Lançamento do livro “O Morcego Bibliotecário | Carmen Zita Ferreira

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A escritora ouriense Carmen Zita Ferreira lançou hoje o seu mais recente livro, “O Morcego Bibliotecário” da editora Trinta Por Uma Linha. Uma “história com asas” ilustrada por Paulo Galindro e que foi apresentada no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Ourém.
O momento contou com a atuação do Coral Infantil e Juvenil de Ourém e com a presença de muito público, além do Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca.
Antes da tradicional sessão de autógrafos, o público teve ainda oportunidade de ouvir a história “O Morcego Bibliotecário” e apreciar a ilustrações do mesmo.
Sobre o livro, “O Morcego Bibliotecário” escreveu Valter Hugo Mãe:
“Tem nas mãos uma obra de arte. A desmistificação dos morcegos enunciada belissimamente por Carmen Zita Ferreira e vista com esplendor por Paulo Galindro. Este livro é um luxo. Dá vontade de casar a autora com o ilustrador e rezar que nunca mais se larguem um do outro para que nunca mais parem de nos maravilhar.”

LE CHANT DES PARTISANS | Anna Marly

Le chant des Partisans – interprété par Anna Marly
Née le 30 octobre 1917 à Saint-Pétersbourg, pendant la Révolution russe au cours de laquelle son père fut fusillé, Anna Betoulinsky quitte la Russie pour la France au début des années 1920 avec sa mère, sa sœur et sa nounou. À l’âge de treize ans la nounou lui offre une guitare. Ce cadeau dont elle ne se séparera jamais va bouleverser sa vie.

Quelques années plus tard, elle prend le nom d’Anna Marly (patronyme trouvé dans l’annuaire) pour danser dans les Ballets russes avant d’entamer une carrière de chanteuse dans les grands cabarets parisiens. Anna Marly connaît un nouvel exode en mai 1940 qui la mène, via l’Espagne et le Portugal, à Londres en 1941 où elle s’engage comme cantinière au quartier général des Forces françaises libres de Carlton Garden. C’est là qu’elle compose, à la guitare, en 1942, les paroles russes et la musique de son Chant des partisans. L’année suivante, toujours à Londres Joseph Kessel et Maurice Druon écrivent les paroles françaises de ce chant. Le Chant des partisans, « La Marseillaise de la Résistance », fut créé en 1943 à Londres. Immédiatement, il devint l’hymne de la Résistance française, et même européenne. Il est aussi un appel à la lutte fraternelle pour la liberté : « C’est nous qui brisons les barreaux des prisons pour nos frères » ; la certitude que le combat n’est jamais vain : « si tu tombes, un ami sort de l’ombre à ta place ».

Devenu l’indicatif de l’émission de la radio britannique BBC Honneur et Patrie, puis comme signe de reconnaissance dans les maquis, Le Chant des partisans était devenu un succès mondial. Anna avait choisi de siffler ce chant, car la mélodie sifflée restait audible malgré le brouillage de la BBC effectué par les Allemands.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA | VII REVISÃO CONSTITUCIONAL [2005]

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PREÂMBULO

  A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.

Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:

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31 de Janeiro de 1891 – A tentativa de uma revolução | In O Militante por Pedro Ventura

militante_logo2A partir de 1850, o sistema monárquico-constitucional português entra numa nova fase caracterizada pela luta entre facções liberais, que dariam origem à formação de um bloco social constituído para gerir os negócios públicos segundo uma estratégia desenvolvimentista subalternizada aos interesses económicos da Inglaterra, e que beneficia uma burguesia que iria prosperar através da especulação e dos negócios de importação e exportação, bloqueando o crescimento acelerado de uma burguesia nacional de inserção industrialista. Assim, Portugal torna-se, no fundo, uma «colónia» ou protectorado de Inglaterra. 

Contrariando este movimento de capitulação aos interesses estrangeiros surge uma indústria, que explorando nichos do mercado interno e aproveitando-se do crescimento acelerado das cidades, nomeadamente Lisboa e Porto, desenvolve e assenta bases ao nível da pequena burguesia, e um povo insatisfeito que cada vez mais considera que o regime político capitulou aos estrangeiros. Este período é fértil em lutas sociais que envolvem os operários, os artesãos e também o sector do comércio, como reflexo do choque entre os interesses capitalistas, as relações pré-capitalistas inferiorizadas e a aparição de propostas políticas visando a construção de uma sociedade mais justa. Um povo explorado, sujeito a longas jornadas de trabalho, com salários baixos, sem protecção social, sobrevive famintamente à crise política mas passa a beber do republicanismo o discurso político e ideológico de ruptura nas camadas sociais marginalizadas e excluídas.

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Eugénio Lisboa – escrita lúcida, límpida e luminosa | por Onésimo Teotónio de Almeida in As Artes entre as Letras

acta est fabulaEntrei no vol. V de Acta Esta Fabula, de Eugénio Lisboa (Memórias – V – Regresso a Portugal: 1995-2015, Opera Omnia, 2015) com ânsias de o devorar num ápice, embalado que vinha pelos três anteriores (não errei nas contas; o 2.º volume ainda não foi publicado). Para um apreciador de memórias e diários, esperava-me ali de novo uma festa. Além do mais, este vinha anunciado como misturando os dois géneros. Controlei a vontade de uma leitura a eito, sem interrupções, optando por fazê-la a conta-gotas, antes de adormecer. Em regra, tive mesmo que decidir fechar o livro e enfronhar-me entre len- çóis porque ficar horas seguidas acordado a virar páginas era o que verdadeiramente apetecia. Isto bastará para que o leitor conclua do prazer que foi ter por companhia as memórias de Eugé- nio Lisboa nuns quantos serões de inverno, refastelando-me regaladamente com uma escrita lúcida, límpida e luminosa, ouvindo a voz do autor relatar-nos dias cheios, variados, preenchidos frequentemente com prolongadas e proveitosas leituras nos intervalos de agitadas ocupa- ções por esse mundo. Nos já quatro volumes publicados, a viagem pelas décadas da vida de Eugénio, desde os seus impenitentemente lembrados com saudade de uma infância e adolescência na antiga Louren- ço Marques, somos expostos a uma voz que recua no tempo a limpar o pó da recordação e a recuperar do arquivo das suas memórias o que de mais salvável contêm. Eugénio conseguiu sempre recriar ambientes nítidos, retratando cenas e personagens da sua vida com uma vitalidade e acutilância só possíveis graças a uma memória espantosamente fresca. A maior novidade neste V volume é a abertura de janelas com vista para o seu apetitoso diário inédito. Sugerindo levemente no volume IV, aqui o espaço concedido ao diário é significativamente alargado. Se na escrita memorialista Eugénio Lisboa não deixa nunca a distância derrapar em sentimentalismos ou nostalgias românticas, na escrita diarística, traçada sobre o acontecimento, ele revela o seu agudo, fulminante olhar sobre o quotidiano. Na verdade, a prosa de Eugénio é vigorosa porque enxuta, limpa de toda a adiposidade pegajosa. Ela salta em cima dos dias acompanhando penetrantes relances sobre o quotidiano, oferecendo-lhe uma expressividade que cativa o leitor e o faz testemunha de cada acontecimento.

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Fernando Pessoa, employé de bureau | Adelto Gonçalves traduzido por Jacques Boutard

Fernando PessoaEn janvier 1926, à 38 ans, ayant quelque expérience dans le domaine économique et commercial, le poète Fernando Pessoa (1888-1935) comprit qu’il avait les connaissances suffisantes pour éditer une publication mensuelle ayant trait à ces deux secteurs, la Revista de Comércio e Contabilidade, qu’il fonda à Lisbonne en partenariat avec son beau-frère Francisco Caetano Dias. Mais, en considérant les choses sans parti pris, la seule expérience professionnelle que possédait le poète était celle d’un entrepreneur désastreux et d’un employé de bureau, d’un comptable, comme son hétéronyme Bernardo Soares qui, s’il avait de l’expérience, ne pourrait lui être utile qu’à enseigner l’art de la comptabilité. En vérité, Pessoa gagnait plutôt sa vie comme traducteur de l’anglais au portugais, ce qui lui permettait d’exercer son activité pour diverses firmes commerciales, profitant, ainsi de la lourde dépendance du Portugal à l’égard de l’Angleterre.

Comme entrepreneur, en effet, il n’eut jamais de succès : sa propre publication consacrée au commerce et à la comptabilité ne connut qu’une vie éphémère, avec seulement six numéros parus, et son atelier de typographie et d’édition, « Íbis », installé en 1907 dans le quartier de Glória, fit rapidement faillite. En 1921 il fonda la maison d’édition Editora Olisipo, une entreprise commerciale ruineuse. Il y publia ses “English Poems I et II”, ainsi que “English Poems III” et “A Invenção do Dia Claro”, d’Almada Negreiros (1893-1970). En 1923, la maison Olisipo lança le pamphlet “Sodoma Divinizada”, de Raul Leal (1886-1964), qui fut la cible d’une attaque moralisatrice de la part de la Ligue des Étudiants de Lisbonne et fut saisi sur ordre du gouvernement, de même que les “Canções”, de António Botto (1897-1959). [Tous les exemplaires des deux ouvrages furent brûlés sur ordre du gouverneur le Lisbonne en mars 1923, NdE]

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