O Paradoxo da Escolha do PSD — e o neoliberalismo | por Carlos de Matos Gomes

O PSD vive hoje o paradoxo da escolha que já atingiu mortalmente o CDS: Ser neoliberal ou ser social.

O neoliberalismo é fruto dos anos 70, e a sua versão prática foi estabelecida para contestar o modelo do Estado de bem-estar social do pós Segunda Guerra. Uma das primeiras experiências neoliberais foi levada a cabo no Chile. O ditador chileno Augusto Pinochet entrou em contacto com professores da Escola de Chicago (Milton Friedman, p.ex), que recomendaram medidas pró-liberalização do mercado e diminuição do Estado. Entre medidas constavam a drástica redução da despesa pública, demissão em massa de funcionários, e a privatização de empresas estatais. As eleições de Margareth Thatcher no Reino Unido e de Ronald Reagan nos Estados Unidos no início dos anos 1980 foram indicativos desse fenómeno de instauração da lei da selva económica e social, darwinismo social, chamaram-lhe, vencem os mais fortes e ai dos vencidos, a pobreza é fruto da preguiça ou da ausência de espirito lutador, não há sociedade, apenas clientes e consumidores.

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Silvya Gallanni | três mundos em haicais | por Adelto Gonçalves

                                                 I

          O haicai, modalidade de poesia de origem japonesa, sobrevive hoje no Brasil com várias vertentes: a tradicionalista, a de inspiração zen, a filiada ao poeta paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), importante organizador da Semana de Arte Moderna de 1922, a epigramática e a de matriz concretista, conforme classificação feita pelo crítico literário e também poeta Paulo Franchetti, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e professor aposentado do Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que consta do artigo “O haicai no Brasil” publicado na revista Alea: Estudos Neolatinos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), v. 10, nº 2, julho-dezembro de 2008, pp. 256-269.

            Segundo o professor, “o que parece novo é o sincretismo que se opera entre elas (com exceção da vertente guilhermina, que pouco dialoga com as demais), ganhando mais peso a incorporação dos princípios e práticas do haicai tradicional, entendido antes como atividade, como aprendizado de uma determinada forma de olhar para o mundo e utilizar a linguagem, do que como técnica de composição ou forma fixa exótica”. É na vertente de matriz concretista, visual, vanguardista e não-formal e, portanto, destituída de estrutura poética de metrificação e versificação, que se pode classificar a poesia que se lê em HaiKai: Fragrâncias Poéticas (Lisboa, VuJonga Magazine, 2019), de Silvya Gallanni, brasileira radicada em Portugal desde 2010, que reúne peças produzidas entre 2009 e 2016 e algumas publicadas anteriormente no site Recanto das Letras, de São Paulo-SP.

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