“Espinosa foi um dos maiores filósofos de todos os tempos e três povos podem reclamá-lo como o seu maior: o neerlandês, o judeu e o português”

Com este seu O Segredo de Espinosa, José Rodrigues dos Santos dá-nos a conhecer um judeu português de Amesterdão cujo pensamento, maldito na época para muitos, foi revolucionário, sobretudo na forma de entender Deus. O romancista e jornalista respondeu por escrito ao DN, abordando tanto as origens do filósofo e o contexto cultural em que viveu, como o impacto das suas ideias e ainda o “grande crime” que foi a expulsão e perseguição dos judeus portugueses há 500 anos. Livro é lançado hoje às 17h na Sociedade de Geografia de Lisboa. | Leonídio Paulo Ferreira | 21 Outubro 2023

Bento Espinosa cresce na comunidade judaica portuguesa de Amesterdão no início do século XVII. Não existe qualquer dúvida de que a sua língua materna é o português? Tanto o pai, oriundo da Vidigueira, como a mãe, cuja família vivera no Porto, falavam português como língua do dia à dia?
O debate sobre as origens de Espinosa está encerrado. Durante muito tempo pensou-se que ele era espanhol, mas agora todos já sabemos que era português. Os judeus portugueses de Amesterdão falavam português em casa e na rua e os serviços religiosos na sinagoga eram conduzidos em português. Sendo portugueses, Espinosa e os seus pais e avós falavam todos português como língua materna. Existe até uma carta de Espinosa a um amigo neerlandês em que diz que se conseguiria explicar melhor se pudesse exprimir a sua ideia na sua língua materna. Ou seja, ele pensava em português.

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