Citando Aquilino Ribeiro

aquilino ribeiro

Esses combatentes, que se nos deparam pelas ruas coxeando ou amarfanhados num banco de jardim, pouco sabem dizer da guerra. Julguei de princípio que o troar da batalha e a brutal impressão os tivessem azoratado; engano; não sabem contar porque pouco ou nada viram. O seu horizonte era estreito como o campo abarcado por um binóculo em posição invariável. A guerra moderna despiu-se de tudo, até de paisagem. E estes licenciados ignaros lembram-me as testemunhas judiciais que têm apenas uma visão parcelar das audiências ou os actores quanto à peça que representam.

É A Guerra, de Aquilino Ribeiro, Bertrand reedição de 2014.

O espelho da origem

Espelho

A arte que vive do seu lado performativo, em que o artista integra o processo criativo imolando-se na obra final, tem feito a sua história graças a uma particular atenção dos média. Confrontado com o ato de exibicionismo gratuito, o artista invoca em sua defesa, o contexto artístico em que o ato de criação decorre.

A artista plástica luxemburguesa Deborah de Robertis expôs o seu sexo diante do quadro do pintor Gustave Courbet ‘A origem do mundo’, no Museu D’Orsay, em Paris. Podemos ler aqui a defesa que a artista fez da sua intervenção. Contudo, esta arte vive de uma relação de provocação e escândalo que deixaria de fazer sentido sem a presença dos média. É uma arte para o grande consumo em diferido, no conforto do nosso sofá. Alimenta o impulso consumista burguês, partindo da estética formal dos nossos conceitos para nos chocar. Transversal a todos cânones é uma arte para consumo maciço.

Outras intervenções artísticas do tipo disruptivo:

Miló MoiréAna Borralho e João Galante.