Afeganistão – um mono | Carlos Matos Gomes

Tht’s all folks — é tudo, malta. Não há mais pipocas

Uma das definições de mono é a de “mercadoria sem venda no comércio”, de “qualquer coisa que deixou de interessar”. Desde o 11 de Setembro de 2001, o Afeganistão foi um falso alvo, uma fancaria. Um tigre de papel, na linguagem maoista dos anos 60 e 70. Transformou-se definitivamente num nono para os Estados Unidos com o anúncio da captura e morte no Paquistão, de Bin Laden, o saudita chefe da Alqaeda, em 2011, com direito a filme de rambos.

A Alqaeda e Bin Laden foram o produto desenvolvido a partir de um dos muitos bandos da região e de fanáticos locais, inchado, armado e subcontratado pela administração Reagan para fazer a guerrilha contra a URSS, que ocupara o Afeganistão para evitar a islamização das repúblicas soviéticas do sul. A teoria de que a URSS pretendia avançar para as “águas quentes” do Índico foi uma narrativa para vender armas e justificar ações, que muitos “estrategistas”, incluindo militares, pregaram sem correspondência com qualquer racionalidade. Na realidade, a administração Reagan pretendeu apenas negar a um inimigo (a URSS) a posse de um território que lhe era relativamente importante. Um objetivo clássico nas manobras militares. A administração dos EUA conseguiu a vitória de Pirro: a URSS abandonou o Afeganistão e os EUA “ganharam” a Alqaeda bem treinada e equipada, com um louco como chefe carismático e um imbróglio com os aliados sauditas, os maiores compradores da quinquilharia produzida pelo complexo militar americano e comparsas de Israel na desestabilização do Médio Oriente.

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Algumas notas a propósito da derrota do Ocidente no Afeganistão | Nuno Pereira da Silva Coronel (R)

Participámos como nação aliada da NATO, muito ativamente na guerra do Afeganistão, e na sua Reconstrução, muito em especial na Capacitação das suas Forças Armadas, onde inclusive tivemos dois mortos, um graduado do RI1, e uma praça paraquedista.

Não estive no Afeganistão, mas participei na Reconstrução do Iraque, na Reforma do seu Setor de Segurança, ou seja na Capacitação duma Forças Armadas modernas. Pelo que sei no Afeganistão foi seguido o mesmo modelo Americano, Chapa4, ou seja uma imposição dum modelo ocidental expúreo à sociedade, à cultura, e às Forças Armadas  e de Segurança  Afegãs, que  não são nacionais mas tribais, pertencem aos Senhores da Guerra.

Os militares americanos e da NATO trabalhando dia e noite, esforçando-se, por vezes zangando-se com a contra-parte Iraquiana que não queria, ou não tem capacidade para compreender o que se lhes pede, era o denominador comum.

Formar Comandantes de Divisões, a partir de guerrilheiros sem formação, é um esforço inútil.

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