Citando Luísa Franco

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O cemitério onde repousarei conterá, por baixo, a lava primitiva da ilha e, por cima, as escorrências milenárias vivas da sua erosão, transformadas em pedra negra. Assentarei definitivamente entre dois deuses naturais – a lava de pedra e a terra da vida -, como se assentasse no colo de deus, protegida pelos seus braços e o seu hálito. Não preciso de outro deus, chega-me a Montanha. Entendo o Espírito Santo como o Espírito da Montanha, sempre presente na ilha, modelando-a geograficamente e modelando o viver dos homens em torno do mar. A Montanha é o meu Espírito Santo, a morada da minha alma, em vida e na morte.

A Montanha e o Titanic, de Luísa Franco (edição de Miguel Real)

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Sempre o Diabo, Donald Ray Pollock

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«Isto é o grau máximo da crueza que a ficção americana pode atingir. É uma experiência inesquecível.» San Francisco Chronicle

«Tentem imaginar uma rixa de bêbados entre um Hemingway rústico e um Raymond Carver estimulado a anfetaminas.» Daily Telegraph

Localizado no sul rural do Ohio e da Virginia, Sempre o Diabo segue um elenco de magnéticas e bizarras personagens, desde o fim da Segunda Guerra Mundial até aos anos 60: Willard Russell – veterano atormentado pela carnificina no Pacífico Sul –, que não consegue salvar a sua bonita mulher, Charlotte, da morte agonizante de um cancro, apesar do sangue sacrificial que derrama sobre o tronco das orações. Carl e Sandy Henderson, a equipa de marido e mulher assassinos em série, rolando pelas autoestradas da América, em busca de modelos para fotografar e exterminar. Roy, o pregador tratador de aranhas, e o seu sócio, Theodore, deficiente e exímio guitarrista. No meio de tudo isto, Arvin Eugene Russell, o filho órfão de Charlotte, que cresce e se transforma num homem bom, mas também violento à sua maneira.

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