Não, Portugal não foi a maior potência esclavagista | João Pedro Marques | in Jornal “Diário de Notícias”

O historiador Miguel Cardina afirmou, em recente entrevista ao DN, que Portugal foi “a maior potência esclavagista da modernidade” e que isso não tem sido devidamente considerado no país. Devo dizer ao meu colega que está enganado. Eu não sei em que fonte ou fontes Miguel Cardina se apoiou para afirmar o que afirmou. Admito que tenha recorrido ao site The Trans-Atlantic Slave Trade Database. Se foi esse o caso, não terá visto com suficiente rigor. As tabelas do referido site, referem-se exclusivamente ao tráfico transatlântico de escravos, e para além de deixarem de fora, claro está, a parte africana do negócio escravista, reportam os números de Portugal e Brasil, em conjunto. Já chamei a atenção para isso em artigo anterior, que terá passado despercebido a Miguel Cardina.

Mas há um segundo aspecto do seu engano que é muito mais importante. É que para além de não ter visto com suficiente rigor ao perto, Miguel Cardina também não terá visto bem ao longe. Deixou-se encadear, imagino eu, pelos números das tabelas e encadeou-nos inadvertidamente a nós. É que a história do tráfico de escravos e da escravidão não se resume ao tráfico transatlântico nem é ele que por si só cria uma “potência esclavagista”. Não estou a pôr em causa, de modo algum, as tabelas do Trans-Atlantic Slave Trade Database, que são muito úteis, e que conheço desde a década de 80, época em que David Eltis, o seu criador, mas enviava pelo correio, pois ainda não estavam online. Mas as tabelas estão longe de dizer tudo. Referem-se apenas ao tráfico transatlântico e não nos falam, por exemplo, do que se passava em terra. Na verdade, no Ocidente, a maior potência esclavagista, se essa expressão tem algum sentido ou algum interesse, não foi Portugal, mas sim os Estados Unidos. É verdade que os Estados Unidos proibiram o tráfico transatlântico de escravos em 1807 e que, nos estados do norte, começaram a abolir a escravidão ainda antes disso, logo em 1777. Os estados do sul, porém, mantiveram-na até à derrota na guerra civil, em 1865, e, se bem que já não importassem escravos por mar a não ser de forma residual e ilícita, produziam-nos e comerciavam-nos internamente, através daquilo a que se chama breeding, isto é, a reprodução biológica.

Continuar a ler

Metamorfoses | Públio Ovídio Naso

Públio Ovídio Naso , conhecido como Ovídio nos países de língua portuguesa (Sulmona, 20 de março de 43 a.C. — Constança, Romênia, 17 ou 18 d.C.) foi um poeta romano que é mais conhecido como o autor de Heroides, Amores, e Ars Amatoria, três grandes coleções de poesia erótica, Metamorfoses, um poema hexâmetro mitológico, Fastos, sobre o calendário romano, e Tristia e Epistulae ex Ponto, duas coletâneas de poemas escritos no exílio, no mar Negro.

Ovídio foi também o autor de várias peças menores, Remedia Amoris, Medicamina Faciei Femineae, e Íbis, um longo poema sobre maldição. Também é autor de uma tragédia perdida,Medeia. É considerado um mestre do dístico elegíaco e é tradicionalmente colocado ao lado de Virgílio e Horácio como um dos três poetas canônicos da literatura latina. O estudioso Quintiliano considerava-o o último dos elegistas amorosos latinos canônicos.[1] Sua poesia, muito imitada durante a Antiguidade tardia e a Idade Média, influenciou decisivamente a arte e a literatura europeias, particularmente Dante, Shakespeare e Milton, e permanece como uma das fontes mais importantes de mitologia clássica.[2] Seu estilo tem caráter jocoso e inteiramente pessoal — às vezes o eu-lírico de seus poemas são o próprio Ovídio.

PRINTAR PDF AQUI: 

https://dasculturas.com/about/livros-em-pdf/

Escreveu sobre amor, sedução, exílio e mitologia. Estudou retórica com grandes mestres de Roma e viajou para Atenas e Ásia exercendo funções públicas com o objetivo de tornar-se um Cícero, mas, para desgosto do pai, resolveu dedicar sua vida à poesia.

Continuar a ler