Citando Donald Ray Pollock

78487_pollock_donald_rayApesar de nunca ter falado no assunto, também tinha pensado muito na empregada do White Cow. Até passara por lá uma vez e pedira um batido de leite, só para ver como ela era. Preferia que Lee nunca lhe tivesse dito nada. O que mais a perturbava era a rapariga ser tão parecida com ela antes de Carl ter entrado na sua vida: nervosa, tímida e desejosa de agradar. Depois, há umas noites quando estava a servir um copo a um homem que a fodera de graça, não conseguiu deixar de reparar que ele agora nem sequer olhava para ela. Quando o viu sair do bar algum tempo depois com uma lambisgoia com uma grande dentuça e um casaco de pele falso, lembrou-se de que Carl andava à procura de uma substituta para ela. Custava-lhe pensar que tinha desistido dela, mas por que é que ele havia de ser diferente de todos os outros sacanas que tinha conhecido? Esperava estar enganada, mas talvez não fosse má ideia de todo andar com uma arma.

Sempre o Diabo, de Donald Ray Pollock, Quetzal.

Leia a recensão no Acrítico – leituras dispersas.

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