AS GRANDES DIVAS DO SÉCULO XX, de Luciano Reis

Grandes Divas LRNomes como Amália Rodrigues, Laura Alves, Milú, Beatriz Costa, Maria Matos ou Amélia Rey Colaço, entre muitas outras, marcaram definitivamente o mundo do espectáculo português ao longo do século XX.

Os rostos destas divas são-nos familiares desde sempre, algumas das suas míticas interpretações em filmes ou peças de teatro são ainda recordadas, as suas canções pertencem já ao património colectivo.

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Máscaras de Salazar, de Fernando Dacosta

Fernando Dacosta, acreditado como correspondente da imprensa internacional, transforma-se, por via da dona Maria, em assíduo de S. Bento, e consequentemente num quase confidente de Salazar. O autor não se assume como um homem da situação. Não fui eu quem escolheu a época do Salazarismo para existir, desabafa.

Salazar está aqui neste livro por inteiro, mais em lenda do que em relato histórico, e através do testemunho de Fernando Dacosta entramos na intimidade possível, nas suas máscaras e nas máscaras do próprio autor.

Leia mais em Acrítico – leituras dispersas.

O grande manipulador.

FD_Set_02Fernando Dacosta esteve no Muito Cá de Casa, em Setúbal, para nos falar do Estado Novo e das suas manhas, dos seus personagens e das suas máscaras.

Salazar, que se confundia com o Estado Novo que ajudou a formatar, foi um grande conhecedor da natureza humana e manipulador de vontades, sonhos e aspirações. Percebeu como ninguém a forma de se perpetuar no poder, para o que contou com o parelho repressivo do Estado e não só.

O país vivia entregue a dois ditadores: fora de S. Bento mandava Salazar, portas adentro mandava a D. Maria. Impiedosa, impunha o seu poder com igual terror sobre os que a rodeavam. Fernando Dacosta, jornalista da imprensa internacional, cai-lhe nas boas graças. Torna-se assíduo de S. Bento e através das suas conversas com a D. Maria, lá vai escutando algumas reações a Salazar.

Homem austero e rural, Salazar não tinha fé alguma na natureza humana. Confidencia: a diferença entre um rico e um pobre, é que o pobre não tem posses para exercer a sua maldade.

O Estado Novo, os seus momentos mais tensos e o homem que se “perpetuou” no poder (a própria queda da cadeira), estiveram a debate. Como manda a tradição: entre a verdade e a lenda publique-se a lenda.

O Muito cá de Casa é uma iniciativa da DDLX e da Câmara Municipal de Setúbal – Divisão de Cultura, livraria Culsete, Ler de Carreirinha e BlogOperatório.

ILUSÕES E OUTRAS FICÇÕES – Setúbal

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Fernando Dacosta não se cansa de vasculhar o tempo de Salazar e a convivência do ditador com o poder. Escreveu vários livros sobre o assunto. Na próxima sexta-feira teremos a oportunidade de falar com o escritor sobre os seus livros e muito mais. O mote é o Estado Novo, e a conversa vai ser de arromba. É que o convidado tem mesmo muito para dizer. Convidados. Apareçam.
José Teófilo Duarte (blogOperatório)

O Muito cá de Casa é uma iniciativa da DDLX e da Câmara Municipal de Setúbal – Divisão de Cultura, e conta com a colaboração da Culsete, Ler de Carreirinha e BlogOperatório.

O Botequim da Liberdade

botequimEra uma mulher inigualável. Nos caprichos, nos excessos, nas iras, nas premonições, nos exibicionismos, na sedução, na coragem, na esperança. Cantava, dançava, declamava; improvisava, discursava, polemizava como poucos entre nós alguma vez o fizeram, o somaram.
(Botequim da Liberdade, de Fernando Dacosta)

Natália Correia surge aqui num retrato de corpo inteiro, com seu lado inquieto a vincar estas páginas. O Botequim foi local de gente assídua e, provavelmente, com o Procópio das últimas tertúlias de Lisboa. Local de comunhão com pessoas de espírito e ousadia porque se deve evitar a cultura desvivenciada, pois só quando se está muito na vida se pode transmiti-la aos outros.

Ler mais no Acrítico – leituras dispersas.

Citando Natália Correia

botequim

No princípio era o Éden, o reino da Preguiça, da não-produção, da não-reprodução. Ao castigar o homem expulsando-o dele, Éden, Deus condenou-o a ganhar o pão com o suor do rosto e a crescer, multiplicando-se – penas malvadas na óptica do Criador.

Os seus representantes na Terra (caso dos sacerdotes) ver-se-iam, depois, bastante atrapalhados ao terem de apresentar como entusiasmantes tais desígnios.
Inconformados com eles, os humanos mais expeditos lançaram-se, entretanto, no fabrico de máquinas e meios (informática, pílula) atenuadores das penas sofridas.
Contrariando o Pai, Jesus Cristo deu aos calões uma excelente ajuda: não arranjou emprego, não constituiu família, não fez filhos, não andou em escolas, não pagou impostos, não cumpriu tropa, não votou em políticos; em certa ocasião, avisou até que «quem deitar mão do arado não é digno de entrar no reino dos céus».

O Botequim da Liberdade, de Fernando Dacosta.

O Botequim da Liberdade | Fernando da Costa

botequimSinopse

A última grande tertúlia de Lisboa – que marcou culturalmente, politicamente várias décadas portuguesas – teve lugar no Botequim, bar do Largo da Graça criado e projectado por Natália Correia.
Nele fizeram-se, desfizeram-se revoluções, governos, obras de arte, movimentos cívicos; por ele passaram presidentes da República, governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis, escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em madrugadas de vertigem, de desmesura.
A magia do Botequim tornava-se, nas noites de festa, feérica. Como num iate de luxo, navegava-se delirantemente (é uma viagem assim que neste livro se propõe) em demanda de continentes venturosos, de ilhas de amores a encontrar.
O futuro foi ali, como em nenhuma outra parte do País, festivamente antecipado – nunca houve, nem por certo haverá, nada igual entre nós.
Fernando Dacosta
Ficcionista e autor dramático, formado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, exerceu a actividade profissional de jornalista, na sequência da qual publicou os trabalhos de investigação jornalística Os Retornados Estão a Mudar Portugal (Grande Prémio de Reportagem do Clube Português de Imprensa) e Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo (Prémios Gazeta e Fernando Pessoa). Estreou-se como dramaturgo com Um Jipe em Segunda Mão , peça que, tendo por tema as sequelas da guerra colonial portuguesa, foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro da RTP, e editada, em 1983, com o monólogo dramático A Súplica e o diálogo Um Suicídio Sem Importância, volumes a que se seguiriam os trabalhos teatrais Sequestraram o Senhor Presidente (1983) e A Nave Adormecida (1988). Tentado pela maior liberdade de tratamento do espaço e do tempo no registo novelístico, com O Viúvo (Grande Prémio da Literatura do Círculo de Leitores) e Os Infiéis , afirmou-se no domínio da ficção com uma escrita instituída como indagação obsessiva sobre uma portugalidade entrevista num passado recente (O Viúvo ) ou no período dos Descobrimentos (Os Infiéis), e estabelecendo nexos de intertextualidade com outros autores de língua portuguesa que integram ou reflectiram sobre a mitologia do ser português, como Agostinho da Silva, Jaime Cortesão, Antero, Pascoaes, Oliveira Martins, Camões ou Pessoa.

Fernando Dacosta | Os Mal-Amados – Confidencias inéditas de figuras que construíram o Portugal como o conhecemos

Mal Amados

Sinopse

Através de casos pessoais, a presente narrativa pretende ser a evocação de uma época, de uma fractura na História de Portugal.
Ter-se nascido na ditadura (nas censuras, nas representações), vivdo a revolução (o sonho, a desmesura), contribuído para a Democracia (a liberdade, a diversidade), imergido no neoliberalismo (o lucro, a excendetarização) foram experiências-limite concedidas às gerações que, agora, começam a sair, mal-amadas, de cena. Mal-amadas por míngua de sentimentos, por excesso, ausência, desencontro, receio deles.
É a sua memória, mágoa, sarro, utopia, ousadia que aqui se encenam, nesta versão recriada so Nascido no Estado Novo.Costa Gomes evita a guerra civil
Implacabilidades de Álvaro Cunhal
A morte silenciada de Marcello Caetano
O fenómeno dos Retornados
Premonições de Natália Correia
Agostinho da Silva revela Confidências de Fernando Pessoa
E antevê: a sobrevivência de Portugal, quando a CE bloquear, está em África
Uma nova etapa germinará através da lusofonia.

Fernando Dacosta


Ficcionista e autor dramático, formado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, exerceu a actividade profissional de jornalista, na sequência da qual publicou os trabalhos de investigação jornalística Os Retornados Estão a Mudar Portugal (Grande Prémio de Reportagem do Clube Português de Imprensa) e Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo (Prémios Gazeta e Fernando Pessoa). Estreou-se como dramaturgo com Um Jipe em Segunda Mão , peça que, tendo por tema as sequelas da guerra colonial portuguesa, foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro da RTP, e editada, em 1983, com o monólogo dramático A Súplica e o diálogo Um Suicídio Sem Importância, volumes a que se seguiriam os trabalhos teatrais Sequestraram o Senhor Presidente (1983) e A Nave Adormecida (1988). Tentado pela maior liberdade de tratamento do espaço e do tempo no registo novelístico, com O Viúvo (Grande Prémio da Literatura do Círculo de Leitores) e Os Infiéis , afirmou-se no domínio da ficção com uma escrita instituída como indagação obsessiva sobre uma portugalidade entrevista num passado recente (O Viúvo ) ou no período dos Descobrimentos (Os Infiéis), e estabelecendo nexos de intertextualidade com outros autores de língua portuguesa que integram ou reflectiram sobre a mitologia do ser português, como Agostinho da Silva, Jaime Cortesão, Antero, Pascoaes, Oliveira Martins, Camões ou Pessoa.

 

«TIRO DE MISERICÓRDIA» – por FERNANDO DACOSTA * in jornal «i»

fernando_dacostaLembremos que dos rendimentos dos seniores vivem hoje gerações de filhos e netos seus, sem emprego, sem recursos, sem amparo, sem futuro. 

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No último dia como ministro das Finanças, Vítor Gaspar assinou um decreto que pode liquidar a vida de, pelo menos, 3 milhões de portugueses. Esse decreto determina que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (que geria uma carteira de 10 mil milhões de euros) “terá de adquirir 4,5 mil milhões de euros de dívida soberana”.

Sabendo-se que o referido fundo foi criado como reserva para assegurar, em caso de colapso do Estado, os direitos dos reformados, pensionistas, desempregados e afins durante dois anos (segundo o articulado de lei de bases), o golpe em perspectiva representa o risco de uma descomunal tragédia entre nós.

Lembremos que dos rendimentos dos seniores vivem hoje gerações de filhos e netos seus, sem emprego, sem recursos, sem amparo, sem futuro. Lembremos ainda que os últimos governos têm sido useiros no desvio de verbas da Segurança Social para pagamentos de despesas correntes – “o que qualquer medíocre gestor de fundos sabe que não se deve fazer”, comenta, a propósito, Nicolau Santos no “Expresso”.

Em 2010, dos 223,4 milhões de euros que deviam ser transferidos para o fundo em causa, o executivo apenas entregou 1,3 milhões.

Após ter semi-destruído Portugal economicamente, socialmente, familiarmente, psicologicamente, com total impunidade e arrogância, Vítor Gaspar deixa, ao escapar-se, apontado um tiro de misericórdia aos idosos (e não só), depois de os ter desgraçado com o seu implacável autismo governamental. Sindicatos, partidos, oposições, igrejas, comentadores, economistas, intelectuais meteram, por sua vez, a viola no saco ante mais esta infâmia – entretanto, os papagaios de serviço aterrorizam as populações com a insustentabilidade da Segurança Social.

* Publicado no jornal «i» em 25/Julho/2013