Pepe, o nome de um monstro | João Querido Manha

O senhor Anael Ferreira podia ter escolhido para o filho o seu nome hebraico de arcanjo, vulgar de Lineu, o sueco que inventou o método de baptizar os grupos biológicos, mas não. Quis ir ainda um pouco mais longe para distinguir o primogénito, nascido na recôndita Maceió, dos confins do Nordeste brasileiro, povoado de gerações de luso-descendentes únicos e diferenciados.

O senhor Anael obteve autorização de Dona Rosilene para chamarem o menino de Kepler Laveran, no longínquo ano de 1983, quando ainda não havia internet e as enciclopédias eram privilégio de curiosos ávidos de conhecimento. Um nome único no mundo, acredito, porque juntar o de um astrónomo e matemático alemão do século XVII ao de um francês Prémio Nobel da Medicina de 1907, é tão rebuscado e original que muito cedo a família se terá cansado de dar explicações a familiares, vizinhos e amigos.

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