Gonçalo M. Tavares fez sessão no Litercultura, Curitiba

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O premiado escritor Gonçalo Tavares, que tem mais de 220 traduções de suas obras, em 45 países, abriu as sessões da tarde deste sábado no Litercultura, Festival Literário Curitiba 2013 que começou na sexta e vai até domingo. Para quem considera a literatura de Gonçalo Tavares um tanto fria ele diz que prefere provocar menos surpresas e transmitir  emoções mais perenes.

“Não acredito na emoção dos programas de TV em que o apresentador chora. É uma emoção violenta, mentirosa.  Cinco minutos depois ele está rindo”, afirmou Gonçalo ao responder uma pergunta do mediador Flávio Stein.

Ao responder uma pergunta sobre seu processo criativo disse que quando escreve não atende telefone. “Para conversar comigo meus pais colocam um bilhete por debaixo da porta. Se nos encontramos, por acaso, na cozinha quando faço um intervalo para um café, eles já nem me dão bom dia. O mundo da escrita para mim é quase hipnótico”.  Gonçalo resgatou seu cotidiano para explicar porque acredita que muitas vezes  é mais fácil se defender dos inimigos do daqueles que nos amam. O escritor, que está com 43 anos e teve seu  primeiro livro publicado em 2001, prefere escrever pela manhã porque considera estar em  seu melhor estado de lucidez.

Gonçalo falou em lucidez em mais um momento da sessão, ao abordar a transformação que a literatura pode provocar. “Não penso em alteração, penso em lucidez. Lucidez é perceber o que acontece ao redor. Saber que se foi violento com alguém, perceber  isso”, comentou ao se referir ao tema que norteou a conversa “O Bairro e o Reino, o Mal e a Ficção”.

As sessões que aconteceram ao longo da tarde tiveram as presenças dos escritores Miguel Sanches Neto, com mediação de Sidney Rocha. O tema do bate-papo foi “O Escritor como leitor, estratégias e obsessões de leitura de quem produz literatura”.

Em seguida Cristovão Tezza respondeu as perguntas do mediador Christian Schwartz que discutiram o impacto das leitura na formação do leitor e do escritor. Um debate sobre quadrinhos com José Aguiar,Antonio Eder e Fulvio Pacheco abordaram tópicos relacionados a adaptações literárias.

No início da noite Ana Maria Machado, conversou com Sílio Boccanera, num bate-papo intitulado Palavras, palavrinhas, palavrões.

José e Pilar, um filme de Miguel Gonçalves Mendes

 Este filme acompanha o dia-a-dia do casal José Saramago e Pilar del Rio, mostrando-nos o processo criativo do livro a “A Viagem do Elefante”. Momentos do cotidiano, ponteados pelas reflexões de José Saramago, enquanto Pilar, como uma abelhinha, vai cuidando do dia-a-dia do casal, da agenda de Saramago e do próprio Saramago.

Existe uma forte união entre os dois, sem que um apague o outro. Disso mesmo nos dá conta o filme, mostrando Pilar nas suas próprias iniciativas, em diversas conferências e presenças na comunicação social.

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Comunicação social e poder político

kjhhTenho, como se sabe, há muito uma vi­são crítica da comunicação social e da sua relação com o poder. Essa relação é bipolar: incorpora com facilidade a lin­guagem do poder e assume-se retoricamente como contrapoder. Nenhuma das duas atitudes é particularmente saudá­vel para aquela que deve ser a sua função essencial, que, por bizarro que pareça, tem de ser lembrada: informar-nos. Não é educar-nos, nem industriar-nos, nem mobilizar-nos, nem recrutar-nos. É in­formar-nos e, se o fizer com eficácia, tudo o resto vem daí.

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