, este livro desmistifica a política, mostrando como ela molda o nosso dia a dia e o futuro do mundo.
Com histórias, exemplos práticos e linguagem clara, é uma ferramenta essencial para ajudar os jovens a compreenderem o valor da cidadania e a importância da participação ativa.
Descobre como a política pode ser mais próxima e relevante do que imaginas!
Trabalho de conclusão de curso mostrou a trajetória do jornalista e escritor Adelto Gonçalves
Há 20 anos, ao final de 2004, os alunos José Djacy Campos Freire e Elaine Cristina da Cunha defenderam, na Faculdade de Comunicação e Artes do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), atual Universidade São Judas-campus Unimonte, de Santos, o trabalho de conclusão de curso (TCC) intitulado Adelto Gonçalves – vida e obra de um autor santista. O TCC, que contou com a orientação da professora doutora Fátima de Azevedo Francisco, é uma grande reportagem que procura mostrar a trajetória até então do jornalista, professor e escritor Adelto Gonçalves (1951), autor de obras publicadas no Brasil e em Portugal.
No livro “O Nome da Rosa” de Umberto Eco há um trecho muito interessante e que nos faz pensar; trata-se de um dos diálogos entre o abade cego e o investigador William de Baskerville.
– Que almejam verdadeiramente? – pergunta-lhe o abade.
– Eu quero o livro grego, aquele que, segundo vocês, nunca foi escrito – responde Baskerville. – Um livro que só trata de comédia, que odeiam tanto quanto risos. Provavelmente é o único exemplar conservado de um livro de poesia de Aristóteles. Existem muitos livros que tratam de comédia. Por que esse livro é precisamente tão perigoso?
– Porque é de Aristóteles e vai fazer rir! – conclui o abade.
– O que há de perturbador no fato de os homens poderem rir? – replica Baskerville.
– O riso mata o medo, e sem medo não pode haver fé. Aquele que não teme o demônio não precisa mais de Deus – explica-lhe o abade.
“A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos que os céus deram aos homens; com ela não podem igualar-se os tesouros que encerram a terra e o mar: pela liberdade assim como pela honra, pode e deve aventurar-se a vida.”
O clamor dos deserdados da terra Em novo livro, Whisner Fraga reúne 55 minicontos que reproduzem o drama dos excluídos que vivem nas ruas de São Paulo. E o faz sem perder a ternura I Histórias dos deserdados da terra que habitam as ruas de São Paulo compõem As fomes inaugurais (Editora Sinete, 2024), o mais recente livro de Whisner Fraga, autor de mais de uma dezena de obras nos gêneros romance e contos, algumas premiadas. Desta vez, são 55 minicontos sobre personagens que se acostumaram a viver à margem de uma sociedade que não só não tem interesse em acolhê-los como faz questão de enxotá-los de suas calçadas.
A incomparável Danielle Steel abre novos caminhos nos seus livros e leva agora os leitores até à Inglaterra do século XIX, onde uma jovem da alta nobreza é forçada a lançar-se ao mundo, iniciando uma jornada de sobrevivência, mas também de sensualidade – e de busca por uma justiça há muito procurada. A Duquesa chega às livrarias no dia 13 de fevereiro e promete conquistar os fãs de romances históricos e narrativas inspiradoras.
No centro desta história está Angélique Latham, uma jovem aristocrata que vê o seu destino mudar drasticamente após a morte do pai, o Duque de Westerfield. Expulsa da própria casa pelos meios-irmãos e sem recursos, Angélique parte para Paris, onde, com inteligência e audácia, desafia todas as convenções ao criar uma casa de prazer exclusiva e sofisticada. No entanto, num mundo dominado pelos homens, poderá Angélique reescrever o seu próprio destino e recuperar o seu lugar de direito no mundo?
Nesta obra, a autora combina romance, drama e intriga de forma a criar um enredo cativante que explora temas como a resiliência feminina e a luta por justiça numa sociedade rígida e patriarcal.
A Duquesa estará disponível nas livrarias no dia 13 de fevereiro.
I Um panorama do que os literatos produziram no Estado de Goiás em quase três séculos é o que traz o livro Goiás + 300 – Literatura, volume V de um box que reúne mais duas obras – Cronistas e Viajantes, volume IV, e Povos Originários, volume VI. O volume V é formado por 23 capítulos que contam com a participação de 28 autores e foi organizado por Goiandira Ortiz de Camargo, doutora em Literatura Brasileira, pós-doutora em Poesia Brasileira e professora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG), Maria Severina Guimarães, doutora e pós-doutora em Estudos Literários pela UFG e professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e Bento Jayme Fleury Curado, doutor (UFG) e pós-doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), professor da Secretaria de Educação de Goiás e sócio do Instituto Cultural e Educ acional Bernardo Élis para os Povos do Cerrado (Icebe).
Retirado do Facebook | Mural de Edivaldo Silva Carvalho
Extraordinário escritor alemão, autor de, entre outros, “Sidarta” (1922) e “Damien”(1919), vencedor do Nobel de Literatura em 1946. Li “Sidarta”, em 1973, livro fundamental na minha vida.
“Precisamos ficar tão sozinhos, isolados, de tal forma que nos obrigue a nos interiorizar até chegarmos ao ser absolutamente profundo que somos. Não é fácil, nem indolor este isolamento… Mas quando vencemos esta solidão, encontramos o maior tesouro de todos: nossa alma, a presença de Deus em nós mesmos. A partir disso, nos encontramos no meio de todas as coisas, sem nos perturbar com nada, pois sabemos sem a menor dúvida, que somos um com todo o universo.”
Temos o prazer de vos convidar para a sessão de discussão do Livro “Por Um Mundo Novo, a Sério – Uma Ideologia Progressista no seculo XXI, apoiada na Ciencia e na Experiência dos Movimentos Sociais”, que vai ter lugar já no próximo dia 12 de dezembro 2024, Quinta-feira, pelas 18h, no Centro Nacional de Cultura (CNC), Lisboa (entrada ao lado do Cafe’ do Chiado).
Com 16 textos extremamente ricos em pesquisas, obra traça o percurso histórico da capital de Goiás
I
Uma profunda reflexão sobre a história de Goiânia é o que o leitor vai encontrar em Goiânia, 90Anos (Coleção Goiás +300, Instituto Histórico e Geográfico de Goiás – IHGG), obra lançada em 2024 dentro do programa de comemoração dos 90 anos de existência da cidade e que reúne 16 textos apresentados durante simpósio realizado nos dias 18, 19 e 20 de outubro de 2023, nas dependências do IHGG, por historiadores, professores universitários, ativistas culturais e técnicos em planejamento. A primeira parte do livro aborda aspectos históricos, enquanto a segunda apresenta artigos que tratam de temas relacionados ao urbanismo e à arquitetura, ficando a terceira seção reservada à discussão de elementos culturais e estéticos.
Retirado do Facebook | Mural de Maria Teresa Carrapato
– De quel isolement parlez-vous ?
– De l’isolement dans lequel vivent les hommes, en notre siècle tout particulièrement, et qui se manifeste dans tous les domaines. Ce règne-là n’a pas encore pris fin et il n’a même pas atteint son apogée.
A l’heure actuelle, chacun s’efforce de goûter la plénitude de la vie en s’éloignant de ses semblables et en recherchant son bonheur individuel. Mais ces efforts, loin d’aboutir à une plénitude de vie, ne mènent qu’à l’anéantissement total de l’âme, à une sorte de suicide moral par un isolement étouffant.A notre époque, la société s’est décomposée en individus, qui vivent chacun dans leur tanière comme des bêtes, se fuient les uns les autres et ne songent qu’à se cacher mutuellement leurs richesses.
“A Odisseia”, atribuída ao poeta grego Homero, é uma das obras literárias mais antigas e fundamentais da cultura ocidental, formada por uma sequência de aventuras que narram a longa jornada de retorno de Odisseu, ou Ulisses, após a Guerra de Troia. Escrita aproximadamente no século VIII a.C., A Odisseia é uma epopeia que vai além da aventura e do heroísmo, explorando temas profundos como a astúcia humana, a perseverança, o destino, a hospitalidade e o valor da casa e da família. Estruturada em 24 cantos, a narrativa de Homero reflete a visão de mundo da Grécia Arcaica, mas também aborda questões atemporais sobre a condição humana, o que a torna uma obra perene e de grande relevância cultural.
A leitura de Vale das ameixas (245 páginas, Editora Sinete, São Paulo, 2024), do escritor Hugo Almeida, exige concentração integrada de amorosidade: mente e coração abraçados, pois as personas narrantes são muitas, criando um dédalo de alta sofisticação narrativa, em fluxo enredante de consciência (s). Mas compensa, e bastante, atravessar esse Vale. Recompensa.
Dessa complexidade múltipla de narrativas, que são teia, o autor, definitivamente, aprimora o que é ler, experiência de despedir-se do mundo fragmentado e fragmentário atual para enaltecer o “viver” integralmente enquanto momento de leitura. Difícil?… Só os rasos amam o fácil de hoje. Fechar a porta, sair do imediatismo e adentrar o Vale.
Da arquitetura californiana aos westerns de Hollywood, da publicidade moderna aos centros comerciais, dos orgasmos à cirurgia de confirmação do sexo, da fissão nuclear às cozinhas equipadas — todos os aspetos da nossa história, ciência e cultura são, de alguma forma, moldados por Viena.
Este é o relato panorâmico de como uma cidade criou o mundo moderno — e de como todos nós permanecemos inevitavelmente vienense.
Uma história nova e essencial da Europa Central, os territórios dos Reinos do Meio cujas desavenças tantas vezes estiveram no centro da história mundial.
Martyn Rady escreveu a história definitiva da Europa Central, mostrando que esta região foi sempre mais do que a zona divisória entre o Ocidente e o Oriente. Aos centro-europeus devemos a Reforma e o Romantismo, o desenvolvimento da filosofia do Renascimento e do Iluminismo e a criação de alguns dos movimentos artísticos mais importantes do século XX. Baseada em toda uma vida de investigação e estudo, esta obra narra como nenhuma outra a história impressionante da Europa Central ao longo de dois mil anos e explica-nos o porquê da sua importância extraordinária para os assuntos globais.
“Guerra e Paz”, uma das obras mais monumentais da literatura mundial, escrita por Liev Tolstói entre 1865 e 1869, é um retrato épico da sociedade russa durante as guerras napoleônicas, mas vai muito além de uma narrativa de eventos históricos. O romance oferece uma profunda meditação sobre a natureza humana, a guerra, o destino e o papel do indivíduo na história.
Estrutura e Narrativa
Tolstói não se limita a uma estrutura convencional. Ao contrário, “Guerra e Paz” mescla elementos de romance, ensaio filosófico e historiografia. Os capítulos alternam-se entre descrições minuciosas de batalhas e a vida íntima de diversas famílias aristocráticas russas. A vasta gama de personagens — como o introspectivo Pierre Bezukhov, o idealista Príncipe André Bolkonsky, e a complexa Natasha Rostova — representa uma rica tapeçaria de emoções e perspectivas.
Era uma Mulher que escrevia explicitamente sobre sexo do ponto de vista feminino, mas também sobre a beleza das emoções. Adorada por alguns, odiada por muitos e incompreendida pela maioria, Anaïs Nin nasceu na França, na área metropolitana de Paris, em 21 de fevereiro de 1903.
Tinha dois irmãos. Seu pai, Joaquin Nin, era pianista e compositor, e sua mãe, Rosa Culmell, uma cantora de formação clássica. Ambos nasceram em Cuba.
Talvez seja por isso que Anaïs desde criança se sentiu atraída pelo mundo da arte.
Quando ela tinha 10 anos, a família de seu pai mudou-se para Barcelona, e abandona-os.
No ano em que se assinalam 500 anos da morte de Vasco da Gama, o Clube do Autor publica nova edição de «Índias», de João Morgado, um romance biográfico sobre este herói imperfeito de Portugal, vencedor do Prémio Literário António Alçada Baptista.
«O autor continua, com probidade, a visão de Alexandre Herculano, fundador do romance histórico em Portugal, sobre a confecção rigorosa deste género literário.»
– Miguel Real, escritor e crítico literário
O que esconde o grande herói do tempo dos Descobrimentos?
Porque era odiado por todos e tinha a admiração de D. Manuel I?
Como era o quotidiano lisboeta no alvor do Renascimento?
Como era a vida nas naus e nas caravelas portuguesas?
Qual era a estratégia para conquistar as Índias?
As respostas a estas e outras perguntas encontram-se neste livro, que revisita as viagens de Vasco da Gama às Índias e redescobre uma nova face deste herói dos Descobrimentos, o seu lado negro das ambições, das vinganças, das matanças. Um homem que, ainda assim, deixou o seu nome na história de Portugal, sendo um homem do seu tempo e sabendo actuar dentro do seu contexto histórico.
João Morgado escreveu a trilogia dos navegantes: Índias, Vera Cruz, e Magalhães e a Ave-do-Paraíso.
Tem ainda um romance biográfico de Camões: “O Livro do Império”
Recebeu vários prémios literário e tem a sua obra traduzida em várias línguas.
«Indias» foi editado na Rússia e sai este ano nos EUA e Sérvia. Em breve na Índia.
Tenho lido Deleuze & Guattari a falar dos devires: devir-intenso, devir-animal, devir-imperceptível. E ao falarem dos indivíduos e da melhor maneira de os definir, trazem-nos Spinoza e a sua maneira de olhar para as coisas.
Um corpo não se define pela sua forma, nem por ser substância ou sujeito, nem pelos órgãos ou funções que o constituem, nem por categorias, géneros ou representações de qualquer espécie. Um corpo define-se, antes, pelo conjunto de elementos materiais que lhe pertence através das relações de movimento e repouso e pelo conjunto de afetos intensivos de que ele é capaz.
Resumindo: as coisas são o conjunto de relações que as constituem e aquilo de que são capazes (afetar e ser afetadas).
A tênue película que nos separa deste mundo (João Pessoa-PB, Ideia Editora, 2024), que obteve o primeiro lugar no Concurso Nacional de Literatura da União Brasileira de Escritores (UBE), da Paraíba, é o primeiro livro de ficção de Ademir Demarchi, poeta consagrado com mais de uma dezena de livros publicados no gênero, além daqueles que reúnem ensaios e crônicas. Obra de inspiração onírica, seu novo livro traz pequenos relatos escritos a partir de sonhos ou mesmo pesadelos que, muitas vezes, beiram o fantástico, fazendo o leitor penetrar num universo kafkiano em que as regras são dominadas ou violadas pela imaginação
Anna Karenine, écrit par Léon Tolstoï en 1877, est l’un des romans les plus célèbres de la littérature russe. Considéré comme l’une des meilleures œuvres de Tolstoï, ce roman explore les thèmes de l’amour, de la société, de la morale et de la recherche de sens dans la vie.
Le roman suit les destins de deux familles de la haute société russe : les Oblonski et les Karenine. Le roman commence avec l’infidélité de Stépane Oblonski, qui est découverte par son épouse, Dolly. Cependant, c’est l’histoire d’Anna Karenine, la sœur de Stépane, qui prend le centre de la scène. Anna est une femme belle et séduisante, mariée à un homme plus âgé, Karenine, un haut fonctionnaire du gouvernement.
Obra polêmica do escritor português Mário Cláudio ganha tradução para o italiano.
Mário Cláudio, professor, jornalista e bibliotecário: autor de vasta obra que inclui mais de 60 títulos nos gêneros romance, conto, novela, crônica, teatro, literatura infanto-juvenil e ensaio.
Luís Filipe Castro Mendes cita Manuel António Pina no início de Tentação da Prosa (Exclamação, 2024) – Poesia, saudade da prosa, e assim se compreende o ofício da escrita. E Francisco Seixas da Costa diz, na nota inicial: “Conhecia-lhe já a prosa, a sua limpidez, a riqueza vocabular, o fluir fácil e elegante no estilo, saído de alguém para quem a produção de textos constitui um óbvio ato de prazer.” E estas crónicas “espelham alguém (…), já sem algumas das ilusões geracionais, mas com notas permanentes de esperança e de otimismo”. E assim há “uma imensa e invejável felicidade” na busca dos acontecimentos e das leituras… “É das coisas miúdas que se fazem os grandes encontros”.
I Um romance que recupera o que teria sido a visita do aventureiro inglês Richard Francis Burton (1821-1890), cônsul de seu país de 1865 a 1869 no porto de Santos-SP, à Januária, cidade situada às margens do rio São Francisco, nos limites com o Nordeste, em setembro de 1867, é o que o leitor vai encontrar no novo livro do jornalista Eliezer Moreira, Crônicadapassagemdoinglês (Recife, Companhia Editora de Pernambuco – Cepe, 2024). O foco central do romance é um triângulo amoroso entre Quirina, negra, escravizada e defensora da causa abolicionista, Arcanjo, negro, escravo e alfabetizado, e Ballard, um aventureiro irlandês que se radicou naquele Brasil selvagem e inóspito do século XIX, atraído pelas cores, pela paisagem e pelas perspectivas de enriquecimento fácil.
Em novo livro, a autora recupera suas vivências com a herança indígena no Mato Grosso do Sul e no Paraguai. I
Depois de lançar em 2021 Manacá, livro de crônicas em que mescla tradição e modernidade, a professora sul-matogrossense Raquel Naveira volta ao mercado com MundoGuaraniFragmentodeumaalmadafronteira (São Paulo, Minotauro/Editora Almedina Brasil, 2023), obra de memória que está entre a crônica, a novela e o romance e obteve o Prêmio João do Rio, da União Brasileira de Escritores (UBE), do Rio de Janeiro.
I Nascido em Carangola, o poeta Anderson Braga Horta, filho de poetas, ainda criança, acompanhando a família, trocou o interior de Minas Gerais pelo interior de Goiás, mais especificamente pela tradicional Vila Boa de Goiás, ou Goiás Velho, onde fez o curso primário em duas “escolinhas domésticas”. Depois, transferiu-se para Goiânia, jovem capital àquela época, onde fez o curso de admissão ao ginásio para ingressar no Ateneu Salesiano Dom Bosco. Mas, aos 12 anos, retornou para Minas, onde ficou na casa dos avós, em Manhumirim, e concluiu o ginásio. Depois, foi para Leopoldina, ainda em Mina s Gerais, e fez o curso clássico. Tempos depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde, em 1959, formou-se pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil. Advogado, mudou-se para Brasília, onde desempenhou o cargo de diretor legislativo da Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, cumpriu uma vitoriosa carreira nas letras, publicando extensa obra que inclui títulos de poesia, crítica literária e ensaística.
I Os personagens de Malditossejam, livro de microcontos de Marcos Barrero, são pessoas anônimas e esquecidas pela sociedade de consumo. Ou seja, os excluídos, que vão de vendedores de doces a malabaristas de semáforos e chapeiros de padaria. Em sua maioria, nordestinos, bolivianos, venezuelanos e nigerianos. Enfim, homens e mulheres invisíveis, que tentam sobreviver a qualquer custo na grande metrópole. Frequentam clubes sociais de bairros paulistanos ricos apenas para fazer entrega de comida ou encomenda. Avistam baladas, restaurantes e outros recintos finos das janelas dos ônibus, que passam longe e lotados. Vivem atormentados pela sobra de salário no fim do mês. Acumulam carnês, contas de água e luz. Manter o aluguel em dia é uma epopeia – afinal, o despejo de um quarto de muquifo e a volta para as ruas constituem uma tragédia banalizada e cotidiana.
Gilles Deleuze, para além dos dois livros que dedicou a Spinoza, lecionou na Universidade de Vincennes – Paris VIII, entre 1978 e 1981, um curso dedicado a este filósofo. As aulas são magistrais, coloquiais e didáticas. Deleuze conduz-nos pelos principais temas e conceitos da filosofia de Spinoza numa interseção contínua e original com a história da Filosofia.
Sem dúvida que estas aulas constituem uma grande introdução ao pensamento de Spinoza, uma das melhores, através de uma das mentes mais preparadas no século XX para o atualizar e explicar. Estas aulas foram em grande parte gravadas e registadas.
Contudo, foram ainda poucas as editoras que se deram ao trabalho de publicar a sua transcrição. A editora Cactus (Argentina) apresenta uma bela edição em língua espanhola. Esta editora publicou também os outros cursos lecionados por Deleuze, bem como grande parte da sua obra.
Já vai na 3ª edição. Tem 542 pp. E reproduz as lições de 1980-81.
Para os interessados no pensamento de Spinoza e de Deleuze ou do Deleuze-Spinoza, como é o meu caso, este é um livro que tanto complementa os outros dois, como tão bem os introduz.
“… A Esperança de que falo vê e inventa mulheres e homens que anonimamente acendem a alegria nos gestos quotidianos mais simples, na voz humana, nas mãos jovens ou nodosas, brancas, negras ou amarelas que se apertam. As segregações explodem, mas somos cada vez mais mestiços, mais humanos. A Esperança de que falo desemboca em multidões na rua larga em defesa da dignidade, e das liberdades conquistadas em séculos de invenção, de luta e de sangue. A Esperança de que falo amanhece com um sorriso nos lábios.
Excerto retirado da nota do autor do livro Crónicas e Discursos, de António Borges Coelho
António Borges Coelho nasceu em Murça, Trás-os-Montes, em 1928. Professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, dedica-se à investigação no campo da História desde 1957. Tem em curso a edição de «Uma História de Portugal». A sua bibliografia inclui poesia, ficção, ensaio e teatro.
O Meu Corpo Humano, de Maria do Rosário Pedreira, uma das grandes vozes da poesia portuguesa, foi anunciado pelo Município de Oeiras como vencedor da 2.ª edição do Prémio de Poesia de Oeiras – Homenagem a Alda Lara, na categoria de Consagração. Esta é mais uma distinção para a obra que marcou o regresso de Maria do Rosário Pedreira à poesia, depois de alguns anos de silêncio. Em fevereiro de 2023, O Meu Corpo Humano conquistou também o Prémio Literário Casino da Póvoa, conhecido como Prémio das Correntes d’Escritas.
Quando o abade cego pergunta ao investigador William de Baskerville: ′′Que almejam verdadeiramente?”
Baskerville responde: ′′ Eu quero o livro grego, aquele que, segundo vocês, nunca foi escrito. Um livro que só trata de comédia, que odeiam tanto quanto risos.
Provavelmente é o único exemplar conservado de um livro de poesia de Aristóteles. Existem muitos livros que tratam de comédia. Por que esse livro é precisamente tão perigoso?”
O abade responde: ′′ Porque é de Aristóteles e vai fazer rir “.
Baskerville replica: ′′ O que há de perturbador no fato de os homens poderem rir?”
O abade: ′′O riso mata o medo, e SEM MEDO NÃO PODE HAVER FÉ. Aquele que não teme o demónio não precisa de Deus”.
Um incrível trecho de “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco!
I O jornalista Duanne Ribeiro, depois de incursionar pelos gêneros romance e novela e publicar outras produções em antologias e periódicos, chega ao público-leitor com uma obra de poesia que surpreende por seu experimentalismo. Trata-se de *ker– (Goiânia, Editora Mondru, 2023), que surpreende até mesmo pelo título pouco usual, em que reúne peças que passam longe do que se entende por uma poesia lírica e bem comportada, mas que, acima de tudo, procuram reconstituir o mundo perdido de uma infância passada nos anos 90, a última década em que as crianças ainda foram bem crianças, em meio a jogos, minigames e desenhos animados malucos e divertidos, antes da chegada dos tablets, celulares, videogames de última geração e redes sociais, como facebook, instagram e outras.
No seu mais recente livro, o psiquiatra mais lido da atualidade sugere soluções para uma vida mais tranquila, plena e presente, evitando a intoxicação digital provocada pelos aparelhos eletrónicos e pelas redes sociais.
Mais de quatro mil milhões de humanos, ou seja, metade da população mundial, têm ou vão ter um transtorno psiquiátrico, como a síndrome do pensamento acelerado ou a síndrome da intoxicação digital, que resultam de fenómenos contemporâneos como a massificação dos telemóveis e das redes sociais. Destes, provavelmente nem 1% se tratará, seja porque o tratamento é caro, porque faltam profissionais de psicologia e psiquiatria ou porque as pessoas não têm noção de estar doentes.
Não ando a ler, vou lendo, umas vezes ao sabor da atualidade, outras em função do que me apetece ou de algum tema que me interessa de forma particular. “O século XX esquecido” de Tony Judt, professor de História em Cambridge, Oxford, Berkeley e Nova Iorque, vencedor de vários prémios, é todo um exercício de memória contra o que o autor considerava a “era do esquecimento” que estamos a viver. É uma coletânea de ensaios organizado em quatro partes: O Coração das Trevas, A Política do Compromisso Intelectual, Perdido na Transição e O (meio) Século Americano.
Pelas suas mais de 400 páginas podemos ‘reler’ Primo Levi; repensar a modernidade (ou não) de João Paulo II, perceber a importância da Bélgica ou tentar perceber Israel “o país que não queria crescer”. E, sobretudo, podemos recuperar alguma noção da história que tanto precisamos para que a memória coletiva possa evitar a repetição dos erros do século passado.
Nova obra do historiador britânico Kenneth Maxwell analisa a trajetória do Brasil no século XXI e reconstitui a história da conjuração mineira de 1789.
I Uma revisão, praticamente, completa da chamada Inconfidência Mineira – até porque, em História, nunca se pode definir um estudo como completo porque sempre haverá a possibilidade de se localizar documentos esquecidos ou perdidos – é o que o leitor vai encontrar no longo ensaio “Imagined Republics: the United States of America, France, and Brazil (1776-1792)”, que constitui a segunda parte de BrazilinaChangingWorldOrder – Essaysby KennethMaxwell (Robbin Laird, editor, Second Line of Defense, 2024), obra que acaba de sair à luz na Inglaterra e que, por sua importância capital, está a exigir a sua publicação o mais rápido possível por uma editora brasileira.
António de Castro Caeiro assina a tradução, o prefácio, as notas e o glossário
Lisboa, 16 de abril de 2024 – Vinte anos depois da primeira edição, a Quetzal volta a publicar a tradução integral de Ética a Nicómaco, um dos textos fundamentais de Aristóteles e da cultura ocidental, pela mão de António de Castro Caeiro, responsável também pelo prefácio, pelas notas e pelo glossário. Esta é uma edição especial, de capa dura e com uma reprodução integral do fresco Escola de Antenas, de Rafael, dos Museus do Vaticano. Ética a Nicómaco trata da felicidade como projeto essencial do ser humano. Das virtudes, da sensatez, do que se pode e do que se deve fazer. Trata da possibilidade de se existir de acordo com as escolhas que fazemos. De se ser autónomo, de viver com gosto. Trata da procura do prazer pelo prazer – e do prazer pela honra. Da justiça. Das formas de vida que levam à felicidade. Da procura do amor. Temas dominantes no pensamento universal. «Cabe a cada um contribuir para que os seus próprios filhos e amigos obtenham uma orientação em direção à excelência, ou pelo menos para se decidirem nessa direção», defende Aristóteles, ciente dos desafios de uma vida plenamente feliz: «É difícil responder a todas as situações no dia a dia com gentileza, suavidade, serenidade, tranquilidade.» A nova edição de Ética a Nicómaco fica disponível a 18 de abril.
Amin Maalouf é um jornalista e romancista libanês. Venceu o Prix des Maisons de la Presse, o prémio Goncourt e o prémio Príncipe das Astúrias. É membro da Academia Francesa desde 2011. Foi chefe de redação, e mais tarde editor, do Jeune Afrique. Durante 12 anos foi repórter, tendo realizado missões em mais de 60 países.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Uma meditação poderosa e angustiante sobre o futuro do mundo e, ao mesmo tempo, uma magistral lição de História.» Le Figaro
O «Ancoradouro», que começou a chegar esta semana às livrarias, já está na FNAC e Bertrand das grandes cidades e em várias cidades de média dimensão.
Está também disponível na âncora Editora e nas livrarias online. Em Coimbra já está em livrarias da Baixa e em Lápis de Memória, no Bairro Norton de Matos.
E depois de se entreterem com esta prosa, vá lá, meio-cinéfila, comecem a dirigir-se para o El Corte Inglès. Lá vos espero, esta 2.ª feira, às 18:30, no 6.º andar para vos apresentar o livro mais vivo e irreverente sobre o 25 de Abril. Façam o favor de não me deixar a falar sozinho.
OS GREGOS TÊM QUE VER COM TUDO
O cinema é uma invenção grega. Digo isto, com o meu melhor ar de Mickey Rourke, e já sei que tenho o Matt Dillon aos gritos comigo. Lembram-se da explosão dele no Rumble Fish do Coppola? “Man, what the fuck did the Greeks have to do with anything?”
Desculpa Matt Dillon, mas têm! Homero inventou o cinema há 30 séculos, inventando as duas grandes formas narrativas que, mais às escondidas ou mais à descarada, estão presentes em centenas de filmes.
A Porto Editora, o Âmbito Cultural do El Corte Inglés e o autor convidam-no/a para o lançamento do livro Geração D , de Carlos de Matos Gomes , que se realiza a 11 de abril (quinta-feira), pelas 18:30, na Sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa.
Silas Corrêa Leite, em “Ensaios Gerais”, reúne resenhas e breves ensaios que valorizam os autores nacionais Adelto Gonçalves (*) I O romancista, contista, poeta e ensaísta Silas Corrêa Leite acaba de reunir em livro resenhas, críticas literárias, artigos e breves ensaios publicados nas duas últimas décadas em jornais, revistas e sites, direcionados especialmente às obras de autores brasileiros, entre os que já fazem parte da história da literatura nacional e outros, mais jovens, que ainda buscam o reconhecimento da crítica e dos historiadores, sem deixar de analisar também alguns clássicos da literatura mundial. O resultado está em EnsaiosGerais: compêndiodecríticaslítero–culturais, lançado pela Caravana Grupo Editorial, de Belo Horizonte, editora que, em seu início, chamava-se Sangre Editorial e produzia apenas formatos artesanais, costurados manualmente, em sua oficina de Buenos Aires.
O Conselho Diretivo da Ordem dos Engenheiros – Região Sul promove no dia 21 de março, pelas 18h00, a divulgação do livro dos Engenheiros Carlos Matias Ramos e Elói Figueiredo “Engenharia Civil: Uma Perspetiva Sobre a Formação e a Profissão”.
Tese de doutoramento de 1997 do historiador holandês Ernst Pijning ainda aguarda sua publicação no Brasil
I Tradicionalmente, faz-se resenha de livro impresso lançado recentemente, mas o que o leitor vai encontrar aqui é uma recensão de tese de doutoramento defendida em 1997 na Johns Hopkins University, de Baltimore, Maryland/EUA, que, passadas quase três décadas, incompreensivelmente, ainda não despertou o interesse de nenhuma editora brasileira ou portuguesa, apesar de sua excepcional importância para a história do Brasil colonial e de Portugal. Tem como título ControllingContraband: < i>Mentality, EconomyandSocietyinEighteenth–CenturyRiodeJaneiro (Contrabando: Mentalidade, Economia e Sociedade no Século XVIII no Rio de Janeiro) e seu autor é o historiador holandês Ernst Pijning (1963), professor titular de História da Minot State University, de Dakota do Norte/EUA, desde 1999. O tema de suas pesquisas é o comércio de contrabando no Brasil colonial e suas relações com Portugal e os Países Baixos (Holanda), especialmente no período que vai de 1690 a 1808.
«Acredito que algures na Europa Oriental, junto a uma floresta verdejante, ao longo de um talude ferroviário, ocorreu uma extraordinária metamorfose. Foi aí que as pessoas deste comboio infernal fortemente trancado foram transformadas em animais. Do mesmo modo que todas as outras – as centenas de milhares de pessoas que a loucura arrancara a quinze países e levara para fábricas de morte e câmaras de gás.»
Quando teve conhecimento de que a Hungria iniciara negociações na Itália e na Turquia com os Aliados ocidentais para assinar uma paz separada, Hitler tomou a decisão de ocupar o país até então seu aliado. A 19 de março de 1944, o SS-Obersturmbannführer Adolf Eichmann e o seu Sondereinsatzkommando chegavam a Budapeste para organizar o terrível plano de deportação do último grande grupo de judeus sobreviventes da Europa. O primeiro transporte com destino a Auschwitz-Birkenau partiu a 29 de abril de Kistarcsa, perto de Budapeste, com 1800 homens e mulheres; o segundo saiu a 30 de abril do campo de trabalho de Topolya, na Jugoslávia ocupada pela Hungria, com cerca de duas mil pessoas.
Entre elas, encontrava-se o poeta, jornalista e autor deste livro, József Debreczeni.
O neurocientista luso-norte-americano António Damásio nasceu em Lisboa, a 25 de Fevereiro de 1944.
“ ____ No entanto, para considerar os nossos dias como sendo os melhores de sempre seria preciso que estivéssemos muito distraídos, já para não dizer indiferentes ao drama dos restantes seres humanos que vivem na miséria. Embora a literacia científica e técnica nunca tenha estado tão desenvolvida, o público dedica muito pouco tempo à leitura de romances ou de poesia, que continuam a ser a forma mais garantida e recompensadora de penetrar na comédia ou no drama da existência, e de ter oportunidade de refletir sobre aquilo que somos ou que podemos vir a ser. Ao que parece, não há tempo a perder com a questão pouco lucrativa de, pura e simplesmente, “ser”. Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo.
«Devido a um acidente e a doença, António de Oliveira Salazar foi substituído, na presidência do Conselho de Ministros, por Marcello Caetano, por decisão do presidente da República, almirante Américo Tomás, em 27 de setembro de 1968. Após convocar uma reunião do Conselho de Estado, o presidente anunciou que, “atormentado” por “sentimentos afetivos de gratidão”, decidira exonerar Salazar e nomear Marcello Caetano. Salazar manteve no papel todos os poderes e honras, com direito de permanecer na própria casa oficial do presidente do Conselho, constando que ninguém se atreveu a dizer-lhe que já não dirigia o país.»
Assim principia, em setembro de 1968, e a poucos anos do golpe de Estado que nos abriria as portas para a democracia e possibilitaria a criação do Estado social, a liberdade de associação, pensamento, ação e mobilidade social, Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos – documento de leitura obrigatória em que Irene Flunser Pimentel revisita as principais instituições de poder erguidas quer entre os militares, quer entre os principais partidos políticos portugueses, durante o processo que se desenvolveu entre os anos finais da ditadura e o 25 de Novembro de 1975.