ARQUITECTOS PARA QUÊ ? | por João Paciência

(…) a falta de poder das Ordens Profissionais para fazer valer estes e outros direitos, como o do Direito de Autor completamente desrespeitado (…)

Sou de uma geração em que para se ter o diploma de Arquitecto, se frequentava durante seis longos anos (dentro da Escola) e um outro mais, de Estágio em atelier, um curso que para além de disciplinas comuns a Engenharias , se abordavam muitas outras áreas desde a Sociologia à História, da Teoria da Arquitetura aos diferentes conceitos de como encontrar soluções na cadeira de Projecto ou ao Planeamento e desenho do território.

Fui ganhando experiência em ateliers de vários arquitectos, fui funcionário público em equipa alargada para projectos de desenho urbano e de edifícios, trabalhei numa empresa de pre-fabricação em contacto directo com obra, dei aulas de projecto durante 10 anos em duas faculdades, constitui atelier e participei em numerosos concursos públicos de arquitectura, ganhando alguns e perdendo mais, investi em conhecimento ao longo de toda uma carreira profissional, colaborei com inúmeros colegas dentro e fora do País, integrei equipas no agora falada modalidade de concepção/ construção, continuo como sempre estive, empenhado na profissão que escolhi.

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Tempo de Homenagem – 25 de Abril de 1974 | João Paciência, Arqº

Tempo de Homenagem – 25 de Abril de 1974 , que hoje se comemora em tempo de pandemia e confinamento obrigatório, passados 46 anos.
Tempo de viragem para um país mais democrático e livre, que se abriu ao desenvolvimento acelerado de uma sociedade rural que então era a nossa.

Tempo de Homenagem também aos meus Mestres Arquitectos Nuno Portas e Nuno Teotonio Pereira , em cujo atelier ( Atelier Escola que era para muitas gerações), trabalhava como colaborador neste importante projecto que aqui recordo , que era o Plano de Pormenor do Alto do Restelo, ideia muito impulsionada por Nuno Portas sobre o desenho da cidade com alta densidade e baixa altura, cruzando os conceitos de morfologias e tipologias que então dominavam na época, formalizados aqui em quarteirões alongados com blocos multifamiliares e moradias em banda, formando ruas enfiadas visualmente sobre o Rio Tejo.

Aqui trabalhei quatro anos e conheci colegas brilhantes que aqui recordo e cumprimento os ainda vivos : o Pedro Botelho que desenvolveu mais as moradias , o Joaquim Braizinha , a Manuela Fazenda , o Pedro Lobo Antunes , que comigo desenvolveram os blocos, sempre com a sábia orientação dos Mestres, pese embora o Nuno Teotonio ter sido entretanto preso pela Pide .

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Cadeira Portuguesa | Outros Olhares | João Paciência, Arqº

Em exposição na Casa Museu Guerra Junqueiro no Porto até 6 Novembro

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Assumir o desenho da cadeira portuguesa, depurado na sua essência conceptual de dois tubos dobrados que se encontram num eixo que define a superfície de sentar, que se fecha na curvatura das costas.

Assumir este conceito, como se de um “esqueleto” se tratasse, já estável na sua ergonomia, e encontrar agora uma nova “roupagem” que a transforme num cadeirão mais representativo para utilizar no interior do espaço habitacional (cadeira de mesa de jantar mais formal ou representativo, cadeirão de apoio em Zona de dormir, ou em complemento de Zona de estar).

A nova imagem define-se a partir da materialização planimétrica dos dois arcos que definem os apoios de braços, as costas e os pés traseiros, que se propõem absorver o “esqueleto” tubular, em dois planos almofadados e forrados a pele branca.

Costas e assento, definem-se como entidade própria entre estes dois planos de 0,06 m de largura, igualmente estofados em pele branca.

Esta ideia permite ainda encarar a “cadeira portuguesa original”, como se fosse o “Chassis” de suporte de outros acessórios “Carnagem” com diferentes cores e materiais, que o comprador pode escolher consoante o local ou ambiente, personalizado com logotipos ou outros temas gráficos, diversificando a imagem numa possível produção em massa, como produto industrial que é.

Estudou-se igualmente uma solução de capa mais simplificada, remetida apenas para os braços e as costas acima da zona de sentar, abrindo o leque de possibilidades cromáticas e de materiais transparentes, protegendo ao mesmo tempo deste modo a estrutura metálica base, do aumento de temperatura causado pelo sol em zonas exteriores.