As emoções não podem tolher-nos o sentido crítico | Ricardo Paes Mamede

As emoções tornam-nos humanos. Permitem-nos sentir indignação e solidariedade. Obrigam-nos a entender o que o governo da Rússia está a fazer na Ucrânia como um crime contra a humanidade e a fazermos chegar das formas que pudermos a nossa solidariedade àqueles que sofrem na pele as consequências desta agressão.

As emoções não podem tolher-nos o sentido crítico. É a razão que nos leva a concluir que a Rússia não tem o direito de violar a lei internacional. Que a propaganda do governo russo sobre a inexistência de uma nação ucraniana não é mais do que isso – propaganda para tentar justificar as atrocidades em curso.

O sentido crítico também nos obriga a perceber que a posição dos EUA e das maiores potências europeias é tudo menos desinteressada e inocente. Que não fizeram o que podiam para evitar o acumular de tensões que tornaram esta agressão inaceitável e ilegal mais justificável aos olhos dos muitos que na Rússia sofrem todos os dias na pele com o autoritarismo do seu governo – e que ainda assim têm relutância em condená-lo pela guerra que está a impor à Ucrânia.

Precisamos de indignação contra o governo russo e solidariedade com o povo ucraniano. Isto não tem de – não pode – impedir-nos de acusar os governos dos EUA e da UE de estarem a aproveitar o clima de indignação e de solidariedade para prosseguir os seus interesses económicos e de afirmação de poder, ainda menos quando isso custa a vida a ainda mais ucranianos e o sofrimento daqueles que na Rússia não são responsáveis pelo que o seu governo autocrático faz.

Nesta como em tantas outras guerras, temos de ser capazes de humanidade sem deixar de pensar pela nossa própria cabeça.

Retirado do Facebook | Mural de  Ricardo Paes Mamede

Os três mandamentos do Facebook | Ricardo Paes Mamede

1º) Respeita aqueles que discordam de ti com fundamento (são uma espécie rara neste ecossistema e com eles aprende-se sempre qualquer coisa).

2º) Ignora quem argumenta com os intestinos (nada do que possas dizer vai alterar quem debate com ódio ou má-fé, é pura perda de tempo).

3º) Usa abundantemente as funções “delete” e “block” para lidar com a falta de cordialidade (o ambiente fica mais saudável e não corres riscos de incumprir o 1º mandamento).

Retirado do Facebook | Mural de Ricardo Paes Mamede

Mão Invisível | uma história do neoliberalismo em Portugal | por Ricardo Paes Mamede

Desde os anos 80, as ideias económicas conhecidas por neoliberais tornaram-se dominantes em Portugal. A sua aplicação, em consonância com a integração europeia, modificou as estruturas económicas, mas registou fracos resultados no desenvolvimento do país. Como foi que essas ideias chegaram a Portugal, se difundiram e espalharam até se tornarem hegemónicas? E por que é tão difícil removê-las? Este filme procura responder as estas perguntas e questionar o futuro. Este trabalho tem o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT/MEC), através de fundos nacionais, e é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER, através do Programa Operacional Competitividade e Inovação – COMPETE2020, no âmbito do projeto RECON – Que ciência económica se faz em Portugal? Um estudo da investigação portuguesa recente em Economia (1980 à atualidade).

(…) há sempre quem me diga que eu sou um comunista disfarçado | Ricardo Paes Mamede

Não falha. Sempre que elogio em público o PCP ou anuncio o meu voto naquele partido, há sempre quem me diga que eu sou um comunista disfarçado.

Para quem o diz, o facto eu insistir em afirmar-me como social democrata tem duas explicações possíveis: ou quero passar a mensagem dos comunistas de forma encapotada para a tornar mais aceitável (ou seja, sou um dissimulado); ou tenho receio de me afirmar comunista porque seria menos aceite nos meios sociais em que circulo e penalizado por isso (ou seja, sou um oportunista).

Qualquer uma das explicações, a ser verdade, daria de mim a imagem de alguém que nunca acerta no alvo. É que, como dissimulado, sou muito pouco discreto nas posições que assumo. Como oportunista, não ganho muito: os menos de esquerda desconfiam das minhas posições; os que se têm como revolucionários desconfiam sempre das minhas intenções.

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