Zelensky diz que Rússia controla “20%” da Ucrânia. Imaginemos que 5% (desta área) em edifícios, foram destruídos. Total: 20%x5%=1%

NOTA: É lamentável ter acontecido. Esta intervenção militar jamais deveria ter sido realizada. Teria havido tempo antes de começar para conversarem e chegarem a um acordo. Alguém “empurrou” para esta situação. E pelos vistos, esse alguém, está a tentar prolongar o conflito para – e cito – enfraquecer a capacidade militar da Russia. Outro erro. Lembra-se o acordo assinado por Yeltsin e Bill Clinton em 1997. Continuamos a pensar que De Gaulle e outros tinham razão – EUROPA DO ATLÂNTICO AOS URAIS. Talvez ainda se vá a tempo se houver humildade pelos que de facto e na realidade comandam as decisões estratégicas, quer dum lado do Atlântico a oeste, quer do outro, a leste.

EXTINÇÃO do Acto Fundador Otan-Rússia, assinado em 27 de maio de 1997

Rússia / Ucrânia | “Devem ouvir-se igualmente ambas as partes” | (Demóstones, in Oração da Coroa, 330 a.c.) | por Carlos Esperança

Eu sei que não pode destoar-se da visão radicalizada, convertida em dogma, sem que se afirme primeiro, “condeno veementemente a invasão russa da Ucrânia”, o que faço, uma vez mais, sem constrangimento, mas admira-me que a UE não a tivesse previsto, depois dos antecedentes da Geórgia, da Crimeia e dos reiterados avisos de Putin.

Eu sei que Zelensky, PR da Ucrânia, tem mostrado uma coragem heroica, mas preferia que tivesse tido bom-senso, antes de sugerir, agora, estar disposto a deixar cair a adesão à NATO e a discutir o estatuto da Crimeia, Donetsk e Luhansk.

Eu sei que o PR ucraniano tem procurado estender a guerra a nível mundial para não ser derrotado sozinho, que apelou à declaração de interdição do espaço aéreo ucraniano, o que a Nato tem recusado por saber que, se abater aí o primeiro avião russo, pode iniciar a retaliação de impiedoso Putin com a guerra nuclear e a destruição do Planeta.

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Rússia / Ucrânia | “Devem ouvir-se igualmente ambas as partes” – (Demóstones, in Oração da Coroa, 330 a.c.) | Carlos Esperança

O conflito ucraniano traz-me à memória os dois anos de guerra colonial, o sofrimento de quem participou, os mortos e estropiados de uma guerra injusta, de um e outro lado do conflito.

Poucos desejarão tanto a paz como os que foram obrigados a fazer a guerra.

Os próprios soldados russos se hão de interrogar por que motivo estão ali, já que os ucranianos têm a defesa dos seus haveres e vidas por que lutar, sem se interrogarem se teria sido possível evitar a destruição e o sofrimento de que os ucranianos são as maiores vítimas.

Quantos soldados alemães não terão sentido a inutilidade e injustiça da guerra para que o ditador nazi os enviou? Na guerra há quem ganhe, nunca os que servem de carne para canhão. E, neste caso, é todo o povo ucraniano, incluindo russos, a sofrer a demência belicista de Putin e da Nato.

O sofrimento do povo mártir da Ucrânia impede-me de ir mais longe na denúncia do seu governo, na condenação das duas partes, na análise dos extremismos que está a gerar, da manipulação da informação e de quem empurrou uns e outros para o conflito.

O respeito pelos mortos, dos dois lados, leva-me a refletir sobre o tema que me dilacera, porque, sem saber quando e como acabará a guerra, já foram vencidos os ucranianos, os russos, a UE, a paz e a compaixão.

Sentimos a negrura dos dias que hão de vir, enquanto nos comovemos com o sofrimento de quem foge, e de quem não pôde, sem precisar de encenações que matam a liberdade, a verdade e o espírito crítico.

A minha geração, nascida durante a guerra (1939/45), nunca ouvira a palavra “nuclear” com tão fortes arrepios e tanta desconfiança nos que decidem o destino da Humanidade.

A identidade ucraniana está a ser criada de forma sangrenta, cerzindo a sua diversidade étnica, religiosa e histórica nas fronteiras atuais. Com a invasão, Putin veio proporcionar à Ucrânia aquilo que lhe negava.

Não me conformo com a decisão do Conselho Europeu, na passada terça-feira, quando baniu as cadeias de informação russas do espaço mediático ocidental, à semelhança do que faz a Rússia. Quando as democracias não respeitam o pluralismo, incluindo os que são contra a democracia, entram no autoritarismo que as corrói.

Termino com uma frase do artigo habitual de Pacheco Pereira, ontem, no Público: ««Sim, a extrema-direita ucraniana é nazi, do mesmo tipo da extrema-direita russa.». Basta ver o critério policial racista para o embarque de quem foge da Ucrânia.

Retirado do Facebook | Mural de  Carlos Esperança