Espanha | Carlos Matos Gomes

As circunstâncias. A transição da Espanha para um regime de democracia liberal na Europa é fruto de circunstâncias e não do ato mais ou menos voluntarista de um homem, ou mesmo de um conjunto de homens. Com Juan Carlos de Bourbon, ou com outro qualquer na chefia do Estado, a Espanha entraria no clube das democracias europeias ocidentais quando teve de entrar.

Em 1975 a Espanha apresentava-se como a última ditadura europeia, herdeira dos fascismos da antes da Segunda Guerra Mundial. As ditaduras portuguesa e a grega caíram em 1974, uma em Abril e a outra em Junho. Das três ditaduras da Europa Ocidental, a da Espanha era a que dominava um estado com a maior população e o de maior importância política e económica. Após a descolonização das colónias de África por Portugal, a Espanha não podia continuar a ser uma ditadura quer por questões económicas europeias, quer para favorecer os interesses europeus e especialmente norte-americanos na América Latina, onde tradicionalmente tinha uma influência significativa, assim como com o mundo árabe. A Espanha tinha de abandonar o grupo dos estados “párias” europeus e integrar o clube dos que se consideravam os de bons princípios. Juan Carlos foi declarado rei de Espanha em 22 de Novembro de 1975, apenas após a morte de Franco, que morreu ditador e generalíssimo.

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