TOURADAS SEM SANGUE, RACISMO, VIOLÊNCIA AMERICANA E PEQUENAS PROVOCAÇÕES LOCAIS | José Gabriel Pereira Bastos

Alguém me convoca céptica e provocatoriamente para que eu “explique” porque é que as touradas causam tanta indignação a tanta gente e a mim não.

Respondi.

Transfiro para aqui a resposta porque abarca muito mais variáveis, identitárias, históricas, sociais, políticas, e até a minha experiência Californiana directa sobre a Universidade, a tourada sem sangue e a interdição de realizar investigações sobre processos identitários, indiciadores de racismo, em Berkeley e San José. Aí vai a minha resposta, que pode interessar a muitos mais interlocutores não meramente provocatórios, egocêntricos e surdos:

“Talvez seja, J., porque muitíssimas pessoas têm vistas curtas e vivem desinformadas e sem terem qualquer pesquisa pessoal sobre o que de tão grave se passa no mundo – com tropas americanas a invadir o Afeganistão, a destruir o Iraque e a tentar destruir a Síria, a assassinar Presidentes do Iraque e da Líbia, tornando este país ingovernável e entregue a senhores da Guerra, como está a acontecer no Iemen, e se prepara que venha a acontecer no Irão, com centenas de milhar de mortos e muitos milhões de deslocados.

E com a promoção de crises financistas que criam o caos económico, social e político na Venezuela e no Brasil, deixando pessoas à fome, na tentativa de mudar para a direita capitalista governos populares de países que são grandes produtores de petróleo, como os do Médio Oriente islâmico e, não por acaso, a Venezuela e o Brasil, os maiores produtores de petróleo para além dos Estados Unidos e da Arábia Saudita e Emiratos, (aliados dos Americanos), e dos Russos, fortemente atingidos pela crise financista manipulada a partir de Wall Street, da City e de Frankfurt.

“Jogos” geo-estratégicos capitalistas do “Ocidente” que destroem países e famílias – dramas imorais que passam fora do olhar, da indignação e do pensamento dos adeptos da Natureza, com uma enorme iliteracia histórica, económica e política mas com enormes cuidados com os seus animaisinhos de sala.

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Dylan Thomas | N’entre pas sans violence dans cette bonne nuit (Do not go gentle into that good night, 1951)

N’entre pas sans violence dans cette bonne nuit,
Le vieil âge devrait brûler et s’emporter à la chute du jour ;
Rager, s’enrager contre la mort de la lumière.

Bien que les hommes sages à leur fin sachent que l’obscur est mérité,
Parce que leurs paroles n’ont fourché nul éclair ils
N’entrent pas sans violence dans cette bonne nuit.

Les hommes bons, passée la dernière vague, criant combien clairs
Leurs actes frêles auraient pu danser en un verre baie
Ragent, s’enragent contre la mort de la lumière.

Les hommes violents qui prient et chantèrent le soleil en plein vol,
Et apprenant, trop tard, qu’ils l’ont affligé dans sa course,
N’entrent pas sans violence dans cette bonne nuit.

Les hommes graves, près de mourir, qui voient de vue aveuglante
Que leurs yeux aveugles pourraient briller comme météores et s’égayer,
Ragent, s’enragent contre la mort de la lumière.

Et toi, mon père, ici sur la triste élévation
Maudis, bénis-moi à présent avec tes larmes violentes, je t’en prie.
N’entre pas sans violence dans cette bonne nuit.
Rage, enrage contre la mort de la lumière.

*

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.

***

Dylan Thomas (1914-1953) – Vision et Prière (Poésie/Gallimard, 1991) – Traduit de l’anglais par Alain Suied.