O TRIUNFO DA MORTE | por Miguel Sousa Tavares / Expresso

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O Triunfo da Morte (c.1562) de Bruegel, o Velho (1525-1569). Óleo sobre madeira, 117 x 162 cm, Madrid, Museu do Prado, Sala 025.

“Alguma coisa de estranho se deve estar a passar comigo: eu olho para as notícias e as imagens de Bucha e a minha primeira e única reacção é pensar: “É preciso evitar a todo o custo que isto se volte a repetir. É preciso parar imediatamente com esta guerra sem sentido, com a destruição de cidades e casas, com a morte de civis e crianças, em nome de nada que o justifique. Como é possível, estarmos a assistir a isto, dia após dia, sem que os dirigentes mundiais façam o possível e o impossível para acabar com este pesadelo?”

Mas parece que só eu e uma minoria de ‘pacifistas’ — que agora é um termo pejorativo — pensamos assim. Logo após a difusão das imagens mostradas pelos ucranianos à imprensa ocidental, os principais dirigentes dos países da NATO reagiram imediatamente com a promessa de enviar mais armas para a Ucrânia e decretar mais sanções à Rússia, enquanto que o secretário-geral da NATO, Stoltenberg, dizia anteontem duas coisas reveladoras:

uma, que há vários anos que a NATO vem dotando a Ucrânia de armamento sofisticado e treinando as suas Forças Armadas, o que quer dizer que já a tratava como membro de facto e já esperava a guerra; e

outra, que as opiniões públicas deveriam estar preparadas para uma guerra longa de meses ou até mesmo de anos — música para os ouvidos dos fabricantes de armas, já sobrecarregados com encomendas para que cada país membro cumpra os 2% do PIB em despesas militares.

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Victor Hugo / écrivain, dramaturge, poète, politicien, 1802 – 1885

Victor-Marie Hugo, né le 26 février 1802 à Besançon et mort le 22 mai 1885 à Paris, est un écrivain, dramaturge, poète, homme politique, académicien et intellectuel engagé français, considéré comme l’un des plus importants écrivains romantiques de langue française. Victor Hugo occupe une place importante dans l’histoire des lettres françaises et celle du XIXe siècle, dans des genres et des domaines d’une remarquable variété,.

Il est à la fois poète lyrique avec des recueils comme Odes et Ballades (1826), Les Feuilles d’automne (1832) ou Les Contemplations (1856), mais il est aussi poète engagé contre Napoléon III dans Les Châtiments (1853) ou encore poète épique avec La Légende des siècles (1859 et 1877). Il est également un romancier du peuple qui rencontre un grand succès populaire avec Notre-Dame de Paris (1831) ou Les Misérables (1862). Au théâtre, il expose sa théorie du drame romantique dans sa préface de Cromwell en 1827 et l’illustre principalement avec Hernani en 1830 et Ruy Blas en 1838.

Son oeuvre multiple comprend aussi des discours politiques à la Chambre des pairs, notamment sur la peine de mort, l’école ou l’Europe, des récits de voyages (Le Rhin, 1842, ou Choses vues, posthumes, 1887 et 1890), et une correspondance abondante. Victor Hugo a fortement contribué au renouvellement de la poésie et du théâtre ; il a été admiré par ses contemporains et l’est encore, mais il a été aussi contesté par certains auteurs modernes.

Il a aussi permis à de nombreuses générations de développer une réflexion sur l’engagement de l’écrivain dans la vie politique et sociale grâce à ses multiples prises de position qui le condamneront à l’exil pendant les vingt ans du Second Empire. Ses choix, à la fois moraux et politiques, durant la deuxième partie de sa vie, et son oeuvre hors du commun ont fait de lui un personnage emblématique que la Troisième République a honoré à sa mort le 22 mai 1885 par des funérailles nationales qui ont accompagné le transfert de sa dépouille au Panthéon de Paris, le 31 mai 1885.

Sair do labirinto | Viriato Soromenho Marques | Opinião / DN

Com a brutalidade da guerra em crescendo, aumenta a constatação de vivermos num sistema internacional espectral. As Nações Unidas, construídas no culminar da experiência dolorosa da II Guerra Mundial, têm manifestamente vindo a perder força e crédito, muito embora a sua permanência, mesmo frágil, seja infinitamente preferível ao vazio de uma anarquia nua, sem uma ágora onde, pelo menos, o direito à lamentação pública seja contemplado. Dito de outro modo, as relações internacionais efectivas – tendo como protagonistas os Estados e outros actores globais não-estaduais – não têm hoje um sistema eficaz de regulação que lhes preste o serviço fundamental de gerar equilíbrio, gerir conflitos, preservar e fomentar a paz sob todas as suas formas.

Construir o edifício de um sistema internacional não é coisa nem fácil nem banal. Nos últimos quatro séculos apenas foram construídos três. O sistema de Vestfália (1648); o sistema de Viena (1815); e o actual sistema das Nações Unidas (1945). Em todos os casos, o padrão é semelhante: as regras de uma nova ordem só ocorrem depois de um longo e sangrento lavrar do caos: a Guerra dos Trinta Anos, para nascer Vestfália; quase duas décadas de campanhas napoleónicas, até que Metternich pudesse desenhar uma nova geografia política da Europa e arredores; a Segunda Guerra dos Trinta Anos- designação popularizada por Winston Churchill para designar uma leitura conjunta das violentas décadas entre 1914 e 1945 – até às Nações Unidas e a sua Carta. As analogias, por mais que fascinem a nossa natural sede de compreensão, não nos podem levar a esquecer as diferenças. Quem considere ser de esperar que esta guerra tenha de seguir o seu curso de destruição até que uma nova ordem se possa reerguer, está a esquecer que uma guerra central entre potências nucleares apenas trará consigo a paz eterna dos cemitérios.

Por isso tenho defendido a prioridade de travar diplomaticamente a guerra. Pois é aí que está o rastilho aceso que pode incendiar o mundo e deitar tudo a perder. Sem a morte à solta, haverá mais condições para discutir tudo. Apesar das suas limitações, o actual sistema das Nações Unidas parece-me ainda possuir virtualidades para acomodar a realidade do mutante mundo de hoje, que se define por dois desafios: aceitar o facto da multipolaridade; perceber que a ameaça existencial da crise ambiental e climática exige uma cooperação compulsória das grandes e das pequenas potências, sob pena de sucumbirmos juntos sob o peso do fracasso. O miraculoso e pacífico final da Guerra Fria, ofereceu o momento ideal para operar as reformas do sistema internacional. No fundo, tratar-se-ia de retomar o espírito de F.D. Roosevelt, que, quando os EUA eram a superpotência sem rival, representando 50% da economia mundial e tendo o monopólio das armas atómicas, preferiu partilhar institucionalmente o poder – através do sistema das Nações Unidas – em vez de o exercer unilateralmente. Infelizmente, não foi esse o caminho que o mundo seguiu. A agressão russa da Ucrânia, eticamente repugnante e politicamente condenável, não pode ser separada do saldo negativo resultante da desastrada quimera unipolar perseguida pelos EUA nos últimos 25 anos. Pensar que aquilo que consideramos ser o nosso interesse pode ser a medida da ordem mundial não é só egoísmo. É um erro grosseiro. Na Terra, que tornámos tão frágil, só a aliança entre poder e generosidade estratégica é realista. Dela depende a possibilidade de um futuro habitável.

Ética e guerra | por Carlos Matos Gomes

Mudam-se os tempos mudam-se as bondades da UE — O sócio Zelenski vem atrasado

A presidente da Comissão Europeia foi de Bruxelas a Kiev entregar uma proposta de sócio da União Europeia ao regime da Ucrânia representado por Zelenski. Vem atrasado, segundo se conclui.

Há cerca de dois meses a União Europeia ameaçava de expulsão dois Estados, a Hungria e a Polónia, a por não cumprirem os critérios mínimos de transparência económica, independência do poder judicial, corrupção, perseguição de minorias.

A hipótese da Ucrânia cumprir os critérios de adesão motivava há dois meses risada geral na União Europeia, de tal modo o regime da oligarquia local estava muitos furos abaixo deles, com violência sobre minorias, desrespeito pelos valores elementares de um Estado de Direito. Há dois meses a Ucrânia de Zelenski era um Estado mais mafioso do que a Polónia e a Hungria e do que os Estados Bálticos. Um Estado na categoria de iliberal, em que uma democracia formal justificava o poder de uma minoria oligarca. Era uma Rússia em ponto mais pequeno.

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Who armed Ukraine and decided to expand NATO? Prof John Mearsheimer | 8/04/2022

The Causes and Consequences of the Ukraine Crisis Professor John Mearsheimer, Distinguished Service Professor in Political Science and Co-director of the Program on International Security Policy at the University of Chicago. He assesses the causes of the present Ukraine crisis, the best way to end it, and its consequences for all of the main actors.

00:00 UK, Germany and France do they have a role in Ukraine vs Russia war? 01:42 Does the EU or Nato have a role in Ukraine vs Russia war? 04:57 Who decided to expand NATO? 07:39 Are we moving from an US Unipole to Multipolar world? 10:28 Is China a threat to Russia? 12:14 Can Ukraine, as a buffer state, lead to peace? 17:06 Did Nato promise not to expand to the east? 19:40 Who decided to arm Ukraine? 23:49 Why do Europeans and Americans hate Russians so much? 26:40 Can libral international order with USA on top survive? 30:14 Does Putin suffer from a personality disorder? 32:02 Nato needs Russia and its threats to continue its existance? 36:30 Does having nuclear weapons lessen wars?