O discurso de Putin e Napoleão | por Carlos Matos Gomes

Através de dois camaradas que muito prezo recebi entre ontem e hoje dois textos importantes, “Napoleão Bonaparte, Sobre a Guerra — A arte da batalha e da estratégia” Apontamentos e notas de Bruno Colson, enviado pelo major-general Carlos Chaves Gonçalves e do major-general Raúl Cunha a tradução de elementos significativos do discurso de Vladimir Putin, no dia 27 de Outubro, no Clube Vaidal, um think tank russo que se reúne nos arredores de Moscovo.

Os dois textos têm um elemento comum: a guerra. As causas da guerra, os objetivos da guerra e as consequências da guerra. A mim interessa-me, sempre me interessou, saber como terminam as guerras. Saber como se faz a guerra levou-me à Academia Militar e saber como se faz uma dada guerra, a guerra de guerrilha levou-me aos «comandos». Saber como terminam as guerras levou-me ao 25 de Abril de 1974, ao estudo, à investigação, à literatura.

Não sou um admirador de Napoleão, que perdeu a sua guerra, não atingindo o objetivo que se propôs e pelo qual combateu por toda a Europa, de Lisboa a Moscovo. (No tempo de Napoleão Moscovo era Europa. Agora, segundo a doutrina do secretário-geral da NATO, de que poucos saberão o nome e das afirmações da senhora Ursula Van Der Leyen, que surgiu do anonimato submisso de onde vêm geralmente os presidentes da Comissão Europeia já não é, transformou-se numa jangada, uma jangada de pedra, como a que Saramago ficcionou para a Península Ibérica.) O pensamento único Ocidental impôs que a Rússia deixasse de ser Europa, que se cindisse pelos montes Urais! Este corte ideológico e ditado por interesses alheios à Europa terá consequências. O discurso de Putin anuncia-as. É prudente conhecê-las.

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