“O PCP faz falta” e o momento político prova-o | Secretário-geral Jerónimo de Sousa

Lisboa, 22 out 2022 (Lusa) – O secretário-geral comunista rebateu a ideia de definhamento do partido e alertou que “o PCP faz falta”, sobretudo num momento de agravamento das condições de vida e de perda do poder de compra.

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O PCP | Francisco Seixas da Costa

Face ao policiamento pidesco em curso, imagino que alguns achassem que eu deveria começar este texto por um qualquer “disclaimer” preventivo – falando da Ucrânia, de não ser comunista e coisas assim. Mas, deliberadamente, não o farei, porque não tenho de dar a menor satisfação a esse tipo de gente.

Direi apenas que nem sequer atribuo excessiva importância ao que algumas vozes desgarradas andam por aí agora a remoer contra a legitimidade da existência do Partido Comunista Português, na nossa cena política.

Devemos tratar isso como meros roncos de ressonância fascistóide, quer sejam ditos por portugueses ou por estrangeiros, respondendo a todos com um imenso desprezo e sem a menor consideração.

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Seixas da Costa

A oportunidade perdida do PCP e do Bloco de Esquerda | Carlos Matos Gomes

A “gerigonça” (um termo detestável, mas eficaz) constituiu uma aragem de frescura e de esperança no ambiente político português e europeu, que contrariava a ascensão do neoliberalismo nas suas várias vestes, mais bem comportado ou mais arruaceiro. A entrada na área do governo de um Estado da União Europeia de um partido caraterizado pela máquina de propaganda dominante como da esquerda radical e outro de estalinista, constituía um bom exemplo de que havia alternativa ao neoliberalismo, à destruição do estado social e à lei da selva. A geringonça era um bem comum dos progressistas, que fosse um fenómeno português devia ser motivo de especial cuidado na sua preservação e desenvolvimento.

O PCP e o BE não tiveram a largueza de vistas, a grandeza de perceber o que era fundamental: a esperança e a viabilidade de uma saída progressista para a ditadura neoliberal. Preferiram o pequeno, o que sendo importante, era menor perante o desafio, preferiram colocar-se de fora dessa batalha e voltar à segurança da “luta” por melhores salários e pensões, por horas de trabalho e dias de licença, como fazem há anos, rotineiramente, firmes e hirtos enquanto o mundo muda.

Há uma velha história da luta da águia e do corvo: a águia voa alto e vê longe. O corvo anda cá por baixo a debicar o que brilha, o corvo aproveita o olho da águia e coloca-se às suas costas, a águia, em vez de o enxotar, sobe até o corvo já não poder respirar e cair. Os romanos tinham uma frase que caraterizava a pequenez das pequenas coisas: de minimis non curat praetor – o pretor não trata de insignificâncias.

Em tempo de grandes batalhas, o PCP e o BE trataram de escaramuças e os portugueses perceberam.

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes

O que a democracia deve ao PCP | Daniel Oliveira in Jornal Expresso

Tenta-se apagar o que existiu para escrever o que poderia ter existido. Comparam-se 48 anos de ditadura com um ano de poder na rua. Mas a democracia deve muito ao PCP. Pela duríssima luta contra a ditadura. Por, a 25 de novembro, ter evitado uma guerra civil. Melo Antunes disse que o PCP seria indispensável. Foi fundamental para um poder autárquico vigoroso, foi defensor do Estado de Direito e esteve presente em todas as lutas sociais. Quem respeita a História assume estas dívidas para com os comunistas.

resci numa família de comunistas. Interessava-me muito por política e filiei-me na Juventude Comunista Portuguesa (JCP) com 12 ou 13 anos, mal isso me foi permitido. Só de lá saí com 19 ou 20. As minhas discordâncias começaram por temas distantes: o que se passava na Polónia, a invasão do Afeganistão. Como é normal num processo inicial de politização, foram-se alargando a questões mais profundas e ideológicas. E, no confronto interno sobre estes temas, tornaram-se fatais perante as falhas formais na democracia interna. Quando uso o termo “formais”, não é para as diminuir. É que elas não são propriamente acompanhadas por ausência de debate interno. No PCP discute-se política e discorda-se. O problema é a representação dessas discordâncias. Só uns anos depois de deixar o PCP deixei de ser comunista. Só depois disso deixei de ser marxista. Tudo relativamente cedo na minha vida.

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O PCP e o Orçamento do Estado para 2021 | António Filipe

O PCP posicionou-se perante o OE para 2021 em absoluta coerência com o que fez entre 2015 e 2020 e como sempre disse que faria.

Apreciou as propostas pelo seu conteúdo e sem perder nenhuma oportunidade para obter avanços favoráveis ao povo português. O PCP sempre disse que a sua relação com o Governo PS não dependeria de qualquer documento assinado mas da análise das propostas em discussão. A questão não é notarial. É política. Não assenta em proclamações mas em conteúdos. O PCP obteve ganhos de causa muito importantes neste Orçamento do Estado. Não para si, mas para os trabalhadores sujeitos a lay-off, para os reformados ou para quem defende o reforço do SNS.

Se o PCP não tivesse aberto a possibilidade de discussão na especialidade e tivesse votado contra, nada disso teria sido possível. A discussão na especialidade foi um terreno de luta de que o PCP não abdicou e com a sua posição permitiu que propostas de outros partidos tivessem sido aprovadas com os seus votos mesmo contra os votos do PS. Também foi a posição e a coerência do PCP que, ao permitir a discussão na especialidade e ao viabilizar o Orçamento, tornou isso possivel.

O PCP não desiste de lutar pelo que não conseguiu obter. O Governo PS não é melhor nem pior do que era antes, mas esta luta continua em melhores condições do que continuaria se este Orçamento tivesse sido rejeitado. O PCP terminou este processo orçamental com a consciência do dever cumprido porque foram obtidos avanços concretos que os portugueses não deixarão de sentir.

António Filipe

Retirado do Facebook | Mural de António Filipe

O fascínio pelo PCP | ADELINO FORTUNATO | Jornal Público

Jeronimo de Sousa_zorateO PCP enquadra as mobilizações e acaba por esgotá-las num ponto em que nada mais resta senão a indignação contida.

A subida de votação nas europeias e uma aparente coerência do discurso de tom crítico em relação ao euro estão a dar ao PCP uma oxigenação política que há muito não sentia. Observadores de vários quadrantes não se cansam de elogiar o desempenho da CDU.

O caso não é para menos, considerando o acréscimo de mais de 35000 votos em relação a 2009, num contexto marcado pela abstenção e pelas ameaças populistas, e considerando que o PCP não costuma tirar partido da volatilidade eleitoral e das transferências interpartidárias, uma vez que a sua arma principal reside no efeito fidelidade de uma base de votantes fixa.

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