Celebração | Maria Isabel Fidalgo

Roda a luz de manhã nos dias lisos

de leves brisas fogosas.

O sol despe-a e exibe-a aos olhos

numa transparência diáfana quase divina

quase água, quase saliva ardida

uma clarabóia de fogo

numa dança solar

a festejar o corpo.

Ao crepúsculo ainda é festa

a luz

memorial de beijos e beleza

de céu sargaço, silêncio e mar.

Apetece então a celebração do poema

um nome amoroso bordado a sal

num concerto de búzios.

Ao lusco-fusco a ventilação do sol

é ainda um amor crescente

murmúrio de águas

a celebrar a maré

nas margens da corrente

essa respiração em brasa

Maria Isabel Fidalgo