Toi … moi … Quand la nuit tombe … | Malika Mellal

Arrive le temps des regrets , la mise à nue
Implacable sentiment quand on a perdu
Mysterieux moments de doutes
Évaluer le chemin , les routes
Refaire le trajet à l’envers
Se rappeller où l’on s’est croisés
À l’ombre du cadran solaire
Noter où les aiguilles se sont inversées
Sentir quand la nuit est tombée
Hululer la chouette de la destinée
Oracle de la nuit raccroche tes étoiles
Ne les caches pas derrière ce voile
Trace moi les lignes d’une constellation
Enchante ma nuit de sa belle vision
Si juste un soir je pouvais le voir
Au clair de ta lune ivoire
Ne serait ce que pour me donner espoir
Sentir encore une fois sa passion
Ses ensorceleuses vibrations
Coucher ma tête sur son épaule
Retenir mon souffle quand il me frôle
Utiliser la magie des mots pour un sourire
Poser un baiser sur ses lèvres qui soupirent
User de mon esprit pour le faire rire
Le graver dans ma mémoire , le saisir
Emporter mon chef d’oeuvre d’amour
Suivre ses pas l’empêcher de quitter le jour.

Malika Mellal 10 juillet 2018
@tout court tout simplement

A Besta | Maria João Cantinho

De que tempo somos, agora
que a tempestade sopra de novo
e ao céu sobe este monte de ruínas
devastação anoitecendo o mundo

tenta lembrar-te de que lado
veio um dia o alerta, de que armário
saiu este cortejo de sombras
onde se gravou o que a história
deixou escapar, nas malhas do mito

para de novo retornar
a besta silenciosa, a que vigia
sem que as pálpebras lhe desçam
uma única vez. Silente

talvez estivéssemos nós, os do Sul,
embriagados pela torpeza do metal
e por isso ela moveu-se devagar
como se fosse cinza na minha memória

MJC, «Do Ínfimo», Editado pela editora Penalux, Brasil, 2018.

Poesias eróticas de Bocage: as falsas e as verdadeiras | por Adelto Gonçalves

I

Durante largos anos, a imagem de Manuel Maria de Barbosa du Bocage (1765-1805) que ficaria para a posteridade seria a de um poeta erótico, pornográfico e chocarreiro. Nos últimos anos, porém, graças ao trabalho de estudiosos – inclusive, deste articulista –, essa imagem tem sido substituída por um perfil menos caricaturesco. Essa revisão ganha agora ainda mais força com a publicação de Obras completas de Bocage: Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas (Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2017), com organização e notas do pesquisador setubalense Daniel Pires, que reúne as composições de caráter fescenino do poeta, as de autoria duvidosa e as indevidamente atribuídas a ele, acompanhadas por estudo introdutório fundamental para uma melhor compreensão da dimensão do homem, da obra e do seu contexto.

Aliás, as Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas podem ser consideradas como o sétimo volume da obra completa de Bocage, depois de terem sido publicadas inicialmente de maneira anônima em forma de folheto no início do século XIX. Mas só foram, pela primeira vez integradas na obra completa de Bocage em 2004, na edição preparada pelo mesmo Daniel Pires para as Edições Caixotim, do Porto.

Nesta nova edição, porém, os poemas foram divididos por Pires em três núcleos: o primeiro contempla aqueles que são de Bocage, enquanto o segundo reúne aqueles de autoria duvidosa e o terceiro é constituído por peças que não lhe pertencem, mas que lhe foram atribuídas por editores pouco responsáveis ou ainda forjadas por seus inimigos, entre eles Belchior Curvo Semedo (1766-1838) e José Agostinho de Macedo (1761-1831), inclusive a famosa Ribeirada: poema em um só canto, de autor anônimo.

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