CLUBE DE BILDERBERG: O PODER INVISÍVEL QUE GOVERNA | por Paulo Marques

Podia ser uma brincadeira de crianças, do género: vamos brincar aos clubes secretos? Mas não é, porque, embora se trate de um clube semissecreto, é dirigido e frequentado por (uma elite de) adultos, e não se trata propriamente de uma brincadeira uma vez que dele saem importantes decisões a nível mundial, com influência nas opções políticas, sociais e culturais em Portugal, logo, com interferência nas nossas vidas.

História de Bilderberg

A ideia de Bilderberg partiu do diplomata polaco Józef Retinger. Basicamente, Retinger pretendia juntar num encontro anual (durante três dias) alguns dos mais poderosos políticos, monarcas, banqueiros, empresários, militares e académicos da Europa Ocidental e dos EUA com o propósito de combater o comunismo, reforçar as relações atlânticas (entre a Europa e a América do Norte) e unir a Europa Ocidental.

Retinger conseguiu o apoio do príncipe Bernhard da Holanda, do ex-primeiro-ministro belga Paul Van Zeeland e do então presidente da multinacional de bens de consumo Unilever, Paul Rijkens. De salientar o peso da influência que desde a sua criação têm tido sobre o clube o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger e as poderosas famílias de banqueiros Rockefeller e Rotschild.

A primeira reunião realizou-se no dia 29 de maio de 1954, no Hotel Bilderberg, em Oosterbeek, na Holanda. Daí o grupo ter sido baptizado de “Bilderberg”, como referência ao nome do hotel.

Os encontros, que se realizam sempre à porta fechada, em completo segredo, todos os anos mudam de local, sendo este, por questões de segurança, só revelado nas vésperas. Também aos poucos jornalistas a quem é permitido participar no evento é exigido que não façam quaisquer comentários para o exterior sobre o que se passou e o que ouviram.

Francisco Pinto Balsemão e Durão Barroso

Na sua cúpula, no Comité Diretor (que conta com 34 membros), esteve durante mais de três décadas um português, um dos fundadores do PSD, o ex-primeiro-ministro, o todo-poderoso da comunicação social, Francisco Pinto Balsemão. Em 2015, ano em que se realizou o 63º encontro, Balsemão cedeu o lugar a Durão Barroso, o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia.

Em Bilderberg não se brinca…

De acordo com a jornalista e escritora espanhola Cristina Martín Jiménez, autora do livro “O Clube Secreto dos Poderosos – Os planos ocultos de Bilderberg” (Matéria-Prima Edições, 2015), que há mais de uma década que vem denunciando esta organização, «os senhores do poder reúnem-se às escondidas do mundo para alcançar três objectivos: a instauração de um único governo mundial, uma única moeda para um único mercado e uma só religião.»

Segundo Cristina Jiménez, desde a sua fundação Bilderberg tem influenciado diversas decisões na NATO, ajudou a travar o comunismo, promoveu a queda do muro de Berlim e da União Soviética, esteve na origem da criação do Conselho da Europa e da União Europeia, do surgimento de uma Moeda Única Europeia, da crise petrolífera dos anos setenta… Mais recentemente, conseguiu travar a saída do Reino Unido da União Europeia e fomentou a atual crise económico-financeira (iniciada em 2007) de forma a que a chamada troika, formada pelo BCE, o FMI e a Comissão Europeia, pudesse, deste modo, controlar e dominar os países endividados.

Isto sem falar, na influência que o clube tem tido ao longo de todos estes anos nalgumas das mais importantes nomeações políticas em altos cargos europeus e mundiais, funcionando como um verdadeiro centro de recrutamento…

No que concerne ao nosso país, segundo Rui Pedro Antunes, autor do livro “Os Planos de Bilderberg para Portugal” (Matéria-Prima Edições, 2015), cuja leitura se recomenda vivamente, «a esmagadora maioria dos decisores políticos em democracia (e não só) passaram, antes ou depois de ocuparem cargos, por Bilderberg. Dos 73 portugueses nos encontros, 43 foram (ou são) ministros, oito desempenharam funções como secretários de Estado, 12 foram líderes dos três partidos do “arco da governação”, cinco foram primeiro-ministros e um foi Presidente da República.»

E quanto é que Bilderberg nos custa?

Quando um dos encontros de realizou em Portugal, em 1999, foi Pinto Balsemão o responsável pela sua organização. O evento decorreu no luxuoso Hotel Penha Longa, em Sintra. Para esse encontro foram convidados sete portugueses, à época, com responsabilidades ao mais alto nível: Jorge Sampaio (presidente da República), João Cravinho e Marçal Grilo (ministros do PS), Ricardo Salgado (do BES), Artur Santos Silva (do BPI), Murteira Nabo (da Portugal Telecom) e Nicolau Santos (jornalista do Expresso). O custo total da conferência foi de 76 milhões de escudos (380 mil euros): Balsemão custeou 180 mil e os restantes 200 mil foram pagos pelo Estado, isto é, por todos os contribuintes…

Os políticos portugueses que já passaram por Bilderberg

A lista dos políticos portugueses que já passaram por Bilderberg é extensíssima. Todos eles, ora do PSD, ora do PS, e alguns, poucos, do CDS-PP: os partidos do chamado “arco de governação”. Ora vejamos: José Sócrates, Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Rui Rio, António Vitorino, José Medeiros Ferreira, Ferro Rodrigues, Nuno Morais Sarmento, Vítor Constâncio, António Guterres, Elisa Ferreira, João de Deus Pinheiro, Manuela Ferreira Leite, Guilherme de Oliveira Martins, Paulo Portas, António José Seguro, Inês de Medeiros e muitos, muitos outros.

Teorias da conspiração à parte, a questão que se coloca é que é inadmissível que políticos eleitos pelo povo, durante a vigência dos seus mandatos, movimentando-se num clima de pouca transparência, sem qualquer tipo de escrutínio público, se reúnam secretamente (num encontro não oficial) em hotéis de luxo a discutir «o futuro do mundo» e a tomar decisões, à custa do dinheiro dos contribuintes.

Retirado do Facebook | Mural de Paulo Marques

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