Mapa Mudo – labirinto poético

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Um devaneio alimentado durante trinta anos. O intricado credível de cidades imaginadas num planeta possível. Sem legendas ou sinalética, não existem vetores que conduzam o visitante recém-chegado. Todas as direções lhe estão abertas: a descoberta transforma-se uma experiência pessoalíssima. O tricotado destas cidades, onde podemos reconhecer ruas, bairros, zonas agrícolas, marinas, aeroportos, estádios de futebol e até uma base militar, não seguiu um plano premeditado. Como todas as cidades, o seu traçado foi crescendo, evoluindo de acordo com o gosto dos tempos. Zonas históricas foram arrasadas para dar lugar a novas e largas avenidas. Em exposição na galeria Abysmo. O autor considera a possibilidade de organizar visitas guiadas. A não perder.

Do catálogo da exposição:

‘Mapa Mudo’ é o título da exposição de Luís Carmelo que dá a ver um conjunto de cidades, de desenhado nos últimos 33 anos, e que, pela sua própria configuração – tal como o título da exposição indicia -, acaba por suscitar um mundo paralelo e enigmático em que tudo fica por por dizer e por explicar. Um labirinto poético ou um lugar cartográfico que bruscamente salta do seu estado de sigilo total para os olhos do público.
As cidades de Luís Carmelo começaram por ser um modo de reinventar o tempo. Uma espécie de relojoaria, de crochet ou de bricolage imaginária. Ao longo de mais de três décadas, de modo continuado e persistente, mais concretamente desde Dezembro de 1982 (os primeiros traços aconteceram na praia de Zandvoort, nos arredores de Amesterdão), as cidades têm representado um traçado íntimo que coexistiu e conviveu com a literatura, com a poesia visual, com a performance e com outros caminhos inventivos e também reflexivos do autor.


As cidades de Luís Carmelo sempre se afirmaram como um rascunho silencioso da vida criativa e foram sendo desenhadas sem objectivos, sem estratégia, ou seja, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a literatura, sem a mais pequena intenção de, um dia, virem a ser partilhadas com um público. Por outro lado, ao longo do processo de criação destas centenas de cidades, nunca se verificou a mais pequena tentação de referencialidade. Por outras palavras: nenhuma das cidades jamais imitou uma cidade real. Além disso, nas cidades de Luís Carmelo não existem símbolos, nem índices e, enquanto ícones, não aspiram a ser diagramas ou metáforas de qualquer dado urbano. Poderão, quando muito, ser entendidas como imagens, mas apenas enquanto imagens radicalmente autónomas face à realidade envolvente.

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