AÍ ESTÁ “O LADO OCULTO”! | José Goulão

http://oladooculto.com é o endereço do novo semanário digital de informação internacional “O Lado Oculto”, que entrou agora online com uma edição experimental, o Número 0.

Nesta edição encontrará o leitor as informações essenciais sobre a publicação, que tem como mensagem de apresentação a frase “Antídoto para a propaganda global”. É mesmo isso que este colectivo de jornalistas seniores de muitas nacionalidades pretende trazer-vos, uma informação alternativa à desinformação dominante. Na edição experimental estão igualmente disponíveis as informações para proceder à assinatura.

A partir de agora “O Lado Oculto” deixou de ser nosso: está nas vossas mãos!

CONDIÇÃO FEMININA NUMA SOCIEDADE MACHISTA | António Galopim de Carvalho

(In “Évora, anos 30 e 40”, em preparação)

Depois do jantar, os homens saíam a caminho dos seus interesses. Fossem ricos, remediados ou pobres, a regra era essa. As mulheres ficavam em casa. Prisioneiras das responsabilidades que, tradicionalmente, lhes eram atribuídas, continuavam no exercício das tarefas domésticas e, ao mesmo tempo, a cuidar dos filhos. Destes, os mais pequenos faziam os trabalhos da escola ou brincavam, muitas vezes na rua, à porta da casa, sempre aberta. Nas famílias sem posses para terem criadas, competia às mães e às filhas com idade para ajudar, levantar a mesa, lavar a loiça, arrumar a cozinha e, as mais das vezes, costurar.

Eram as mães que, contra elas próprias, educavam as filhas e os filhos a perpetuarem os hábitos da sociedade machista em que cresci e me fiz homem, numa vivência estimulada pela Igreja e pelo poder político da época. Jovem casadoira, qualquer que fosse a sua condição, já sabia que o seu lugar ia ser no lar ou no ninho como algumas e alguns gostavam de dizer. Ao contrário das mulheres do campo, eram poucas as da cidade com trabalho fora de casa. Grande número destas, uma vez casadas, abandonavam o emprego, para se dedicarem à casa e aos filhos.
No mundo rural não era assim. Pobres por condição e tradição, mães com ou sem filhos e raparigas adolescentes tinham mesmo de trabalhar sempre que as oportunidades surgissem e essas oportunidades eram, sobretudo, a monda, a ceifa e a apanha da azeitona.

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