Os Óscares e as orgias romanas do império | Carlos Matos Gomes in blog “Media”

Tenho muita dificuldade em compreender a subserviência dos europeus aos Óscares.

É certo que é a sagração dos deuses do Olimpo do Império.

É certo que é a marcha triunfal dos vendedores do Império!

É certo que é o anúncio feito pelos senadores do Império do que nos vão dar a comer nos próximos tempos!

É certo que são aqueles os falsos heróis do Império da Marvel que nos vão salvar e aqueles os bandidos de cartão da Disney de que nos vamos vingar.

É certo que são aqueles corpos das vestais apenas translucidamente cobertos que nos vão povoar os sonhos, embora este ano a moda seja a de cheira mas não comas.

É certo que são aqueles os ditos de inteligência que nos farão rir do Trump que nos impingiram.

É certo que são aquelas luzes que nos vão encadear!

É certo que são aquelas as verdades dos filmes que nos vão moldar.

É certo que serão aqueles os sons que nos entrarão pelos ouvidos e as certezas que nos cegarão os olhos.

É certo que será aquela a droga que nos entrará pelas veias e nos levará para outros mundos.

É certo que serão aqueles sorrisos brilhantes de dentaduras postiças dos patrícios que nos levarão a empenhar-nos para pagar as coroas dentárias sobre as nossas cáries.

É certo que será aquele o silicone que dará forma às ancas e aos seios das deusas e matronas do não me toques que te tramo e também aos implantes capilares das carecas dos patrícios obesos que pagam às “gajas” que este ano os vão acusar de as apalparem.

É certo que é aquela a orgia e o bacanal em que os que vivem à custa das nossas tristezas se riem de nós e nós gostamos de pagar para se rirem de nós.

É certo que nós, os europeus em particular, já tínhamos a experiência dos romanos se apropriarem das obras dos gregos, do pensamento dos gregos, da arquitetura dos gregos, das tragédias dos gregos, mas os atenienses não celebravam com os romanos as suas próprias derrotas, o seu aviltamento.

Sendo tudo isso certo, resta durante a madrugada europeia, o espetáculo de subserviência, de reconhecimento de servidão, de menoridade, de aplauso da boçalidade, de exaltação do plástico sob diversas formas, das ideias às fatiotas, ao botox, das causas do ano aos gritinhos do Oh my God dos chamados ao palco.

Nas primeiras páginas surgem — chocantes — as fotografias das saturnais dos Óscares que nos vendem armas e Trumps, guerras e pastores bíblicos.

Não seria possível a nós, como aos atenienses da antiguidade, manifestar algum recatado desprezo, ou indiferença, já que temos de servir de público e de mercado no espectáculo emitido a partir do coliseu de Hollywood?

Carlos Matos Gomes

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes

Livros de cabeceira de grandes escritores | Virginia Woolf

Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski

Virginia Woolf era famosa por suas opiniões fortes – mesmo que as vezes fossem impopulares. Woolf fazia críticas sem piedade a autores que considerava ruins ou mornos, mas também elogiava na mesma intensidade. Na sua opinião, Fiódor Dostoiévski é “obviamente o melhor autor de todos os tempos”. Desta forma, ela cita duas obras do escritor como seus livros de cabeceira. Um deles é Crime e castigo, o qual Woolf indica para aqueles que querem conhecer a obra de Dostoiévski.

Os irmãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski

Apesar da linguagem de Os irmãos Karamazov ser mais complexa e densa do que de Crime e castigo, Virginia Woolf aponta o livro como o seu favorito de todas as épocas. A obra é elogiada por resumir toda a criatividade de Dostoiévski, no qual ele expõe todas a suas “malditas” questões existenciais que tanto o atormentaram – como a degradação moral da humanidade.