As notícias chegadas de Kherson, Ucrânia | por Miguel Castelo Branco

As notícias chegadas de Kherson são terríveis, como oportunamente nota o Rafael Pinto Borges. Lançar milhares de homens mal treinados em tropel contra um exército profissional, bem armado, bem comandado, bem treinado, bem entrincheirado e com um formidável dispositivo de fogos de apoio e de aviação não é uma temeridade, mas um crime, pois não visa a ruptura da frente, nem a vitória, mas meia dúzia de linhas em tweets que justifiquem uma guerra antecipadamente votada ao desastre. O exército ucraniano está a ser inapelavelmente desbaratado, apenas e só para cumprir as bombásticas juras de um regime que há muito substituiu o real pelo virtual, assim como pelas fantasias dos propagandistas e avençados do negócio da guerra.

A tão insistentemente anunciada contra-ofensiva parece ter durado meia dúzia de horas e terá causado grandes perdas em homens e material entre os atacantes . No conforto dos estúdios de televisão, dos gabinetes ministeriais e das casas, os formadores de opinião lá encontrarão argumentos para o desastre deste dia funesto, mas amanhã deslocarão o foco para outros abracadabrantes acenos de vitória numa guerra que há três ou quatro meses ainda terminaria com um acordo de paz e cedência de territórios da Ucrânia à Rússia, mas agora parece estar fadada para ser a guerra que ditará o fim do Estado ucraniano. Anuncia-se o grande castigo dos mentirosos, dos inábeis políticos, dos maus diplomatas, dos analistas enganadores, dos conselheiros sem discernimento e demais legião daqueles que se diziam amigos da causa ucraniana, quando, afinal, eram os coveiros entusiastas da sua perdição.

Retirado do Facebook | Mural de Miguel Castelo Branco

MIGUEL CASTELO BRANCO

Com 70% dos alemães a exigirem a imediata reabertura de todas as relações comerciais com a Rússia, o grande mistério deste verão carregado de funestos prognósticos para o nosso futuro imediato é o de saber se o desaparecimento público de Ursula Von der Leyen se deve a férias, ou se está em curso uma mais que justa substituição da senhora adepta da guerra que destruirá a Europa.

Não foram precisos seis meses para reconhecer que a histeria odiosa escondia o aprofundamento da vassalidade da UE aos EUA e um mais que certo colapso económico, pelo que se até Outubro não se verificar um volte-face que reponha a normalidade das relações com a Rússia, a fome, o frio e a escuridão decretados pela UE contra a Europa terão resultados inimagináveis. Já vejo os ânimos muito serenados, mas custa muito manter a espinha quando a maioria frívola e manipulável uma vez mais deu mostras de quão voláteis são as pessoas.

Retirado do Facebook | Mural de Miguel Castelo Branco

ONU assume o papel de juiz | por Miguel Castelo Branco

26/04/2022 | Na conferência conjunta com Lavrov realizada em Moscovo e há pouco terminada, retive a seguinte afirmação de António Guterres, talvez as mais importantes e surpreendentes produzidas nos últimos dois meses: «compreendo as preocupações russas» [a respeito do incumprimento pela Ucrânia dos acordos assumidos e não cumpridos por Kiev em Minsk].

Guterres toca no equilíbrio do sistema internacional, frisando que a paz no mundo multipolar depende do aprofundamento do multilateralismo, ou seja, reconhece que a instabilidade presente resulta do não reconhecimento [pelos EUA, outrora potência unipolar] da realidade de hoje.

Quanto às declarações de Lavrov a respeito da inquietante presença de grupos e elementos extremistas nas fileiras das forças ucranianas, Guterres nada disse, como que reconhecendo um fundo de razoabilidade em tais acusações russas.

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