A falácia dos apologéticos | por CarlosMatos Gomes

A análise da guerra na Ucrânia fornece pistas muito interessantes sobre o estado do pensamento ocidental no século XXI.

Um deles é a persistência (resiliência) da raiz do pensamento grego de que somos herdeiros. O recurso, consciente ou não a essa raiz é particularmente evidente nos defensores da estratégia dos Estados Unidos e da crença de que por detrás dela se encontra a defesa de valores morais — ditos ocidentais — para a impor e justificar.

O pensamento grego aliou a filosofia e a teologia por razões apologéticas e, como estamos a ver todos os dias, ainda hoje essa aliança é eficaz como argumento de propaganda.

Um dos movimentos mais importantes na história do pensamento cristão chama-se “apologético” e os movimentos que o promovem funcionam como ratoeiras. O truque argumentativo reside em dar ao adversário um crédito baseado no pressuposto de que as suas ideias são, em última análise, as mesmas do inimigo e em levá-lo a acreditar na existência de verdades comuns. É uma concessão que funciona como isco e que ainda funciona em certos setores da comunicação e demagogia.

Continuar a ler

Poema | Maria Isabel Fidalgo

Não me firas com o teu silêncio.

Enche com os teus  olhos de  ausência os meus olhos de pássaro.

Traz- me a leveza das tuas mãos que tão breves partiram sem aceno.

Clama pelo meu nome como se a primeira estrela fosse a noite com o teu rosto.

Não me castigues de catos.

Traz- me rosas sobre os lábios e pica-me de beijos que sangrem.

Afasta a solidão e traz o teu silêncio.

Pousa-o sobre  a leveza do meu corpo e seremos um oásis manso de paixão.

Vem e faz- me acreditar que o sol ainda arde na labareda da fome.

MIF