Livro do Julgamento de Otelo Saraiva de Carvalho | por Carlos Matos Gomes

O Livro, da autoria de Mouta Liz e de Romeu Francês, relata o processo do julgamento de Otelo, a propósito das FP e do Projeto Global.

Vou apresentar este livro por um dever de consciência – o que tem a ver comigo – por um dever cívico. Vou apresentar os meus pontos para serem colocados em muitos is.

Ninguém que esteja convencido do quer que seja sobre o assunto alterará a sua ideia. Não tenho qualquer ilusão. Mas ficará o documento escrito e o que a propósito dele for dito.

Otelo continuará a ser a figura diabolizada que convier a quem se opõe a um regime que não seja de senhores e servos, a um regime de direito à palavra por parte dos que nunca a tinham tido.

A história faz-se de circunstâncias. E é das circunstâncias de um julgamento político que eu falarei.

Tal como na Ucrania, no Iraque, na Siria, na Revolução Bolchevique, na Revolução Francesa e até no Processo dos Távoras não há verdades únicas. Nem julgadores com infalibilidade papal.

Aqui fica o convite.

Capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho morre aos 84 anos | Carlos Matos Gomes

Recebi agora mesmo a notícia do falecimento de Otelo Saraiva de Carvalho. Era seu amigo e seu camarada desde as primeiras reuniões do Movimento dos Capitães na Guiné, no Verão de 1973. Neste momento, deixo o apontamento de um texto que publicarei, talvez, com uma outra história (a minha e a da geração dos dilemas a que pertenço) dos tempos que nos trouxeram aos tempos que vivemos: ” O instinto de Otelo.

Otelo é um instintivo que capta os ambientes e os organiza racionalmente. Em minha opinião foi o militar que melhor entendeu a “atmosfera social” de esperança criada com o 25 de Abril.

Já Costa Gomes terá sido o que conduziu todo o processo como um «Deus falsamente ausente», equacionando a relação de forças em cada momento até atingir o fim último, pré-estabelecido: a inevitabilidade da solução final de uma democracia com um fatinho de pronto-a-vestir a que nem sequer os financiadores autorizaram ajustamentos.

Aquela roupagem de amanuense que Eça de Queiroz, um génio, como o padre António Vieira, ou Pessoa, dizia dever ser feita na adaptação do regime político português aos da Europa: uma democracia que nos ficava sempre comprida nas mangas e curta nas calças, ou ao contrário.”

Que os portugueses saibam respeitar a sua memória. Foi ele que abriu as portas do golpe de Estado aos portugueses para estes fazerem uma revolução.

Carlos Matos Gomes

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes