Abnegação | Joaquim António Ramos

quitoOra aí está! Isto é que é abnegação! Isto é que é caridade cristã!
Cinco refugiados líbios encontraram refúgio num Convento do centro de Itália, em Junho do ano passado. As noviças decidiram, num gesto pleno de fraternidade e solidariedade, tomar nas suas mãos – e parece que em outras partes da respectiva anatomia – a satisfação das necessidades dos jovens magrebinos, fugidos da fome e da miséria e das tempestades mediterrânicas. Lavaram-nos, vestiram-nos, alimentaram-nos e, na ausência da madre superior, aplacaram-lhes os ardores do sangue.
A notícia não é clara quanto à Ordem das freiras, mas eu estou em crer que podia ser Carmelitas descalças, daquelas que trajam quase andrajos e andam de pés nus, em sinal de pobreza e despojo. Ora, ver um pé nu é, para um seguidor de Maomé o mesmo que ver um seio ou uma coxa ao natural. Faz o mesmo efeito! Como é que os desgraçados, com os últimos meses vividos entre uma barcaça no Mediterrâneo e um Convento em Itália, sem fêmea disponível, podiam resistir a um bando de pés nus, frescos em flor, a correr pelos claustros do convento, ainda por cima com a Madre Superiora a dormir fora? Só podia dar nisso.


Mas também podia ser da Ordem das Concepcionistas. As pobres noviças, na ânsia da aprendizagem, quiseram conhecer os mistérios da Concepção e vá de tentar repetir a história de há dois mil anos. Eles é que, sendo muçulmanos, não quiseram demonstrá-la à laia do Arcanjo S. Gabriel, mas à maneira dos beduínos do Sarah. E elas gostaram, que passaram a Concepção para estudo nocturno, quando a Madre estava longe.
Admito também que podem ser da Ordem das Irmãs Trapistas. É que na linha do que atrás foi dito, os referidos refugiados estavam habituados a mulheres cobertas de trapos, cara incluída, e não resistiram àquelas Trapistas de rosto descoberto. E elas, ao fim da primeira novena vespertina e mal a Madre saiu o portão do Convento, não se fizeram rogadas em tirar os trapos. Foi um ver se te avias! Vingaram-se da Batalha do Salado e das coças que levaram em Ceuta.
Outra Ordem que me ocorre a que poderia pertencer o Convento é a das Irmãs da Santíssima Trindade e Redenção dos Cativos. Pois se os desgraçados dos cinco Abdulas estavam cativos naquele Convento, com elas a saltitar por jardins e escadarias, tinham que ser redimidos. E a Redenção faz-se pela carne, não é uma coisa apenas espiritual.Elas agiram de acordo com o nome da sua Ordem.
Bem, poderia ir por aí fora, com as Missionárias da Caridade e outras Ordens que passam a vida a praticar o Bem e a rezar pela humanidade (e a maioria até o faz…), mas percebi finalmente que eram da Ordem das Monjas de Belém. Só pode. Percebi-o quando dez delas, seis meses depois, apareceram grávidas. Dez. Para cinco magrebinos. O que quer dizer das duas, uma : ou era vez sim, vez não ou, fazendo as contas, foi na versão “ménage à trois”!
A irmã Maria do Rosário e a irmã Sorriso Angélico atiraram-se ao Mohamed Ben Fahd, as irmãs Maria do Santíssimo Sepulcro e Maria do Amparo Divino ampararam o Ali Al Fetzal, e por aí fora…

Percebi que eram dessa Ordem quando elas, de barriga redonda, vieram dizer que não era nada disso, que naquilo ali nem sequer viviam refugiados. O que havia era um bando de cinco pombos brancos que de vez em quando desciam dos telhados do convento e lhes davam umas bicadas. Só pode ser a Ordem das Monjas de Belém, que é para aqueles sítios.
Eu cá por mim acho bem. Acho que as freiras e noviças fizeram uma obra de misericórdia, que é para isso que elas professaram ou vão professar.
E não vejo porque é que não hão-de continuar a ser freiras. Criam os filhos no convento, como as prisioneiras os têm consigo na prisão. Ora essa. Igualdade. Há quantos séculos há para aí milhares de filhos de padres?

Retirado do Facebook | Mural de Joaquim António Ramos

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