Não só é uma batalha da ADSE | Francisco Louçã

Não há só uma luta pelos pagamentos da ADSE. Há antes uma luta por todo o SNS e pelo preço da saúde. Pois é, o que tivemos até há poucas semanas foi um mero entretenimento. Mas, de repente, tudo se precipita ao mesmo tempo. Temos uma persistente greve que se mede pelo número de cirurgias que consegue adiar nos grandes hospitais públicos e não se consegue saber quem paga a greve. Temos um governo nervoso que, tendo adiado por calendário político a solução que as enfermeiras exigiam, cede tarde e depois se precipita recorrendo a uma medida tão excepcional como a requisição civil. Temos uma discussão sobre a Lei de Bases de Saúde em que se movem as pressões que, do Presidente aos partidos de direita, visam assegurar que o privado mantém o seu quinhão nos pagamentos públicos, tudo dito muito ideológico, como é bom de ver. E, agora, temos os privados a ameaçar suspender os contratos com a ADSE se esta persistir em fazer pagar os 39 milhões cobrados em custos excessivos há um par de anos.
A questão resume-se a isto: há custos imputados à ADSE que variam de um para quatro no mesmo tratamento, num lado é cinco mil euros e noutro vinte mil. Os hospitais privados querem manter o seu poder de determinar o preço, a ADSE quer uma tabela restritiva e que, ainda assim, deixa uma margem que em alguns casos vai a 40% acima do preço de mercado. É milhão a milhão que se decide esta estranha negociação que ameaça os utentes do seguro público.
Em todo o caso, a jogada dos hospitais privados é arriscada. Fingem comprometer mais de 20% da sua faturação (e, com os pagamentos pelo SNS, o Estado paga a todos os privados mais de 50% da faturação), nos cinco maiores grupos hospitalares privados são 250 milhões, mas apostam em que os utentes da ADSE preferem evitar o SNS, ou que este está pelas costuras e não consegue responder a tal aumento súbito da procura. Ora, o SNS faz 42 milhões de consultas e a ADSE soma 2,8 milhões de consultas no privado; poder-se-ia portanto calcular que mais facilmente os hospitais e centros de saúde públicos, eventualmente com alguns privados que mantêm as convenções, aguentam mais utentes, do que os hospitais privados suportam a perda de receita. E, de facto, para tudo o que é mais complicado, é sempre ao SNS que o cidadão recorre e não aos hospitais privados.
Apesar disso, os grupos privados esperam que alguns utentes troquem o seguro ADSE, que é caro, por seguros privados que tenderão a ficar ainda mais caros. Provavelmente, haverá quem o faça, mesmo que ainda esteja indefinido o curso imediato deste jogo do empurra. A situação é muito apetitosa para as seguradoras de saúde, que já abrangerão um terço da população, em grande parte devido à promoção pelas empresas entre os seus trabalhadores.
Só que é tudo uma camuflagem. Uma parte dos médicos nos hospitais privados não tem convenção com a ADSE, cujos utentes são por vezes submetidos a tratos de poleiro. E a cobertura dos produtos oferecidos para substituir o seguro público esgota-se num ápice se a patologia for complicada, vai o doente recambiado para o hospital público. Parece portanto que os grupos privados só pretendem com esta manobra que não haja limite aos pagamentos pela ADSE e que as tabelas continuem a ser generosas, não tanto de romper relações – o privado não vive sem o dinheiro público.
Há depois o problema de fundo. A ADSE, criada 16 anos antes de existir o SNS, é paga pela maioria dos funcionários públicos e acrescenta aos impostos, com a contrapartida de um acesso facilitado a análises, consultas e tratamentos. Tem lucro e é portanto sustentável. Mas a convergência entre os sistemas públicos será sempre necessária num serviço nacional mais abrangente. Esse é o maior medo dos privados.

Francisco Louçã | (no Expresso)

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Louçã

Leiria | II Simpósio Ibérico de Segurança Rodoviária | Sessão inaugural com Ministro da Administração Interna

Nos dias 6 a 8 de Março de 2019 realiza-se na Escola Superior de Tecnologia e Gestão / Instituto Politécnico de Leiria, em Leiria, o II Simpósio Ibérico de Segurança Rodoviária (SIRS), iniciativa organizada em parceria por várias entidades portuguesas e espanholas: ASVDS – Associação Vertentes e Desafios da Segurança, Município de Leiria (Bombeiros Municipais), Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Universidad de ExtremaduraGuardia Civil e APREVEX – Asociación de Prevención Extremeña.

Para além dos representantes das várias entidades parceiras e co-organizadoras, para a sessão de abertura está confirmada a presença do Ministro da Administração Interna, do Presidente da Câmara Municipal de Leiria e de um representante das autoridades espanholas.

O programa do II Simpósio Ibérico de Segurança Rodoviária, que incorpora as Jornadas de Protecção Civil dos Bombeiros Municipais de Leiria, está definido e assenta em três tópicos principais relacionados com a Segurança Rodoviária: a Situação Actual da Sinistralidade, a Prevenção e o Futuro.

No primeiro tópico, durante o primeiro dia de trabalhos, serão apresentados factos e dados relativos à Sinistralidade Rodoviária em Portugal e em Espanha, e analisados os impactos da Sinistralidade nas empresas Seguradoras, de Transporte e nas Unidades Hospitalares.

No segundo dia do simpósio, a 7 de Março, estará em destaque a temática da Prevenção, observada sobre diversos prismas, nomeadamente, as Campanhas, os Projectos de Inovação e Sistema de Segurança, o Comportamento Humano e a importância da Formação em Segurança Rodoviária.

O futuro da Segurança Rodoviária será analisado no terceiro e último dia de trabalho, de manhã de forma mais teórica, com a reflexão sobre os temas da Prevenção, da Punição e das Infraestruturas, e, de tarde, com uma vertente iminentemente prática, com a realização de uma Simulação de um Acidente Rodoviário e com a apresentação de Práticas de Simuladores.

As inscrições no Simpósio são gratuitas, embora obrigatórias e limitadas (até 340 participantes). Apenas as refeições, se seleccionadas, serão pagas.

Para todos os participantes será emitido certificado SIGO.

Para mais informações:  https://www.sisr-sisv.eu/

Rankings | Isabel Moreira

Já o escrevi antes. Quando o colégio privado que frequentei entre os 3 e os 13 anos de idade ficou no topo dos rankings. Não saí de lá no topo. Saí de lá com uma visão fechada do mundo, saí de lá tendo por normal a separação do ensino por sexos, saí de lá sem saber o que era a diversidade étnica e social de Lisboa , saí de lá com uma visão terrífica da moral católica. No topo? Não. Cá em baixo. Com notas boas, pois claro.
Na escola pública que não ficou no topo nos rankings saí de lá com uma visão mais aberta do mundo, saí de lá sabendo de quem tem e de quem menos tem, saí de lá sabendo da diversidade religiosa, saí de lá com um único colega negro, mas nele vi o que é o racismo vivido diariamente, saí de lá com a saudável convivência entre rapazes e raparigas, saí de lá sem dar grande importância aos dias em que chovia dentro da minha sala de aula de filosofia, porque era o espaço da minha felicidade. Não saí pequena. E as notas foram ainda melhores.

Isabel Moreira

Retirado do Facebook | Mural de Isabel Moreira