𝗣𝗮𝗽𝗮 𝗙𝗿𝗮𝗻𝗰𝗶𝘀𝗰𝗼 | Malou Delgado Rainho

(Eu leio italiano, mas como há quem o não faça, deixo a tradução do Google da resposta sobre a Ucrânia. Resposta integral, obviamente) | Malou Delgado Rainho

“Para responder a esta pergunta temos que nos afastar do padrão normal “Chapeuzinho Vermelho”: Chapeuzinho Vermelho era bom e o lobo era o mau. Não há bons e maus metafísicos aqui, de forma abstrata. Algo global está surgindo, com elementos muito entrelaçados. Alguns meses antes do início da guerra, conheci um chefe de Estado, um homem sábio que fala pouco, muito sábio mesmo. E depois de falar sobre as coisas que ele queria falar, ele me disse que estava muito preocupado com o andamento da OTAN. Perguntei-lhe por que, e ele respondeu: “Eles estão latindo nos portões da Rússia. E eles não entendem que os russos são imperiais e não permitem que nenhuma potência estrangeira se aproxime deles”. Ele concluiu: “A situação pode levar à guerra”. Esta era a opinião dele. A guerra começou em 24 de fevereiro. Aquele chefe de estado foi capaz de ler os sinais do que estava acontecendo.

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POPULARIDADE E DEMAGOGIA | Francisco Seixas da Costa | Jornal Observador

Um dia de 1997, em Lisboa, durante uma reunião do conselho de ministros, António Guterres deu conta da surpresa que tinha tido, numa sua recente visita à Polónia, ao constatar que todos os seus interlocutores locais estavam convencidos de que Portugal iria ser o país que mais dificuldades iria criar aos futuros alargamentos da União Europeia. E, voltando-se para o secretário de Estado dos Assuntos Europeus que eu então era, e que ali estava ocasionalmente por qualquer razão de agenda, alertou: “Espero que, em Bruxelas, os nossos funcionários clarifiquem bem a nossa posição”. Aquela perceção não era apenas polaca: muitos dos países do centro e do leste europeu estavam sinceramente convencidos que iriam encontrar em nós um grande obstáculo à sua pretensão de se juntarem à União.

A lógica dos interesses apontava, de facto, para que Portugal tivesse uma posição muito defensiva no tocante ao efeito, quer em matéria de fundos, quem em termos de vantagens competitivas, que a presença de um elevado número de novos parceiros iria implicar. Mas António Guterres via um pouco mais longe: o alargamento era um irrecusável objetivo estratégico da Europa “deste lado”, o qual, desde o final da Guerra Fria, entendia como imperativo conseguir dar resposta ao anseio de muitos Estados “do outro lado”, recém-libertos da tutela soviética, que pretendiam ancorar a sua liberdade e o seu desenvolvimento no quadro de um projeto que, durante décadas, lhes fora mostrado como paradigma de modelo exemplar de cooperação e de integração económica e, cada vez mais, de cidadania e de valores comuns, que os “critérios de Copenhague” haviam entretanto consensualizado.

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